Silvia Tada e karine cortez
A Polícia Federal desmantelou uma verdadeira máfia de diplomas falsos, que agia em Mato Grosso do Sul e outros estados. Cinquenta e nove mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na manhã de ontem, por policiais federais em oito cidades de Mato Grosso do Sul e em mais seis estados (Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina). As ações fazem parte da Operação Formatura, deflagrada a partir de investigações iniciadas em MS, desde 2008, contra a venda de certificados de cursos técnicos e diplomas de ensino fundamental e médio a distância. Foram feitas apreensões de documentos nas sedes de empresas e nas residências dos responsáveis. Na Capital, a quadrilha agia por pelo menos oito anos.
Ao todo, conforme informou o delegado da Polícia Federal, José Otacílio Della-Pace Alves, dez pessoas foram indiciadas e responderão pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica. Desse total, cinco são de Mato Grosso do Sul, sendo três em Campo Grande, uma em Corumbá e uma em Nova Andradina.
Entre as empresas acusadas da fraude estão o Instituto de Desenvolvimento, Estudo e Formação de Mão de Obra de Mato Grosso do Sul (Idefor), com sede na antiga rodoviária de Campo Grande, Centro Preparatório Unificado (CPU), localizado na Rua Rui Barbosa, e a Paulistec, alvo de operação da Polícia Civil no início do mês, que resultou no fechamento da empresa, com seis pessoas indiciadas.
O delegado disse ainda que diversos documentos como diplomas, provas e certificados, além de computadores foram apreendidos e serão submetidos a análises. As provas, por exemplo, passarão por perícia grafotécnica para comprovação de que o próprio aluno é quem respondia as questões. “Há indícios de que não eram eles que faziam a prova e ainda de que os candidatos não frequentavam as aulas”, declarou.
As investigações começaram há dois anos, a partir de uma denúncia feita via internet por clientes que tiveram o diploma rejeitado por suspeita de fraude e por conselhos regionais de enfermagem e contabilidade. O fato de os conselhos estarem sendo vítimas desses diplomas é que levou a Polícia Federal a conduzir o caso. “Os conselhos são órgãos vinculados a entidades federais e por isso passamos a investigar”, disse o delegado.
Cidades
Foram cumpridos 14 mandados em Campo Grande, quatro em Nova Andradina, dois em Sidrolândia e um em Alcinópolis, Rio Negro, Corumbá, Ponta Porã e Ivinhema.
Em Mato Grosso, houve busca em Rondonópolis. Em São Paulo, a PF esteve em São José do Rio Preto, onde foram cumpridos seis mandados, além de Dracena, São Carlos, Sorocaba e na capital paulista. Outras cidades foram Serra (ES), Curitiba (PR), Pinhais (PR), Rio de Janeiro (RJ) e, no Estado de Santa Catarina, em Joinville, São José, Jaraguá do Sul, Blumenau e Gaspar. No total, 59 equipes de policiais federais atuaram na Operação Formatura.