Mato Grosso do Sul tem 36 vezes mais mortes de pessoas acima dos 40 anos por Covid-19 em relação ao grupo mais jovem, de 0 a 39 anos.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), apenas 0,1% dos casos confirmados da doença evoluíram para óbito em pacientes até 39 anos, porém, o outro grupo teve taxa de 3,6% em relação número de episódios.
Outro ponto observado nos números da Secretaria é o de que as pessoas de 0 a 39 anos representam a maioria dos testados para Covid-19 no Estado, foram 108.250 testes, contra 79.282 da população acima dos 40 anos.
Essa testagem em maior quantidade refletiu em mais casos identificados, eram 24.648 no grupo mais novo e 20.711 entre os mais velhos.
Essa taxa, porém, é inversa em se tratando do número de pessoas que morreram em razão do novo coronavírus: dos 784 óbitos por Covid-19 em Mato Grosso do Sul, 755 são de pessoas acima de 40 anos, contra apenas 29 do outro grupo.
Para o médico infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, independentemente de esse grupo ter ou não comorbidades, apenas a idade já é fator de risco para formas mais graves da Covid-19.
“Idade e comorbidades [são fatores], mas as causas ainda são muito debatidas”.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
Segundo um estudo publicado no British Medical Journal neste mês, esse grupo da população é mais suscetível a quadros mais graves da Covid-19 por causa de alterações no sistema imunológico, que são naturais em pessoas mais velhas, principalmente nos idosos.
Uma dessas mudanças é a imunossenescência, que leva a um aumento da incidência e também da gravidade de doenças infecciosas, como o novo coronavírus.
Médicos também explicam que há uma redução no número e na atividade de células que ajudam a combater a presença de agentes capazes de prejudicar a saúde do organismo com o envelhecimento.
O estudo publicado na revista britânica foi feito com 113 pacientes que morreram em razão da Covid-19 e com 161 que se recuperaram, todos de Wuhan, na China.
A maioria deles tinham alguma doença crônica, como diabetes e hipertensão.
A pesquisa com os chineses mostrou que 48% dos falecidos tinham pressão alta, contra 24% entre os recuperados.
No caso da diabetes, 21% que possuíam a complicação morreram, e 14% ficaram bem. Entre os mortos, 14% tinham outras doenças cardiovasculares associadas.
No caso da diabetes, sobretudo nas formas mais graves, ela é um fator de risco para o agravamento de várias infecções, porque prejudica as defesas do organismo contra doenças.
COMORBIDADES
Em Mato Grosso do Sul, dos 20.711 casos confirmados para pessoas acima dos 40 anos:
- 795 tinham problemas cardíacos;
- 799 tinham diabetes;
- 1.767, asma;
- 795, hipertensão;
- 17, doença renal; e
- 72 tinham imunidade frágil.
Em relação aos contaminados mais jovens, as doenças são bem menos presentes.
Até ontem, 39 foram identificados com problemas cardíacos, 49 com diabetes, 348 com asma, 39 com hipertensão, 3 com doença renal e 12 com imunidade baixa.
Dados do governo do Estado mostram ainda que, quanto maior a idade, maior o número de casos identificados e de mortes.
Na população de 0 a 9 anos, são 1.555 episódios confirmados, sendo 492 com comorbidades e nenhuma morte registrada.
Nos jovens de 10 anos a 19 anos, 2.728 contraíram a doença, 145 deles com comorbidades. Ninguém nesta faixa etária morreu no Estado.
Já em relação à população adulta, dos 20 anos aos 29 anos, 9.063 foram contaminados com a Covid-19, 389 tinham comorbidades e 7 foram a óbito.
No grupo de 30 anos a 39 anos, são 11.302 casos, sendo 774 com comorbidades e 22 mortes.
No caso dos mais velhos, 9.236 casos foram registrados na faixa entre 40 anos e 49 anos, com 1.084 pessoas que relataram comorbidades e 59 mortes.
De 50 a 59 anos são 6.200 casos, sendo 1.494 com comorbidades e 111 óbitos.
Entre os idosos, população acima de 60 anos, 5.275 tiveram a doença, sendo 4.629 com comorbidades e 585 óbitos.