O presidente da Câmara de Vereadores de Dourados, Sidlei Alves (DEM), deu prazo de cinco dias para as bancadas partidárias indicarem os três integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigará a aplicação dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) no município. A investigação deverá abranger os dois últimos anos de mandado do ex-prefeito Laerte Tetila (PT) e os 14 meses do atual, Ari Artuzi (PDT). O objetivo é descobrir a causa do excesso de filas nos postos de saúde e o motivo da falta constante de medicamentos.
Depois que as bancadas indicarem os integrantes, o presidente instalará oficialmente a CPI, provavelmente na sessão da próxima segunda-feira. O pedido de instalação da comissão foi apresentado na semana passada pelo vereador Dirceu Longhi (PT) e subscrito por Gino Ferreira e Marcelo Barros, do DEM; e Délia Razuk (PMDB). Com o número mínimo de assinaturas alcançado, a instalação da CPI independe de aprovação no plenário.
Sidlei Alves garantiu na sessão desta semana, na noite de segunda-feira, que a Mesa da Câmara vai garantir a estrutura necessária para que o trabalho da CPI seja realizado sem interferências. "Tão logo os líderes confirmem os nomes, vamos instalar a comissão e garantir o respaldo para que esse trabalho seja realizado da forma que tem que ser", afirmou. "E quem for apontado culpado, que pague pelos erros", sentenciou.
O líder do prefeito na Câmara, Humberto Teixeira Júnior (PDT), que havia insinuado que poderia verificar se a criação da CPI era necessária, dentro das normas do Regimento Interno do Legislativo e da Lei Orgânica do Município, não tentou interferir no seu prosseguimento. "Vamos fazer um esforço para ver o que há na saúde", disse na tribuna.
Teixeira Júnior criticou, entretanto, o antecessor do atual prefeito, dizendo que o desmonte do atendimento primário do SUS na cidade começou com "o desmanche dos postos de saúde, porque o prefeito Tetila misturou tudo, os médicos das unidades básicas com as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF)".
Outro integrante da "tropa de choque" de Artuzi, o vereador Edivaldo Moreira (PDT), não gostou que o deputado Geraldo Resende (PMDB) tenha se oferecido para depor na CPI da Saúde. Ele disse que Resende deveria fazer "a CPI dele", numa referência ao período em que o deputado foi secretario estadual de Saúde no governo de José Orcírio dos Santos (PT), quando, segundo o vereador, teve "mil falcatruas".
Marcelo Barros (DEM) defendeu que a CPI não ganhe clima eleitoral quando os políticos costumam "aliviar ou ser mais contundentes" em suas atitudes. "Não podemos deixar que o clima eleitoral tome conta de uma CPI que pretende resolver os problemas da saúde em Dourados", afirmou. Teixeira Júnior concorda: "a CPI não pode caminhar para o lado político", reforçou.