karine cortez
Há pelo menos 16 anos, os passageiros que utilizam o Aeroporto Internacional de Campo Grande não tinham enfrentado caos semelhante ao dos últimos quatro dias por conta do intenso nevoeiro. A informação foi repassada pelo superintendente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Autemar Lopes de Souza, que atua na Capital desde 1994. “Desde que estou aqui não há registro de situação semelhante. O que já aconteceu foi de ficarmos fechados para pousos e decolagens de, no mínimo, dois dias”, afirmou.
Na madrugada e início da manhã de ontem, 11 voos que partiriam da Capital foram cancelados, mas às 10h o aeroporto começou a operar por instrumentos e voltaram a ser realizados pousos e decolagens. No total, durante os quatro dias em que o aeroporto ficou fechado, mais de 100 voos foram cancelados. Ontem à tarde, o dia já estava mais claro e os voos estavam dentro dos horários agendados.
Muitos passageiros que não conseguiram embarcar durante os dias de caos por conta das condições do tempo questionaram a eficiência da torre de controle do Aeroporto Internacional de Campo Grande que, segundo Autemar, é a segunda melhor do Brasil em termos de equipamentos de navegação aérea para auxílios visuais. “Em outros países isso não acontece. Aqui no Brasil a gente paga várias taxas no embarque e para onde vai todo esse dinheiro se quando mais precisamos temos que ficar à mercê de São Pedro”, questionou a empresária Célia dos Santos que estava ontem tentando embarcar para São Paulo pela terceira vez. A Aeronáutica, responsável por operar esses equipamentos, não quis se pronunciar sobre o assunto.
Sabendo do problema, poucas pessoas estiveram no aeroporto na manhã de ontem. Muitos passageiros estavam hospedados em hotéis e a companhia apenas mandaria buscá-los em caso de confirmação de voo.
Ônibus
Assim como centenas de passageiros não conseguiram seguir de avião aos destinos desejados partindo de Campo Grande, outros não vieram à Capital pela falta de teto para pouso. A alternativa de algumas companhias tem sido embarcar os clientes num ônibus fretado e encaminhá-los até Campo Grande. Ontem, um grupo de passageiros da TAM, entre eles cerca de 20 turistas alemães, indianos e americanos, que vão conhecer o Pantanal, chegaram no aeroporto da Capital depois de enfrentarem dez horas de estrada seguindo de Cuiabá (MT) até Campo Grande.
O advogado Daniel Goldman, 33 anos, que estava no ônibus vindo de Cuiabá disse que todos os demais passageiros embarcaram em São Paulo na madrugada de domingo com destino a Campo Grande e como não havia condições para pouso seguiram para Cuiabá. “Eu tinha compromisso com um cliente na manhã de hoje em Glória de Dourados, mas já avisei que vou me atrasar. Foi melhor chegar de ônibus do que não chegar”, contou.
Outra passageira, Rita Veiga, que mora nos Estados Unidos com a filha e veio visitar a família em Campo Grande estava no ônibus e disse que a situação no Aeroporto de Guarulhos e de Cuiabá é tensa. “As pessoas que estão tentando vir para cá já não têm mais paciência devido ao tempo de espera. Até a Polícia Federal foi chamada em Guarulhos”, salientou.
O Correio do Estado contatou a assessoria de imprensa das companhias aéreas Gol e TAM, responsáveis pelo maior número de voos na Capital, para saber quantos passageiros deixaram de vir até Campo Grande por conta do mau tempo. Mas, a informação foi de que esses dados não podem ser divulgados para a imprensa.