A facilidade de aquisição ilegal em território paraguaio, via Ponta Porã, onde se acha uma banana de dinamite por R$ 100, está fazendo de Mato Grosso do Sul o corredor de explosivos empregados em arrombamentos de caixas eletrônicos e bancos no País. Por conta disso, com semelhantes facilidades encontradas também em Ciudad del Este, tem aumentado significativamente o número de ocorrências de arrombamentos de caixas eletrônicos bancários por explosão com dinamite.
Na última quinta-feira, em Campo Grande, por exemplo, a Polícia Militar barrou na estação rodoviária 35 bananas de dinamite que estavam sendo levadas para Brasília. Há um mês, aproximadamente, a PM conseguiu apreender bananas de dinamite que seriam usadas para arrombar caixas eletrônicos na Capital.
De acordo com policiais que atuam na região da fronteira do Brasil com o Paraguai, no país vizinho, particularmente em Pedro Juan Caballero, o explosivo é encontrado com bastante facilidade, com o seu preço chegando, em média, a R$ 100 a unidade.
Conforme alguns paraguaios, a facilidade é tanta que o produto chega a ser utilizado na região para abertura de poços de água. Já em Ciudad del Este, ambulantes oferecem o explosivo nas ruas, dependendo a entrega de uma simples encomenda.
Roubos
Com a grande oferta de explosivos paraguaios, a facilidade passou a ser aproveitada por assaltantes brasileiros de bancos. Somente em São Paulo, neste ano, mais de 60 caixas eletrônicos foram destruídos com dinamites. No Rio Grande do Sul, no ano passado, foram 12 ataques.
Em outubro, uma quadrilha utilizou bananas de dinamite para explodir caixas eletrônicos do Banco do Brasil na cidade de Nobres, a 146 km ao norte de Cuiabá. Também em outubro, cinco assaltantes encapuzados invadiram e explodiram um caixa eletrônico de um banco no município de Campo Novo do Parecis‚ a 397 quilômetros de Cuiabá.
Caso local
No mês passado, em Campo Grande, Erick Borges Junior, de 29 anos, foi preso com dois explosivos. Perseguido por equipe do 9º Batalhão da Polícia Militar pela BR-163, saída para Jaraguari, ele arremessou bananas de dinamite para fora do veículo C4 Pallas que conduzia. A suspeita é de que os explosivos seriam usados para arrombar caixas eletrônicos em São Gabriel do Oeste.
As duas bananas apreendidas são semelhantes aos explosivos encontrados em outubro nas proximidades do caixa eletrônico do Banco HSBC, na Avenida Bandeirantes, na Capital, que teve a parte interna destruída. Os bandidos jogaram os explosivos no equipamento por meio do espaço usado para ejetar cédulas, mas apesar da inovação não conseguiram levar o dinheiro.
Material nacional
Apesar de reconhecer que a maior parte do explosivo em uso no País para roubos a bancos e arrombamentos de caixas eletrônicos é de procedência paraguaia, autoridades policiais alertam que dinamites apreendidas em Mato Grosso do Sul também têm origem nacional. Mesmo não havendo quantitativos de apreensões realizadas no Estado, a polícia revela que tem havido casos de desvio de explosivos de fabricantes nacionais. “É comércio irregular abastecido por lotes extraviados de fabricantes nacionais. Com certeza, temos presenciado mais situações agora onde pessoas são pegas com explosivos do que antes”, descreve o delegado Márcio Oshiro Obara, do Grupo Armado de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras).
Leia matéria no jornal Correio do Estado