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MS se mantém como o Estado com menos casos, mas Covid-19 avança

Avanço da doença quase dobrou a média diária de casos em uma semana.

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Mato Grosso do Sul é o estado brasileiro com o menor número de casos registrados da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e a menor incidência por 100 mil habitantes do País. Entretanto, já é possível perceber um aumento exponencial no número de casos esta semana em comparação com os dados apresentados nos sete dias anteriores.

Do dia 4 ao dia 10 de maio, período referente aos sete dias da semana passada (segunda a domingo) foram registrados 90 casos novos da Covid-19 em Mato Grosso do Sul. De segunda a quinta-feira deste semana (entre os dias 11 e 14) foram registrados os mesmos 90 casos, só que em quatro dias.

O avanço da doença quase dobrou a média diária de casos em uma semana: passou de 12,8  para 22,5 casos novos por dia.  

Nesta semana também houve um número maior de mortes. Enquanto nos sete dias anteriores apenas uma pessoa veio a óbito por causa do novo coronavírus, entre segunda e quinta-feira já foram duas mortes.

Para o médico infectologista, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, isso indica que o Estado começou a “respeitar” a velocidade de transmissão do vírus como em outras unidades da federação. “Dobrou o número de casos por dia no Estado. Essa semana quase todo dia foram 20 casos, e a tendência é ter mais de 20 para a próxima semana. Agora a velocidade está parecida com outros estados do País e deve duplicar na próxima semana. Se for seguir isso, vai chegar a 40 casos novos por dia no Estado”, avaliou.

MENOR INCIDÊNCIA

Até às 10h desta quinta-feira (14), MS contabilizava 452 casos confirmados do novo coronavírus, com 14 mortes. É o único estado do País com menos de 500 casos confirmados e o com o menor número de óbitos pela doença.

Segundo o infectologista, isso pode ser reflexo da velocidade com que a doença foi registrada em Mato Grosso do Sul no início da pandemia. “Quando a gente olha os números do Estado, é como se estivéssemos olhando uma foto mais do passado se comparado com outros estados, onde a velocidade foi maior que aqui”.

Croda avalia que dois fatores contribuíram para que essa velocidade fosse reduzida por aqui. “O primeiro é a densidade demográfica. O Estado tem uma população pequena e bem distribuída nas cidades. Mesmo a Capital não tem uma densidade muito grande. É uma cidade muito horizontal, com poucos prédios. A densidade é fator importante, é um fator de distanciamento social inerente, então a característica demográfica nesta doença favorece para um menor contágio”.

Outro ponto avaliado pelo pesquisador foi a rápida ação dos órgãos de saúde do Estado e da Capital, como o fechamento por 15 dias em Campo Grande dos serviços não essenciais. “Os serviços de saúde atuaram bem positivamente, isolaram casos e contatos, e isso fez com que aqui demorasse mais para ter transmissão comunitária. A velocidade foi menor no início porque o isolamento chegou a 50%, a 60%”, afirmou o médico.

A partir do momento em que ocorreu a flexibilização das medidas de isolamento social, houve também o aumento dos casos tanto na Capital como no interior de MS. Para o infectologista, a curva estava estabilizada antes da reabertura. “Depois da flexibilização houve aumento, e isso tem que ser acompanhado pelas autoridades de saúde, para identificar os casos e contatos precocemente; isso vai fazer a diferença”.

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, também citou esses dois fatores – densidade demográfica e atitudes precoces – como sendo preponderantes para que Mato Grosso do Sul ainda esteja em um patamar abaixo do restante do País.

“Tomamos medidas que fizeram com que tivéssemos isolamento com taxa de adesão altíssima, implantamos barreiras sanitárias, drive-thru para fazer testagem, conseguimos construir parceria com municípios e, por isso, tivemos ações uniformes em todo o Estado”, avaliou o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Sobre o aumento, Resende afirma que isso é reflexo da não colaboração de parte da população ou do afrouxamento de medidas. “População não tem cultura de aderir a recomendações da saúde pública. Essa ‘frouxidão’ pode fazer com que tudo isso [bons números] vá por água abaixo nos próximos dias. Se hoje temos certo controle, esse afrouxamento pode ser catastrófico”, avaliou.

Mato Grosso do Sul tem a menor incidência de casos do país, conforme dados do Ministério da Saúde. A taxa por 100 mil habitantes do Estado é de 16,3, enquanto a de mortalidade é de 0,5. O segundo estado com a menor incidência é o Paraná, com taxa de 18 casos e um óbito a cada 100 mil pessoas. Minas Gerais é o terceiro, com incidência de casos de 18,7 e mortalidade de 0,7.

Segurança

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Federal detecta tentativa de invasão do ambiente de rede

18/04/2024 20h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (18), em Brasília, que está temporariamente indisponível o serviço de agendamento de emissão de passaportes pela internet. A decisão foi tomada após a instituição detectar, no início desta semana, tentativa de invasão ao ambiente de rede da PF.

O serviço de agendamento será retomado após a verificação de integridade dos sistemas, porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. A nota da PF diz que o governo trabalha para restabelecer o serviço online.

Para os atendimentos marcados previamente em uma unidade emissora do documento de viagem, a instituição garante que serão realizados normalmente na data e horário marcados, quando o solicitante deverá apresentar a documentação original necessária e o atendente público fará a conferência das informações cadastradas, além de coletar dados biométricos (impressões digitais e fotografia facial).

A Polícia Federal recomenda aos cidadãos que não tiverem viagem ao exterior programada para os próximos 30 dias que aguardem a normalização do serviço.

Os brasileiros que irão para o exterior nos próximos dias e, comprovadamente, necessitarem da emissão de passaporte comum podem enviar a documentação que prove a urgência para o e-mail da unidade da Polícia Federal mais próxima. Os contatos das superintendências estaduais da PF e das delegacias onde são emitidos passaportes estão disponíveis no link.

Agendamento regular
Habitualmente, quando o serviço virtual de agendamento para emissão de passaportes está operando, o cidadão interessado preenche o formulário eletrônico na internet, escolhe uma das datas e horários disponíveis e, por fim, marca o posto de atendimento da PF onde deseja ser atendido.

O cidadão não deve ir diretamente a uma delegacia da Polícia Federal sem fazer o agendamento prévio para passar pelos procedimentos de emissão do documento.

A entrega do passaporte ocorrerá na mesma unidade apontada no primeiro agendamento online do serviço e não poderá ser modificada.

Após o atendimento presencial, a retirada do documento poderá ser feita entre seis e dez dias úteis até 90 dias corridos. Depois desse prazo máximo, o documento será cancelado, com total prejuízo da taxa paga.

O custo comum para emissão de um passaporte é R$ 257,25. Se houver urgência, serão somados R$ 77,17, como taxa adicional de emergência, gerada durante o atendimento. Total: R$ 334,42

Contudo, se a remissão for de um passaporte ainda válido que tenha sido extraviado ou perdido, o valor cobrado na taxa comum dobra: R$ 514,50 ao todo para desembolso.

Briga interna

PCC vive maior racha em 20 anos, e Marcola tem poder testado pela 1ª vez

Advogado de rivais de líder da facção confirma desavença, mas nega surgimento de um novo grupo criminoso

18/04/2024 19h00

Marcelo Victor/ Correio do Estado

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A rebelião de três supostos integrantes do alto comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o chefe máximo do grupo marca uma das mais maiores crises vividas pela facção nos últimos 20 anos e testa pela primeira vez o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Integrantes de órgãos de inteligência do governo paulista, delegados das polícias Civil e Federal e advogados ouvidos pela reportagem confirmaram a existência do racha entre membros da chamada "Sintonia Final" e apontam para mudanças que já começaram a ser percebidas em alguns pontos da capital.

As primeiras informações sobre o racha no PCC surgiram em fevereiro, quando os serviços de inteligência interceptaram uma mensagem atribuída a membros da ala mais radical da facção. Nela, Camacho estava sendo excluído do PCC e tinha a sua morte decretada por supostamente ter delatado colegas.

Marcola sempre negou ser chefe ou integrante do PCC, mas os investigadores afirmam o contrário. Procurada, a defesa de Marcola não quis comentar o assunto.

Na liderança dos rebelados está Roberto Soriano, o Tiriça, apontado pela polícia como um dos mais temidos integrantes da cúpula do PCC, seguido por Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, todos presos no sistema federal.
Dias depois, porém, um novo "salve", em resposta à primeira mensagem, foi interceptado pelos órgãos de inteligência. Nele, a cúpula do PCC trazia à tona a rebelião do trio, classificada como calúnia e traição, e dizia que a atitude havia custado a expulsão dos rebelados, além da decretação da morte de todos.

O motivo da discórdia teria sido uma conversa entre Marcola e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, quando o primeiro passava por atendimento de médico, em julho de 2022. O preso teria dito que Soriano seria um psicopata e insinuado que agia contra agentes.

A conversa foi usada pelo Ministério Público contra Soriano, que acabou condenado a 31 anos pela morte de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), em 2017. Irritado com a situação, o preso condenado teria convencido os colegas de que Camacho cometera um erro imperdoável.

Na resposta interceptada, os criminosos afirmam que analisaram o teor da conversa e "fica claro que não existe nenhuma delação por parte do irmão [Marcola] e sim um papo reto de criminoso com a polícia".

"A Promotoria pegou esse áudio e criou um cenário falando o que bem entendia. Todos sabemos que promotores vão sempre criar um cenário favorável a eles", diz trecho da mensagem que informa que a gravação estava disponível a todos que quisessem acessá-la para tirar as próprias conclusões.

A rapidez da resposta gerou dúvidas nos órgãos de inteligência. Pensou-se, em um primeiro momento, tratar-se de um trabalho de contrainformação de membros PCC, com o intuito de tirar a atenção de um suposto plano de resgate em curso. A dúvida foi descartada com o decorrer dos dias.

Os serviços de inteligência apontam que apenas a segunda mensagem foi compartilhada pelos chamados "sintonias de rua", o que indica que os criminosos tomaram o lado de Marcola na guerra. Entre eles estariam as lideranças das principais favelas, como Paraisópolis e Heliópolis, redutos da facção.

Um sinal disso foi o fato de que pontos de venda de drogas que pertenciam ao grupo rebelado que foram tomadas e repassadas para criminosos ligados ao chefe do PCC. Em uma dessas biqueiras, na região do Sacomã, zona sul da capital, vizinhos das biqueiras afirmam que todos os gerentes ligados a Tiriça foram trocados.
Até mesmo um time de futebol ligado a esse criminoso teria sido desativado por conta do decreto.

No sistema prisional paulista, conforme funcionários ouvidos, até agora não houve nenhuma grande alteração. Os presos estariam em "compasso de espera", aguardando os desdobramentos fora do presídio.

Delegados da PF ouvidos pela Folha afirmam que Marcola, de fato, ainda possui um grande prestígio entre a massa carcerária e possui fortes aliados. Avaliam, porém, que essa guerra interna possa enfraquecer consideravelmente a liderança do criminoso, no poder há cerca de 20 anos.

Procurado pela reportagem, o advogado Rogério Santos, defensor de Roberto Soriano e Abel Pacheco de Andrade, confirmou a existência do racha. Ele afirma, entretanto, desconhecer os motivos que levaram ao rompimento e quem tomou tal decisão.
"Ele [Abel] apenas disse o seguinte: o Marcola foi afastado do PCC. Isso ele me disse, mas não me disse que tinha sido decretado, até porque eu sou advogado, eu não estou ali pra levar e trazer recado de preso", afirmou.

Ainda conforme Santos, embora tenha havido de fato um racha, os clientes negam peremptoriamente qualquer iniciativa ou conversa para criação de nova facção, o PCP (Primeiro Comando Puro), muito menos de eventual ligação desta com o CV (Comando Vermelho), inimigo do PCC.

O advogado afirma que tal notícia, sustentada até por promotores de Justiça, tem como o objetivo fomentar ainda mais a desavença entre os chefes da facção, o que pode colocar em risco até mesmo a vida dos familiares dos envolvidos.

Integrantes de órgão de inteligência ouvidos pela reportagem também descartam a possibilidade de união de membros do PCC e do CV, porque nenhum dos lados aceitaria eventuais traidores. Essas pessoas acreditam que são informações plantadas para tornar o racha do PCC em uma guerra sangrenta, o que ainda não começou.

A última grande disputa sangrenta entre chefes do Primeiro Comando ocorreu no final de 2002 quando Marcola entrou em rota de colisão com César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o Geleião, os dois principais chefes até então. Os colegas ficaram do lado de Camacho na briga interna: Cesinha, Geleião e as mulheres de ambos foram sentenciados à morte pela facção e por anos o PCC tentou matá-los.

Cesinha foi assassinado, e Geleião morreu de Covid.

Na ocasião, a advogada Ana Maria Olivatto, 45, ex-mulher de Camacho, foi assassinada a tiros em Guarulhos. A principal suspeita de mando do crime era Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, mulher de Cesinha.

Segundo a polícia, foi esse episódio que colocou Marcola no topo de organização e que mudou os rumos da facção criminosa. O grupo colocou o caráter assistencial que tinha em segundo plano para se tornar uma espécie empresa voltada ao tráfico internacional de drogas. Caso Camacho seja destituído do comando, apontam os policiais, o PCC tende a mudar de perfil e se tornar um grupo muito mais violento.
 

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