A pandemia não foi capaz de ofuscar as notícias sobre temas ambientais em 2020. Entre fatos ruins, como queimadas no Pantanal e Amazônia, e a redução das emissões de contaminantes em razão do isolamento social, a natureza esteve entre os assuntos mais comentados ao longo dos últimos 12 meses, mas o que será do setor no ano vindouro?
Já é certo que as ações ambientais terão menos dinheiro federal. Houve corte de R$ 184 milhões no orçamento, o que equivale a uma redução de 5,8% em comparação com a verba usada neste ano. Contudo, O cuidado com a natureza e a promoção de um desenvolvimento sustentável está entre as recomendações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para a recuperação da economia. Isso quer dizer que o poder público não pode fechar os olhos para o assunto.
Para o órgão, com 60% da floresta amazônica localizada dentro de suas fronteiras, lar da maior biodiversidade do mundo, o Brasil tem potencial para liderar o caminho da remodelação, reconstrução da economia global mais sustentável, resiliente e inclusiva, diz a OCDE
Os bens naturais, se usados de forma sustentável, podem ajudar a criar novos empregos, aumentar a renda e levar um solido crescimento econômico, disse o relatório da entidade internacional.
Para especialistas, o país precisa reforçar ações, como combate ao desmatamento. Dados gerados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o valor estimado de área desmatada na Amazônia legal é de 11.080 quilômetros quadrados entre agosto de 2019 a julho de 2020 (monitoramento mais recente). Esse valor representa um aumento de 9,5% em relação a taxa de desmatamento apurada em 2019.
O Brasil terá que se esforçar se quiser reverter essa situação ano que vem, reduzir os índices e fazer a lição de casa passada pela OCDE.
Porém, falar de meio ambiente não quer dizer apenas pensar nas queimadas. Existe também a preocupação com a emissão dos gases do efeito estufa. Como signatário do Acordo de Paris, o país deve continuar perseguindo a meta de redução prevista.
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, garantiu que o pacto será cumprido até 2030, mas ano que vem a pasta deve pressionar o cumprimento de uma cláusula do acordo que prevê ajuda financeira. Segundo ele, são necessários pelo menos U$ 10 bilhões por ano, o que inclusive anteciparia os resultados.
SOCIEDADE E MEIO AMBIENTE
Para a advogada ambientalista de Mato Grosso do Sul, Clara Kaplan, em que pese todos os esforços do país com a questão ambiental, é necessário também que a sociedade se mobilize. Para ela, 2020 mostrou que os seres humanos e o meio ambiente constituem um só organismo e que sem engajamento, não há preservação.
“Os impactos e os reflexos de toda ação ocorrida neste planetinha azul são sensíveis a todos, razão pela qual esperamos mais esmero em 2021, afinal, não há ‘lado de fora’. O que se pratica aqui, aqui se instala. Que venha o ano da sensibilidade e da racionalização para com este nosso único e exclusivo lar”, afirmou ao Correio do Estado.