O país passa a contar com o antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol. O lote com 2.500 unidades será destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que 20 unidades serão enviadas para Mato Grosso do Sul.
Após o aumento de casos em vários estados de pessoas intoxicadas ao ingerir bebidas alcoólicas adulteradas, a última atualização indica 24 casos confirmados, 259 em investigação e 145 suspeitas descartadas.
O Ministério da Saúde inicia a distribuição das primeiras 1.500 doses, nesta quinta-feira (9), tendo como prioridade inicial São Paulo, que receberá 288 doses do medicamento por registrar o maior número de casos.
Em seguida, a distribuição seguirá para todo o país, garantindo a oferta do medicamento em todas as regiões. Permanecerão no estoque estratégico do Ministério da Saúde um total de 1.000 ampolas.
A compra do medicamento, junto à subsidiária de uma empresa japonesa, ocorreu apenas oito dias após o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acionar o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Cabe ressaltar que o medicamento é considerado raro, devido à baixa produção mundial. Esse reforço soma-se às ampolas de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, já disponível em Mato Grosso do Sul.
Os demais estados começarão a receber o antídoto na sexta-feira (10):
- Pernambuco (68 unidades)
- Paraná (84)
- Rio de Janeiro (120)
- Rio Grande do Sul (80)
- Mato Grosso do Sul (20)
- Piauí (24)
- Espírito Santo (28)
- Goiás (52)
- Acre (16)
- Paraíba (28)
- Rondônia (16)
Distribuição
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, explicou que, com a compra feita pelo Ministério da Saúde em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o país já conta com o primeiro antídoto, que é o etanol.
“O que estamos oferecendo agora é uma segunda opção, o fomepizol, adquirido via Opas com apoio da Anvisa: são 2.500 ampolas, que já estão sendo entregues. Apesar de termos notificações em 12 estados, todos os estados do país terão à disposição tanto o etanol quanto o fomepizol”, disse a secretária.
Demanda
Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, os estados podem solicitar novos envios de remessas, conforme a necessidade apresentada e o registro de casos.
Para realizar a distribuição do novo antídoto, foi considerado o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), assegurando a distribuição igualitária conforme as emergências toxicológicas de cada região.
Como funciona o fomepizol?
O fomepizol é uma alternativa ao tratamento já realizado com etanol farmacêutico, sendo utilizado em casos de intoxicação por metanol. Com alta eficácia e segurança, o medicamento impede que o metanol se metabolize em ácido fórmico, evitando acidose metabólica.
Como a procura pelo medicamento é baixa, o antídoto possui custo elevado. Para viabilizar a oferta no SUS, o Ministério da Saúde contatou diversos fornecedores internacionais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também publicou chamada pública para identificar fornecedores internacionais do fomepizol, atualmente não disponível no Brasil, em resposta a ofício do Ministério da Saúde solicitando urgência.
“A Anvisa lançou um edital para identificar produtores no mundo capazes de fornecer o medicamento ao Brasil. Conseguimos localizar a fabricante japonesa, e a Opas realizou um trabalho fundamental para viabilizar a importação em volume substancial. Foi um processo muito ágil: no sábado, discutimos conjuntamente com o Ministério da Saúde, a Anvisa, a empresa e a Opas; no domingo, a Anvisa autorizou a importação; e hoje o produto está chegando ao mercado brasileiro. Trata-se de um prazo recorde.”
Como funciona o etanol farmacêutico?
O etanol farmacêutico pode ser administrado já na suspeita de intoxicação, sem necessidade de aguardar confirmação laboratorial. Deve ser usado exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico em ambiente de saúde. A população não deve adquiri-lo por conta própria.




