Campo Grande passou de 116 vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) contratualizadas pela prefeitura da cidade, ou seja, de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para quase 400 em pouco mais de 5 meses de pandemia da Covid-19.
Parte dessa estrutura, porém, vai continuar depois que o período pandêmico passar e deixar a cidade com uma melhor estrutura em saúde.
Mas não são só leitos que ficarão no pós pandemia, a informatização de muitos sistemas, por conta das medidas de distanciamento e também pela necessidade constante de saber o número real de vagas, deve dar mais agilidade aos processos.
No Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS) a compra de uma máquina de extração para ler os exames fará com que o local dobre sua capacidade de liberação de resultados, o que dará mais rapidez a todos os testes feitos na Capital, não só em relação ao novo coronavírus, mas a todos os exames realizados.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) José Mauro de Castro Filho, a expectativa da pasta é que, depois que termine a emergência da Covid-19 e não haja necessidade de se manter essa quantidade de UTIs ativas, a cidade fique com, pelo menos, 160 vagas.
“O problema é que o orçamento dessa estrutura toda é temporária, então isso continua até o momento que eu tiver dinheiro, a partir do momento que não tiver eu tenho que encolher a máquina e focar orçamento de outras fontes, por isso que a gente está com processo de habilitação. Todos esses leitos a gente vai habilitar, vem recurso do Ministério da Saúde, só que ele tem uma habilitação emergencial da pandemia, quando chegar a decretar o final da pandemia, a gente vai ter que ver o posicionamento dessas habilitações", explicou.
"Eu vou ver aqueles lugares que eu tenho a possibilidade de manter. Óbvio que a gente não vai ficar com 116 leitos, vamos ter que ficar com uma margem, uma perspectiva de, pelo menos, chegar em 160 leitos para que a gente possa dar tranquilidade para as UPAs, por exemplo, para escoar os pacientes clínicos, cirúrgicos de alta complexidade”, completou Castro.
O secretário afirmou que antes da Covid-19 a taxa de ocupação das UTIs era de 98% e havia a “necessidade na rede em torno de 30 leitos para a gente ficar tranquilo em relação a demanda diária de Campo Grande”.
Informatização
Além dos leitos, Castro também citou a contratação de pessoal e a informatização de todos os sistemas como um legado para os próximos anos.
“Hoje nossos sistemas estão mais informatizados em relação a questão de análise e controle de leitos. Isso impacta na vigilância, na auditoria, nos contratos com os nossos hospitais, com os nossos fornecedores. Nós temos o portal da transparência, onde as compras hoje são feitas por pregão eletrônico, por chamamento, que vão ficar legados de acesso a compras, diferente do a gente tinha", explicou.
"Se a gente pegar o efetivo de [Recursos Humanos] RH, nós ampliamos mais de 1 mil profissionais de saúde, de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnico de enfermagem, administrativo, fiscais de vigilância, dentistas. Se a gente não tivesse ampliado tudo isso, não seria possível aumentar os leitos”.
Lacen-MS
Melhorias também foram feitas em relação os Lacen-MS, segundo o diretor do local, Luiz Henrique Ferraz Demarchi, foram adquiridos dois equipamentos de extração automatizada, dois detectores – dos quais um já foi entregue e o outro está na fase final de aquisição – e um freezer -80 para acondicionamento das amostras.
Um dos extratores chegou este mês, fruto de compra do governo do Estado, o outro virá por meio do Ministério da Saúde.
A estimativa é que cerca de R$ 900 mil tenham sido investidos pelo governo nos equipamentos.“Espera-se que quando tiver tudo liberado aqui dentro a gente tenha de 1.500 a 2 mil exames liberados por dia, isso trabalhando normalmente. Hoje estamos trabalhando 24 horas no laboratório, fim de semana, feriado, a gente não para”, disse Demarchi.
Novos exames
Além disso, as novas ferramentas darão a Mato Grosso do Sul a possibilidade de fazer exames para outras enfermidades que antes tinham que ser encaminhados para outros estados.
“A gente pode fazer biologia molecular de fungos que a gente não faz, biologia molecular de outros vírus, como por exemplo a Febre Mayaro que a gente pode implantar no Lacen, Febre Nilo, a gente pode fazer Hantavírus PCR, Citomegalovírus, Herpes, então é um investimento importante”.
Com todos esses ganhos, Castro cita também a valorização do SUS como um ganho para a sociedade.
“Acho que o grande legado dessa pandemia é a população reconhecer a importância dos profissionais de saúde, de reconhecer que precisa de investimento em saúde, que precisa de pesquisa, porque agora estamos falando de vacina. O grande legado é esse reconhecimento por parte da gestão pública e da população”, finalizou o secretário de saúde.