A omissão das famílias nos cuidados, respeito e tratamento de saúde dos idosos constitui a maior parte dos 350 processos atualmente em tramitação na 53ª Promotoria Auxiliar e na 44ª Promotoria de Defesa do Idoso, Pessoas com Deficiência e Direitos Humanos em Campo Grande.
Existe grande incidência de casos de alcoolismo entre familiares, constata o promotor Humberto Lapa Ferri. “A droga também se tornou um flagelo em algumas famílias e não há como o idoso permanecer nesse ambiente até que alguma solução venha minorar o seu sofrimento”, ele observa.
Segundo ele, algumas cidades interioranas apresentam situações semelhantes às de Campo Grande. A mesa do promotor está repleta de processos, destacando-se ainda aqueles de exploração de idosos com a retenção de seus cartões de benefícios.
Às vezes o idoso quer adquirir uma casa. Outros, brasileiros e alguns estrangeiros moradores em asilos, pretendem comprovar tempo de serviço para obter a aposentadoria, mas dificilmente guardam documentos. A Promotoria age.
“Nada mais delicado, porém, do que intervir em ambientes marcados pela agressão física, verbal, e onde os maus-tratos são rotineiros, envolvendo filhos e netos das vítimas”, lamenta Ferri.
Para ele, a instituição de longa permanência para idosos (ILPI) seria o sistema ideal. “Veja a situação de uma família onde as pessoas trabalham fora, ou de outra vitimada pela droga; isso desestrutura”, ele analisa.
A origem das ILPIs está ligada aos asilos, frutos da caridade diante da ausência de políticas públicas.
A maioria das instituições brasileiras é filantrópica (65,2%), a exemplo das de Campo Grande. Apesar da solidariedade de grande parcela da população, ainda há preconceito com relação a essa modalidade de atendimento. As políticas voltadas para essa demanda se localizam na assistência social.
A distribuição de remédios para idosos está regular, nos lares e nas instituições, despreocupando a Promotoria. A farmácia do Asilo São João Bosco, por exemplo, recebe doações semanais.
Acessibilidade
Na visão de Ferri, a acessibilidade tão debatida na Capital tem que ser garantida sob todos os aspectos, inclusive nas repartições públicas. Alertou que até algumas semanas atrás um tribunal não havia cuidado disso. “Hoje a acessibilidade é mais um problema de conscientização do que de normas jurídicas que vêm sendo cumpridas.”
Recentemente, notou uma jovem estacionando numa vaga reservada para idosos no pátio de um supermercado: “Ela me disse que voltaria rápido e eu lhe disse: essa vaga não é sua nem por um minuto.” E comentou o assunto no Facebook. A frase é mote da campanha de conscientização pelo respeito às vagas de estacionamento reservadas a idosos e deficientes.
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