O PMDB de Mato Grosso do Sul defende a reeleição do deputado federal Michel Temer (SP) à direção nacional do partido, mas não assegura apoio à sua indicação para ser candidato a vice-presidente da República na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). A cúpula nacional antecipou do dia 10 de março para o dia 6 de fevereiro a convenção que vai escolher o novo presidente do PMDB. O Diretório Regional sul-mato-grossense tem 27 delegados com direito a voto e está disposto a reeleger o presidente que, até agora, é candidato único. “O Michel Temer tem sido um importante parceiro do Estado e mantém um ótimo relacionamento conosco e com o governador André Puccinelli”, afirmou o deputado federal Waldemir Moka ontem. Embora admita que a reeleição de Temer para comandar o partido possa reforçar o nome do colega paulista à indicação na chapa a ser encabeçada por Dilma, o sul-matogrossense diz que uma coisa nada tem a ver com a outra e que isso não o credencia, necessariamente, a ser candidato a vice numa eventual chapa com o PT. Para Moka, Temer na presidência representa garantia de uma convenção tranquila e democrática porque ele sabe acatar o voto da maioria. “Nós confiamos na condução isenta dele, sempre apresentou esse perfil”, disse o deputado, salientando não acreditar que Temer possa usar a presidência do partido para tentar direcionar essa conversação para um lado ou para outro. Moka lembra que se houver aliança, esta terá de ser homologada em convenção na segunda quinzena de junho. “O Michel na presidência representa a segurança de que isso será feito democraticamente, na maior lisura”, acredita. Vaga de vice A decisão de antecipar a convenção para escolha do presidente da sigla foi tomada pela cúpula do PMDB em jantar, na última quarta-feira, em Brasília. Depois do encontro, o próprio Temer negou em declarações à imprensa que a mudança de data tenha ligação com decisão de lideranças da sigla de indicá-lo para a vice-presidência na chapa da ministra. Disse que o assunto só será discutido quando se consolidar a aliança nacional e que “o PMDB possui inúmeros nomes capazes de ocupar essa vaga”. Interlocutores do PMDB, entretanto, afirmam que Temer se licenciaria do cargo logo depois de reeleito para tratar da sucessão presidencial. O apoio dos colegas mostraria que tem força dentro do partido para se lançar à vice-presidência. Neste sentido, o que se comenta é que a antecipação das eleições internas faria parte de estratégia para acelerar a composição da chapa, antes que o PT comece a flertar com outras legendas. Alguns peemedebistas temem, por exemplo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga convencer o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a ser vice de Dilma. Moka, entretanto, assinala que, embora o número de estados em que o PMDB é favorável à aliança nacional com o PT seja maior, em outros como Mato Grosso do Sul – em que os partidos são adversários e têm dificuldades para aceitar essa união – há mais delegados e até “podem surpreender numa convenção”.