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SUPEROU

Mulher doa leite suficiente para alimentar
400 bebês após estresse pós-parto

Mulher doa leite suficiente para alimentar
400 bebês após estresse pós-parto

G1

04/08/2017 - 14h30
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Em nove meses, Ângela Richelly doou leite materno suficiente para amamentar aproximadamente 400 recém-nascidos no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), em Campina Grande. Após o nascimento do filho Felipe, ela doou mais de 40 litros de leite e superou o estresse pós-parto da primeira gestação, quando teve dificuldades para amamentar a primeira filha.

"Eu tive estresse pós-parto e não conseguia amamentar. Foi um período muito ruim. Desta vez eu me surpreendi com tanto leite e resolvi ajudar os outros bebês", declarou a operadora de caixa.

De acordo com a coordenadora do Banco de Leite Humano do Isea (BLH), Alane Tavares, o banco arrecada cerca de 100 litros de leite por mês somando todas as doadoras. Por causa da sua doação, Ângela foi escolhida madrinha da Semana Mundial de Aleitamento Materno em Campina Grande, lançada na terça-feira (1º).

Volume de doação ainda pode aumentar

O recorde de doação de leite materno ainda pode aumentar, já que Ângela continua amamentando o seu bebê. "Uma vez por semana a equipe do hospital vem aqui em casa recolher o leite. Só vou parar de doar quando não tiver mais nada", promete Ângela.

Ângela Richelly é mãe de um casal de crianças, ambos nascidos no Isea: Tatiana, de 8 anos, e Felipe, que tem nove meses. O marido dela, José Idorlan Xavier, ficou bastante feliz com a possibilidade de ajudar outras crianças. "Eu incentivei minha esposa a continuar doando. Essa atitude é louvável e todas as mães deveriam fazer isso. Às vezes eu ia com ela para o banco de leite e fazia massagens para desfazer os nódulos", revelou José.

A Semana Mundial do Aleitamento Materno começou na terça-feira e segue com programação até o dia 7 de agosto.

Mato Grosso do Sul

Mau atendimento da Delegacia da Mulher foi informado à Sejusp há quase 2 anos

Ofício com revelações similares às feitas pela jornalista Vanessa Ricarte horas antes de ela morrer assassinada foi enviado à secretaria em 2023

17/02/2025 05h55

Delegacia da Mulher de Campo Grande, em parede com o distintivo da Polícia Civil, cujo lema é

Delegacia da Mulher de Campo Grande, em parede com o distintivo da Polícia Civil, cujo lema é "servir e proteger", atos que estão sendo questionados pelas vítimas de violência doméstica Gerson Oliveira

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Parte das negligências no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica que vieram a público após a divulgação de um áudio da jornalista Vanessa Ricarte – enviado a uma amiga horas antes de ela ser morta pelo noivo, Caio Nascimento, 35 anos – foi informada há quase dois anos por um grupo composto por mulheres que já precisaram da proteção garantida pela Lei Maria da Penha e agora ajudam as vítimas de agressões.

Um documento endereçado ao titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, em 23 de março de 2023 e redigido pelo Fórum Permanente pela Vida de Mulheres e Crianças de MS (MCria) – e que o Correio do Estado teve acesso – afirmava que, já naquela época, as mulheres agredidas por seus companheiros também eram vítimas de maus-tratos na delegacia, uma vez que eram submetidas por questionamentos excessivos por parte dos agentes da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

“Na Casa da Mulher Brasileira, sediada em Campo Grande, está havendo a revitimização das mulheres que procuram o serviço da Deam”, diz o texto.

O mesmo ofício endereçado a Videira denunciava que, na época, os servidores da Polícia Civil – cujo lema  do distintivo é “servir e proteger” – e outros atendentes da Casa da Mulher Brasileira tentavam fazer com que as vítimas desistissem de registrar  a ocorrência.

“As mulheres, antes de registrarem o boletim de ocorrência [B.O.], são alertadas: ‘[Façam isso] se querem mesmo destruir a vida do ofensor e acabar com a sua família’”, cita o MCria.

Outra frase proferida pelos servidores da Deam e descrita no ofício enviado ao secretário era “se ele [agressor] for preso, quem vai pagar a pensão alimentícia para o seu filho?”.

“Muitas [mulheres] desistem nesse momento de registrar a ocorrência, diante da insistência em dissuadi-las. Para as que persistem, o registro do B.O. demora, em média, sete horas”, acrescenta o documento.

Delegacia da Mulher de Campo Grande, em parede com o distintivo da Polícia Civil, cujo lema é "servir e proteger", atos que estão sendo questionados pelas vítimas de violência domésticaTrecho do ofício do MCria endereçado à Sejusp

O material ainda informa ao titular da Sejusp que o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol) ficava a mais de 10 km da Casa da Mulher Brasileira – o que prejudicava na época o atendimento às vítimas – e ainda denuncia que algumas das delegadas em serviço, além de não atenderem as vítimas, nem sequer atendiam seus advogados.

Esse mesmo documento também relata vários problemas relacionados ao atendimento das crianças vítimas de violência doméstica. Na época, ainda havia a comoção popular pelo assassinato da pequena Sophia de Jesus O’Campo, de 2 anos, morta pelo próprio padastro, Christian Campoçano Leitheim, com a cumplicidade da mãe, Stephanie de Jesus Silva.

O casal foi condenado no ano passado pelo Poder Judiciário, mas o governo do Estado não deu publicidade ao resultado dos procedimentos internos que apuraram a negligência no atendimento ao pai de Sophia, o qual por várias vezes denunciou os maus-tratos e não foi bem acolhido na delegacia.

NEGLIGÊNCIA

Em entrevista ao Correio do Estado, a coordenadora do MCria, Ceureci Fátima Santiago Ramos, afirmou que os problemas denunciados há quase dois anos na Casa da Mulher Brasileira permanecem.

“Eles continuam duvidando da vítima. Eu passei por tudo isso que elas passam. E eu sei disso porque hoje, no MCria, acompanho diariamente as vítimas que nos procuram”, frisou Ceureci, coautora do documento de 2023.

“Em muitos casos, eu faço as vítimas de violência doméstica voltarem à delegacia, porque o que é informado no B.O. está errado. Elas [vítimas] relatam uma coisa e o escrivão, às vezes, relata o que bem entende”, contou.

A ativista ainda acrescentou:

“Certa ocasião, recebi aqui uma mulher com a língua cortada, quase decepada, e no boletim de ocorrência estava escrito vias de fato. Eu voltei com a vítima e conseguimos alterar o boletim para lesão corporal grave e dolosa”, relatou.

Sobre o caso de Vanessa, em que não houve oferta do serviço de escolta ou de retirada de pertences, Ceureci pontuou que isso é mais um dos defeitos no protocolo de proteção à mulher vítima de violência doméstica.

GUARDA MUNICIPAL

Quem faz a retirada dos pertences é a Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande (GCM), porém, na maioria dos casos, depois que o pedido é realizado, a escolta para que a mulher volte ao lar onde o agressor está leva no mínimo cinco dias.

“Às vezes, a gente mesmo, no MCria, solicita à GCM a retirada dos pertences. E é um problema, porque a resposta que recebemos  é de que a instituição não tem muitas viaturas e que o agendamento é sempre para uma data distante do dia do registro do B.O.”, explicou Ceureci.

“O que posso dizer é que demora. Quando é um caso de pedido de retirada de pertences, em que se tem urgência, a espera é de 5 a 10 dias. Quando não há urgência, leva de 30 a 40 dias”, acrescentou a coordenadora do MCria.

No ano passado, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), comemorou a chegada de uma verba federal de aproximadamente R$ 800 mil para a compra de viaturas para a Patrulha da Maria da Penha, responsável pela escolta das vítimas. O sistema falhou no caso de Vanessa, que foi assassinada em sua casa pelo noivo justamente horas depois de deixar a Casa da Mulher Brasileira com uma medida protetiva em mãos.

“Estou indo com o [cita o nome de um amigo cuja identidade será preservada] na delegacia. Vou chegar com a polícia para tirar ele [Caio Nascimento, seu noivo] de dentro de casa”, disse Vanessa em um áudio enviado a uma amiga e que foi tornado público na sexta-feira.

Em um outro áudio, em tom de desabafo, a vítima se queixou que a delegada da Deam não quis lhe informar nada do histórico de Caio, que tinha até então 13 passagens por agressão – de ex-mulheres até a própria mãe e irmã.

“Está explicado porque não aconteceu nada com o Caio”, falou Vanessa horas antes de ter sido esfaqueada pelo noivo. 

Ela também reclamou do atendimento que teve na repartição pública que deveria ter acionado o protocolo para protegê-la.

“Eu estou bem impactada com o atendimento da Casa da Mulher Brasileira. Assim, sabe? [Se] eu, que tenho toda a instrução, a escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher mais vulnerável, pobrezinha, chegar lá toda vulnerável, sem ter uma rede apoio nenhuma? Essas que são mortas, né? Essas que vão para a estatística de feminicídio?”, indagou à amiga. Horas mais tarde, Vanessa foi esfaqueada.

MINISTRA, PREFEITA E GOVERNADOR

Se a Casa da Mulher Brasileira é tripartite, com atribuições da União, do Estado e do município, representantes desses três entes federativos vão se reunir nesta semana, na Capital, para tratar dessas falhas de proteção às vítimas – avisadas há dois anos pelo MCria e que ficaram expostas com o assassinato de Vanessa.

Nesta terça-feira (18), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participará de reuniões sobre o atendimento a vítimas de violência doméstica e terá reuniões com o governador Eduardo Riedel (PSDB), com a prefeita Adriane Lopes e com dois representantes do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) – desembargadores Dorival Renato Pavan e Ruy Celso Barbosa Florence, no caso.

No fim de semana, uma equipe do Ministério das Mulheres desembarcou em Campo Grande para se reunir com o colegiado gestor da Casa da Mulher Brasileira. Fazem parte desse grupo ministerial a diretora de Proteção de Direitos, Pagu Rodrigues, a chefe de gabinete da ministra, Katia Guimarães, e Graziele Carra Dias, representando a Ouvidoria da Pasta.

O principal motivo da vinda dessa comitiva para a Capital é dialogar com representantes da rede de atendimento de Campo Grande sobre os serviços prestados no atendimento a mulheres vítimas de violência que buscam ajuda e apoio na Casa da Mulher Brasileira.

DELEGADOS REAGEM

A Associação dos Delegados de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (Adepol-MS) continua insistindo na versão de que os agentes fizeram a sua parte ao oferecer abrigo a Vanessa na Casa da Mulher Brasileira – o que, segundo os oficiais, teria sido recusado por ela.

Nenhum documento nem gravação comprovando a recusa da vítima do serviço oferecido foi apresentado até o momento. O que existe são áudios em que ela narra a expectativa de uma escolta policial.

“A Polícia Civil, por intermédio da Deam, ofereceu todas as orientações e todas as medidas existentes para a tutela da segurança e da vida da vítima”, afirmou a Adepol-MS, por meio de nota.

“[Foi] seguido todo o protocolo operacional existente até então, inclusive com a orientação de a vítima não voltar para a sua residência e permanecer no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima”, complementou a associação.

As alegações presentes na nota da Adepol-MS serão apuradas em um processo administrativo disciplinar da corporação policial. Não há informações se esse processo será escrutinado por outro órgão governamental e se o resultado da investigação, ao fim dela, será tornado público.

A equipe de reportagem do Correio do Estado procurou o titular da Sejusp para um pronunciamento da Pasta. Até o fechamento desta edição, porém, não houve nenhum retorno.

Delegacia da Mulher de Campo Grande, em parede com o distintivo da Polícia Civil, cujo lema é "servir e proteger", atos que estão sendo questionados pelas vítimas de violência domésticaVanessa Ricarte, jornalista assassinada pelo noivo na semana passada

 

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Cidades

Credibilidade das Forças Armadas despenca e 72% não confiam nas instituições militares, diz pesquisa

A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança dentro da margem de erro é de 95%

16/02/2025 23h00

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A confiança dos brasileiros nas Forças Armadas está em queda desde meados de 2023, e, hoje, sete em cada dez brasileiros dizem não confiar no Exército Brasileiro, na Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira. Só 24% dizem confiar nas Forças, e 4% disseram não saber se confiam ou não.

Os dados são da pesquisa Atlas, elaborada para o canal de TV à cabo CNN Brasil.

Para a pesquisa, o instituto Atlas entrevistou 817 pessoas entre os dias 11 e 13 de fevereiro, recrutadas de forma aleatória na internet. A amostra foi depois calibrada para refletir a composição demográfica da população adulta do Brasil.

A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança dentro da margem de erro é de 95%.

De acordo com a série histórica da pesquisa Atlas, o auge da confiança dos brasileiros nas Forças Armadas em tempos recentes aconteceu em abril de 2023, quando 46% diziam confiar na instituição, e só 37% desconfiavam.

Desde aquele momento, a confiança na instituição só fez cair: 36% disseram confiar em julho de 2023, e agora, 24%.

"O principal, nessa piora recente, é que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) houve toda uma polarização da imagem das Forças Armadas. Quem era bolsonarista adorava os militares, e os via de forma positiva; e quem era de esquerda passou a ter um certo desprezo pelos militares. Era uma polarização quase metade-metade (...)", avalia Andrei Roman, CEO da AtlasIntel.

"Na medida em que o Exército e os militares ficaram cada vez mais calados, depois que o Lula (PT) assumiu o governo, muitos bolsonaristas passaram a atacar o comando das Forças e de desqualificá-los como traidores, dizer que eles não tiveram coragem de se levantar para defender Bolsonaro (...). Essa imagem mais negativa das Forças está cada vez mais enraizada entre os bolsonaristas, por motivos diferentes dos da esquerda", diz Roman.

Desde janeiro de 2023, a imagem das Forças, especialmente do Exército, vêm sofrendo com as investigações sobre a possível tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro e auxiliares seus, como o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto - os dois negam que tenham tentado um golpe.

De acordo com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-presidente articulou a realização do golpe de Estado, que só não foi adiante porque não houve a concordância do então comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes.

Numa reunião com os comandantes das três Forças, Bolsonaro teria apresentado uma minuta, isto é, um rascunho, de um decreto para a decretação do estado de defesa. Freire Gomes recusou apoio, mas o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, teria aquiescido, segundo a delação de Mauro Cid. Tanto Garnier quanto Bolsonaro negam.

Outros episódios menores também podem ter contribuído para arranhar a credibilidade das Forças diante da população. Um exemplo é o vídeo institucional divulgado pela Marinha do Brasil no começo de dezembro, comparando a vida de privações enfrentada pelos militares com a suposta tranquilidade dos civis.

"Privilégios? Vem para a Marinha!", dizia um trecho do spot publicitário. Como mostrou o Estadão, o irmão do chefe do departamento responsável pelo vídeo, que também é da Marinha, recebeu em dólares o equivalente a R$ 216,3 mil líquidos, entre salário, verbas indenizatórias e gratificações.

Segundo a pesquisa Atlas, a instituição que goza da maior confiança entre os brasileiros no momento é a Polícia Federal (PF), com 53% dizendo confiar no trabalho dela - outros 32% dizem não confiar e 15% dizem não saber.

A Polícia Militar vem em seguida com 50% de confiança, seguida do Supremo Tribunal Federal (STF), que tem a confiança de 49% - outros 4% dizem não saber e 47% dizem não confiar no trabalho do STF.

Já as instituições menos confiáveis são o Congresso Nacional, com só 9% dos brasileiros dizendo confiar no Poder Legislativo; e 82% dizendo não confiar. As igrejas evangélicas só tem a confiança de 18% - 73% dizem não confiar nelas.

As prefeituras vêm em terceiro lugar, com só 24% dizendo confiar nelas, e 62% dizendo não confiar. Outros 14 disseram não saber.

A pesquisa Atlas também questionou os entrevistados sobre o apoio a medidas em discussão no Congresso Nacional. A proposta com o maior apoio é o corte de gastos públicos, que tem o endosso de 54% - só 28% são contra e 17% dizem não saber.

O público se divide a respeito da anistia de presos do 8 de janeiro, com 51% a favor e 49% contra. Só 32% são favoráveis a que os deputados federais e senadores mantenham o controle sobre as emendas impositivas; e 83% são contra a redução do prazo de inelegibilidade dos afetados pela Lei da Ficha Limpa.

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