Thiago Gomes
A Polícia Federal (PF) desmontou, ontem, em duas grandes operações – a “Ressaca” e “Arremesso” – deflagradas no eixo Mato Grosso do Sul-Paraná, duas poderosas quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas. Pelo menos 25 pessoas foram presas nas duas ofensivas policiais.
Uma das quadrilhas, baseada no Paraná, movimentava aproximadamente 400 quilos (100 quilos a cada 90 dias) de cocaína por ano, com um lucro anual acima de R$ 6 milhões. O dinheiro arrecadado pelo bando era, em grande parte, investido em mansões e veículos de luxo.
Ressaca
A primeira mobilização da Polícia Federal, a “Operação Ressaca”, começou por volta das 6h, em Curitiba, com a missão de cumprir, inicialmente, dez mandados de prisão, mas no fim da manhã a Justiça expediu o 11º mandado e todos foram cumpridos.
À tarde, equipes de agentes ainda estavam nas ruas para o cumprimento dos 15 mandados de busca e apreensão, estes para localização e apreensão de provas de lavagem de dinheiro, aí incluídas dezenas de veículos de luxo, cujo comércio buscava encobrir os ganhos obtidos com o tráfico.
De acordo com as informações divulgadas em Curitiba, pela Polícia Federal, as prisões efetuadas em Ponta Porã, município de Mato Grosso do Sul fronteiriço com o Paraguai, estavam voltadas para pessoas residentes na localidade e que atuavam como fornecedores da droga comercializada pela quadrilha no Paraná. Os nomes de todos dos envolvidos não foram divulgados.
As investigações permitiram, ainda, apurar que pertencia ao grupo a remessa de 37 quilos de cocaína e um de crack apreendida pela PF em 11 de maio último, em Guaíra, quando era levada de Mato Grosso do Sul pela organização. Foram presas na ocasião duas mulheres, que informaram falsamente que a droga tinha como destino Maringá.
Ontem foram realizadas buscas no local que funciona como sede das ações da quadrilha, onde se mantém como fachada uma empresa de guinchos, no Bairro Tatuquara, bem como em uma mansão no Bairro Alphaville, imóvel avaliado em mais de R$ 1 milhão adquirido com dinheiro de crime. O imóvel foi lacrado pela PF.
Assassinatos
Um dos alvos da Operação Ressaca era o traficante Éder de Souza Conde, conhecido como “Fernandinho Beira-Mar do Paraná”, que seria o líder da quadrilha. Ele também é apontado como envolvido em 2005, na morte do major Pedro Plocharski, da Polícia Militar, então subcomandante do 13º BPM.
O major teria sido assassinado porque investigava a atuação de uma quadrilha da qual faziam parte policiais, advogados e traficantes de drogas. Pedro Plocharski foi morto em uma emboscada, enquanto voltava do quartel para casa.
Ainda conforme a Polícia Federal, Éder Conde também já foi responsabilizado pela morte de “Evinha do Pó”, em 2002, e que na época dominava o tráfico de cocaína na capital paranaense. A namorada do traficante, a ex-miss Suzimara de Lima, também foi presa e, segundo a polícia, ela participava diretamente do tráfico de drogas em Curitiba.
Todos os veículos de luxo apreendidos foram levados para a sede da Federal, no Bairro Santa Cândida.
Participaram da operação, também, agentes do Departamento Penitenciário Federal, que escoltaram os detidos, depois da formalização da prisão, para a Penitenciária Federal de Catanduvas, e pilotos da Casa Militar do Governo do Estado, que manteve durante todo o dia um helicóptero à disposição da Federal. As investigações em torno da atuação do grupo criminoso vão prosseguir.