Os pacientes que possuem próteses de silicone nas mamas serão rastreados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) a partir de janeiro deste ano. A entidade desenvolveu o chamado Cadastro Nacional de Implantes Mamários, que receberá dados dos cinco mil cirurgiões plásticos associados da SBCP. Eles receberão suas senhas para acessar o banco de dados a partir desta semana.
A medida se torna necessária após a polêmica com o material usado para próteses mamárias da marca Poly Implant Prothèse (PIP), ocorrida em março de 2010, quando irregularidades na produção do produto foram detectadas pela agência sanitária francesa. O resultado foi a falência da empresa, fundada em 1991 no sul da França.
Uma reunião entre representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde e integrantes das Sociedades Brasileiras de Mastologia e de Cirurgia Plástica será realizada em Brasília, nesta quarta-feira (11). Um dos objetivos é determinar procedimentos a serem adotados com pacientes que utilizam a prótese mamária da PIP.
Como vai funcionar o rastreamento
O banco de dados terá informações sobre os cirurgiões, pacientes e números de série e lote e marca das próteses usadas. "Neste programa serão cadastrados os pacientes, cujas identidades serão mantidas em sigilo, o que é obrigação dos médicos. Os cirurgiões serão identificados por um número e terão uma senha. Isso vai estimular a informação, pois um médico não saberá dados do outro e nem sobre o paciente dele, mas terá acesso a informações gerais", disse Wanda Elizabeth Correa, presidente da Comissão de Silicone da SBCP.
Será possível detectar o estado, a cidade, o médico que fez o implante, o motivo da cirurgia e, em caso, de troca, a razão para isso. "Não haverá obrigatoriedade para o cirurgião abastecer esse banco de dados, mas há uma necessidade pela informação", afirmou ela.
Wanda informou que o cadastro teria sido uma ferramenta eficaz de prevenção quando ocorreram casos de infecções nas pacientes com prótese mamária em Campinas, em 2004. "Você poderia ter rastreado todas as próteses na época, saber onde estariam implantadas e quem seria o cirurgião responsável. O mesmo poderia já estar sendo feito após esse problema da PIP."