A Prefeitura de Campo Grande estuda flexibilizar os decretos que impõem medidas de isolamento social em decorrência da pandemia. De acordo com o procurador-geral do município, Alexandre Ávalo, o objetivo é dar início a uma retomada gradual, diante da queda nos índices de contágio e do avanço na campanha de vacinação contra a doença.
Entre as normas em análise está a que restringe a realização de eventos sociais e desportivos na cidade. Para estes casos, a ideia seria restringir o acesso somente a pessoas que já estejam completamente imunizadas. Transformando o comprovante de aplicação em uma espécie de “passaporte” para acesso a esses locais.
Contudo, Ávalo acrescenta que o uso de máscaras continuará obrigatório mesmo nesses casos, e que a liberação do uso do equipamento de proteção individual deve ser uma das últimas, senão a última medida a ocorrer, somente quando a pandemia estiver totalmente controlada.
“Mas a questão vai muito além dos eventos. Estamos revisando todos os decretos para promover essa retomada responsável. Estamos em contato com as secretarias municipais de Saúde e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano para fazer essas alterações”, disse o procurador-geral ao Correio do Estado.
Até o momento, eventos podem ser realizados desde que ocupem um determinado porcentual dos salões. Além disso, os organizadores devem pedir autorização prévia aos órgãos de controle, detalhando quais serão os protocolos para evitar a transmissão da Covid-19 entre os convidados.
Segundo ele, devem ser modificados os itens mais restritivos e em conformidade com o cenário epidemiológico. “Nada em relação à pandemia é estático. Nesse momento, o cenário permite que tomemos essas medidas, mas, se no futuro os índices voltarem a subir, os decretos podem ser modificados novamente”, afirma.
Ainda não há data para que as alterações sejam publicadas. Ávalo também não adiantou, além da questão de festas e eventos, quais outros itens devem ser flexibilizados. Relatou apenas que a economia e a saúde devem ser equilibradas.
Últimas Notícias
RISCO
Para o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Julio Croda, ainda é cedo para que uma medida como a liberação de eventos, ainda que condicionada à vacinação, seja tomada.
Ele recorda que os imunizantes disponíveis protegem a população contra as manifestações graves da doença, como as que levam a internações hospitalares e mortes. Contudo, o hospedeiro ainda está suscetível às formas leves da Covid-19, podendo transmiti-las a pessoas que ainda não estão completamente protegidas.
Dessa forma, segundo ele, seria mais lógico que a liberação dos eventos neste momento seja condicionada não apenas à vacina, mas também à apresentação de um teste de RT-PCR feito até 48 horas antes do evento, “pois assim você garante que, além de os convidados estarem protegidos, você não teria a transmissão do coronavírus entre os presentes”.
“Eu penso que o Estado ainda não está em uma situação epidemiológica confortável o suficiente para que medidas como esta sejam adotadas. No futuro, sim, mas não é a cobertura vacinal que vai garantir isso um dia, mas a transmissão. Se ela estiver baixa, ainda que haja infecções associadas ao evento, o impacto na sociedade será bem menor”, afirmou.
Além disso, Croda ressalta que a Capital ainda não registrou nenhum caso da variante Delta da Covid-19, informação confirmada ao Correio do Estado pela Prefeitura de Campo Grande nesta quinta-feira.
Para o infectologista, o ideal seria esperar a maioria da população campo-grandense tomar as duas doses para que uma flexibilização como essa seja implementada. “É por isso que eu acho que, se a medida realmente vier a sair do papel, será de forma muito precoce”, completa.
REGRAS
O decreto mais recente relacionado publicado pela Prefeitura de Campo Grande em relação à pandemia trata sobre o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais e a ocupação do transporte coletivo durante.
A norma, publicada no começo deste mês, determina toque de recolher compulsório, exceto para as atividades elencadas no rol das essenciais, entre as 23h e as 5h, em Campo Grande. Sobre os coletivos, a lotação máxima foi mantida em 70% da capacidade.
Estas normas valerão até o fim do mês, mas podem ser derrubadas antes, caso o município concretize a iniciativa de revogar dispositivos que determinavam regras rígidas de isolamento social.
Contudo, esta não é a única medida relacionada a protocolos de biossegurança. Com relação a festas e eventos na cidade, houve proibição total durante o Carnaval, em fevereiro deste ano, mas depois foram autorizados desde que respeitada a lotação máxima de 30% da capacidade dos salões ou estabelecimentos.
Além disso, é obrigatório aos organizadores apresentarem um plano de biossegurança ditando as regras de distanciamento social dos eventos antes da realização. Essa medida é mais rigorosa que a estadual, que em maio autorizou as festas com salões ocupados com metade de capacidade.