adilson trindade
O PMDB está pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a não ser cabo eleitoral dos candidatos do PT nos estados em que os dois partidos estão “rachados”. É o caso de Mato Grosso do Sul, onde o PMDB está em conflito permanente com o PT e sem nenhuma perspectiva de entendimento. Outro problema sem solução, por exemplo, é a Bahia. O ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima (PMDB), lanterninha nas pesquisas, vai enfrentar o governador petista Jaques Wagner apostando numa reviravolta. Ele acredita ser um candidato competitivo, se Lula não desequilibrar a disputa fazendo campanha para Wagner.
André Puccinelli, também, está preocupado com o desequilíbrio na campanha no Estado. Ele só não fechou com a candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência da República por não ter ainda a segurança dos eventuais estragos no seu projeto de reeleição, com Lula pedindo votos para o seu rival, José Orcírio dos Santos (PT).
Mesmo sem anunciar apoio a Serra, ele está acertado com todos os partidos da aliança do PSDB. Ele abriu a segunda vaga de senador para o vice-governador Murilo Zauith (DEM). O acordo ainda não está concretizado, porque o democrata exige de André o mesmo apoio oferecido à candidatura do deputado federal Waldemir Moka (PMDB) na disputa para o Senado. Murilo não aceita entrar na composição da chapa apenas para “tapar buraco”.
Independentemente de Murilo aceitar concorrer ao Senado, sobraram apenas os partidos aliados de Serra para ajudar André na sucessão estadual. Em contrapartida, o governador apoiaria o candidato tucano para presidente da República. Se isto acontecer, Lula declarou a sua intenção de fazer corpo-a-corpo com José Orcírio para derrotá-lo na disputa eleitoral. Ele não aceita a ideia de o governador fazer campanha contra a ex-ministra Dilma Rousseff (PT).
Mato Grosso do Sul não é um caso isolado. Lula prometeu trabalhar pela eleição de todos os aliados de Dilma. Este é o temor - segundo matéria do jornal Estado de São Paulo, da edição de ontem - que está por trás do adiamento da festa para anunciar a chapa presidencial de Dilma com o PMDB do deputado federal Michel Temer (SP) na vice.
O comando do PMDB cobra “rédeas” nos petistas para não atrapalhar os candidatos do partido nos estados. O argumento é não colocar Temer na vice de Dilma, enquanto os candidatos peemedebistas nos estados estiverem em risco de ser massacrados pela popularidade do presidente Lula, subindo nos palanques dos petistas. Com este impasse, Temer avisou Dilma, durante jantar, em Brasília, a decisão do PMDB de só fazer o encontro nacional para aclamá-lo candidato a vice no dia 12 de junho, véspera da convenção do PT. Até lá, ele espera buscar entendimento com os petistas para não prejudicar os candidatos do PMDB nos estados.
André Puccinelli é um que vem pressionando Temer para impedir a participação de Lula na campanha de José Orcírio. Ele teme os efeitos devastador da popularidade do presidente na sua campanha eleitoral.
No início do mês, Lula disse a André, em Ponta Porã, que vai convidá-lo para reunião com Temer. Ele pretende, nesse encontro, acertar palanque duplo para Dilma em Mato Grosso do Sul. Assim, não viria ao Estado fazer campanha de José Orcírio. A proposta não agrada o governador. Ele só admite ajudar Dilma se o PT não entrar na disputa pelo Governo do Estado. O que é improvável hoje, porque o partido, praticamente, sacramentou a pré-candidatura de José Orcírio à sucessão estadual.
José Orcírio, por outro lado, não se importa em ter dois palanques para Dilma em Mato Grosso do Sul. “Tenho claro comigo a importância de dois palanques para a Dilma no Estado. Em nada somos contra. Mas o próprio Lula já mandou avisar que, se o André não apoiar Dilma, vem aqui fazer a campanha do Zeca”, lembrou Orcírio, em entrevista à rádio comunitária Boa Nova FM, de Dourados.