A polícia investiga se Luciene Reis, amante do pai da menina Lavínia, de 6 anos, teve ajuda de uma pessoa para retirar a menina de casa. Ela confessou ter matado a menina, dois dias após o sumiço da criança. O corpo da vítima foi encontrado debaixo da cama de um hotel em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Nesta quinta-feira (3), o delegado-adjunto Luciano Zahar, da 60ª DP (Campos Elíseos), responsável pelas investigações, intimou a mãe, o pai e o avô paterno de Lavínia a comparecerem na delegacia para um novo depoimento, marcado para o dia 14. O delegado pediu também a quebra de sigilo de dados dos familiares.
De acordo com Zahar, ainda é uma incógnita a saída da criança de casa. Ele explicou que no quarto de Lavínia tinha apenas um basculhante de pequena abertura. As portas também não tinham sinais de arrombamento.
Luciene foi presa na quarta-feira (2) e encaminhada para a carceragem de Magé, na Baixada Fluminense. O delegado informou que a tipificação do crime vai mudar. A princípio, Luciene foi indiciada por sequestro seguido de morte, mas com as investigações, a polícia entendeu que a amante premeditou a morte da criança, por isso, ela vai responder por homicídio triplamente qualificado. A pena para este tipo de crime pode ultrapassar 30 anos, já que há agravantes como o motivo fútil e a impossibilidade de defesa da vítima.
"Estamos fazendo diligências para confirmar o que a Luciene disse em depoimento. Precisamos ainda descobrir como a criança saiu de casa e que argumento foi usado para isso. Acredito terminar este inquérito antes do prazo de 30 dias", disse o delegado.
Vingança passional
A princípio, os investigadores suspeitavam que o crime teria sido motivado por dinheiro,
já que Luciene sabia que o pai da menina tinha R$ 2 mil guardados para a compra de uma moto. No entanto, o delegado Luciano Zahar acredita que a morte foi provocada por vingança passional, pois ela não teria aceitado o fim do relacionamento com o pai de Lavínia.
De acordo com a polícia, os proprietários do hotel onde Luciene se hospedou e matou a menina podem responder administrativamente por infração conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Neste caso, Lavínia deveria estar acompanhada dos pais ou responsáveis legais autorizados.
Como foi a morte
Policiais da 60ª DP (Campos Elíseos) enviaram para análise da perícia, na tarde desta quinta-feira (3), o cadarço o qual a menina Lavínia Azeredo teria sido enforcada, além da toalha que estava enrolada em volta de sua cabeça, a roupa e o par de tênis que ela usava no dia do assassinato e ainda a vestimenta da amante.
O delegado Luciano Zahar informou que, em depoimento, Luciene disse que antes de ir para o hotel com a menina, passou em casa e vestiu Lavínia com a roupa de uma de suas filhas. Ainda de acordo com o policial, ela descreveu minuciosamente o homicídio. "Luciene disse que colocou a toalha em volta da cabeça da menina para que ela não gritasse e que tentou sufocá-la com o travesseiro, mas como Lavínia ainda se mexia, usou o cadarço do tênis da menina para enforcá-la", contou o delegado, acrescentando que Luciene ainda citou parentes da menina Lavínia no depoimento que durou mais de quatro horas.
O corpo de Lavínia foi enterrado por volta das 11h desta quinta sob aplausos e músicas religiosas. Cerca de 400 pessoas acompanharam o funeral, no Cemitério Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Para evitar tumultos, a polícia reforçou policiamento na região com vinte homens.
Além de familiares e amigos, a diretora, professores e alunos a escola onde Lavínia estudava compareceram à cerimônia. Eles estavam vestidos de camisa preta.
A pedagoga Mônica Martins Campos, que foi professora de Lavínia no ano passado, estava inconformada. "Já tínhamos programado uma festinha para a volta dela. Ninguém esperava esse fim trágico. Achávamos que era um susto e ela ia aparecer viva", disse. Ela falou que Lavínia era um exemplo de aluna. "Ela era muito especial. Inteligente, carinhosa, um doce de menina, responsável com o material", contou.
Ao fim do enterro, muitas pessoas gritaram em coro "Justiça" e depois "assassina". O pai da menina Lavínia, que chegou carregado ao velório da filha, precisou ser novamente amparado ao final da cerimônia
Imagens mostram amante com menina
Na quarta-feira (2), a Polícia Civil divulgou imagens gravadas pelo circuito interno de segurança de um ônibus que mostram a criança acompanhada por Luciene, momentos após o sequestro.
Segundo a polícia, as imagens foram captadas por volta das 5h25 de segunda-feira, em um ônibus da linha 15, que faz o trajeto Pantanal - Caxias - São Bento. Ela também foi reconhecida por testemunhas do hotel onde o corpo foi achado.
Como foi o caso
Segundo a versão da mãe de Lavínia, por volta das 3h, Rony teria chegado em casa. A filha acordou, Andréia a levou ao banheiro e depois voltou a dormir. Ela disse que trancou a janela do quarto da criança e a porta de casa, que fica no segundo andar de um imóvel.
Às 5h45min ela acordou, como de costume. Não encontrou a filha e viu a porta de casa e a janela do quarto da criança abertas. Rony, neste momento, estava saindo para trabalhar, segundo ela.