Polícia

MILÍCIA NA CADEIA

Name ordenou assassinato de jornalista e ex-delegado-geral

Arrependido, suspendeu serviço que já estava pago

RAFAEL RIBEIRO

01/10/2019 - 10h37
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Além da propriedade da casa onde foi aprendido o arsenal da milicia, os autos do processo envolvendo o grupo paralelo chefiado pela família Name também revelam que Jamil pai chegou a encomendar o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Jorge Razanauskas, e do jornalista Antônio João Hugo Rodrigues. Os crimes não foram concretizados por arrependimento do mandante.

Segundo relato da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro (Garras), Jamil pai chegou a pagar pelas mortes, mas recuou e deu ordem para que elas não se concretizassem (veja ao final)

“Eu não estava nem sabendo. Li apenas pela internet hoje (terça-feira) cedo, não tenho nem o que comentar”, disse Antônio João por telefone à reportagem.

Por meio de suas redes sociais, o jornalista desabafou sobre o assunto.

"Tomei conhecimento, hoje cedo, de notícias segundo as quais eu teria sido jurado de morte pelo bicheiro Jamil Name e seu filho Jamilzinho. Já tinha sido advertido por amigos de algo de muito grave poderia acontecer comigo, com o comando do Condomínio do Mal. Fiquei sempre atento", disse.

"Jamil Name é amigo de poderosos. Que frequentavam sua casa semanalmente, na confraria do vinho. Juízes e desembargadores, deputados estaduais e federais. Boa parte deles, sempre às ordens. Ontem fui homenageado pelo Ministério Publico. No meu curtíssimo pronunciamento, agradecendo a homenagem, tive vontade de falar sobre os riscos cada vez maiores a que rondam jornalistas e empresários de comunicação. Me contive, pois certamente causaria enorme constrangimento. Mas os "poderosos" e ameaçadores tomaram conta de muitos setores políticos e judiciais. Mandam e desmandam. Os amigos obedecem como cordeirinhos. Alguns chegam a ser sócios de Jamil Name. Um absurdo", completou.

Ainda em sua postagem, Antônio João reforçou que o "o mal prevalece sobre o bem." "Para encerrar, uma advertência aos jovens jornalistas. Cuidem-se, pois a bandidagem é cada vez maior", disse. "Para finalizar: não se espantem se os assassinos forem soltos logo. Estarão prontos para matar. Jornalistas, é claro."

O Correio do Estado não conseguiu contato com Razanauskas para falar sobre a citação a seu nome.

Também por telefone, Siufi, que defende Jamil pai, disse que não comentaria os fatos “por ainda não ter chegado a esse ponto do processo”.

INVESTIGAÇÃO

Correio do Estado revelou nesta terça que a operação contra pistolagem terá outras fases, após a aprensão de pen-drives e computadores na casa dos Name, na última sexta.

Segundo Siufi, a luta é para que Jamil pai responda o processo em liberdade, visto que sua saúde stá fragilizada. “Ele precisa tomar sua medicação, está com a pressão muito alta”, disse.

O pedido feito pela defesa no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul na última segunda não foi apreciado e agora seguirá para a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado.

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) festejou o desfecho das ações e disse “que é dever do Estado” combater organizações criminosas.

“É uma operação normal, que envolve o Gaeco, envolve as polícias especializadas em ações de combate a criminalidade. Isso está sendo feito na Capital e em algumas regiões de fronteira também e é dever do Estado proteção ao cidadão de bem, combater criminalidade em todos os níveis, então acho que é algo extremamente fruto de uma parceria, Gaeco, Ministério Público, polícias especializadas, Polícia Federal. A gente está atuando conjuntamente em combater organizações criminosas em todos os níveis e isso é dever do Estado e de todo cidadão de bem”, disse nesta manhã, durante agenda pública.

 

Trecho do processo onde são citadas as ordens para matar jornalista e delgado (Reprodução)

Tragédia

Dracco investiga causas do acidente com aeronave em Nova Andradina

O piloto, de 40 anos, não resistiu à queda, que ocorreu na manhã desta terça-feira (11), em uma plantação em Nova Andradina

11/03/2025 18h30

Reprodução Redes Sociais

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O Departamento de Repressão à Corrupção ao Crime Organizado (DRACCO), esteve no local da queda do avião agrícola que culminou com a morte do piloto, Paulo Roberto Crispim, de 40 anos, em Nova Andradina, município localizado a 298 quilômetros de Campo Grande.

Como acompanhou o Correio do Estado, a aeronave caiu próximo à estrada rural que dá acesso à região do Bairro Laranjal. O Corpo de Bombeiros foi acionado em torno de 9h da manhã. 

O piloto não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no local. Com o impacto da queda, o corpo precisou ser desencarcerado e foi encaminhado para o instituto médico legal (IML).

Imagem Divulgação

Investigação

Conforme apurado pelo Correio do Estado, o Dracco possui uma equipe de especialistas credenciados no sistema de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER).

Entre as atribuições dos agentes está a apuração da dinâmica das causas do acidente. Em conversa com a reportagem, a delegada Ana Cláudia Medina descartou qualquer possibilidade da aeronave estar ligada ao transporte de ilícitos.

Comoção

Por meio das redes sociais, amigos lamentaram o falecimento do piloto que é natural de Bataguassu. 

“Um dos meus melhores amigos. Passamos por muitas coisas juntos. Esses dias, ele esteve em casa e conversamos sobre amizade, sobre não perdermos o contato. Estou muito triste com sua partida. Um grande amigo, muitas histórias. Agora, deu um nó na garganta. Tenho poucos melhores amigos, e o Tetê com certeza sempre foi um deles. Que Deus o ponha em um bom lugar. Descanse em paz, meu amigo”, lamentou um conhecido.
 

"Paulo Roberto Crispim é meu amigo! Hoje o dia não está sendo fácil. Ver seu último "bom dia" no grupo dos amigos dói, mas Deus sabe de todas as coisas. Onde quer que você esteja, nossa amizade será sempre de irmãos. Cuide bem de nós aí do céu, o lugar que você mais gostava de estar, voando com seu avião. Que fatalidade... Mas você sempre estará em nossos corações. Descanse em paz, meu amigo, velho Tetê.
Meus sentimentos a toda a família, que considero como meus próprios familiares", disse outro.

No dia 29 de setembro de 2022, Paulo chegou a publicar um vídeo em que agradecia por ter se tornado piloto agrícola.

Relatório de acidentes

Conforme noticiado pelo Correio do Estado em 10 anos, 17 pessoas perderam a vida em acidentes aéreos em Mato Grosso do Sul.

Os dados são do Painel Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Força Aérea Brasileira, a partir de informações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

As estatísticas incluem casos ocorridos entre 2015 e 2024 e, por este motivo, não entra a morte do piloto Lucas Gomes Basílio Becker, de 35 anos, que aconteceu em janeiro deste ano, na queda de um avião agrícola em Iguatemi.

Segundo o Painel Sipaer, foram registrados 72 acidentes, 38 incidentes graves e 106 incidentes. Dentre estes casos, está o dos apresentadores Luciano Huck e Angélica, registrado em 2015.

Neste acidente, um pane seca causou o pouso forçado do avião turbo hélice que transportava os apresentadores, em fazenda próxima a Campo Grande, no dia 24 de maio de 2015. Pilotos e passageiros tiveram ferimentos leves e perícia apontou que o piloto não teve responsabilidade sobre a falha.

Os acidentes que resultaram em mortes ocorreram nas cidades de Chapadão do Sul, Corumbá, Brasilândia, Campo Grande, Cassilândia, Costa Rica, Coxim, Ivinhema, Jateí, Miranda, Ponta Porã, Santa Rita do Pardo e São Gabriel do Oeste

Acidentes fatais

As mortes resultantes de acidente nos últimos 10 anos ocorreram:

  • 4 em 2017
  • 3 em 2018
  • 5 em 2019
  • 3 em 2021
  • 2 em 2024

Em 2017, um dos casos aconteceu em Cassilândia. No dia 13 de abril, Otávio Borges Rodrigues, de 31 anos, e Luiz Henrique Garcia Ferreira, 29, morreram após a queda de um monomotor em um posto de combustíveis abandonado. As duas vítimas seriam de Itajá (GO) e a causa do acidente foi classificada como indeterminada.

O outro caso, no mesmo ano, foi em Coxim, no dia 28 de maio. O empresário e ex-candidato a prefeito de Araçatuba (SP), Luís Fernando de Arruda Ramos, 47 anos, e o piloto Fábio Pinho, morreram na queda de uma aeronave.

O avião teria decolado da fazenda de Luís, que fica em Porto Esperidião, no interior do Mato Grosso e, durante o trajeto, testemunha relatou ter ouvido barulho e percebeu que a aeronave perdeu altitude, colidiu em árvores e foi tomada pelas chamas. Vítimas morreram carbonizadas. Neste caso, o Sipaer classificou a ocorrência como colisão com obstáculo durante decolagem ou pouso,

Em 2018, foram três acidentes com três mortes.

No dia 27 de fevereiro, o pecuarista Danilo Carromeu Domingues, que havia decolado em Presidente Prudente (SP) e ia rumo a Rio Verde, caiu por volta de 10h da manhã, em Brasilândia.

Segundo informações da polícia, pouco antes da queda, ele teria entrado em contato com torre de controle para relatar problemas na aeronave.

No dia 1º de dezembro, uma aeronave foi encontrada em uma área alagada em Jateí. A suspeita é que o veículo tenha caído no dia 29 de novembro e que haviam quatro pessoas no avião, mas somente o piloto, identificado Gustavo Henrique da Silva, de 23 anos, foi encontrado morto.

Poucos dias depois, no dia 10 dezembro, um avião comercial foi encontrado caído em uma lavoura de soja. O avião decolou por volta das 10 horas de domingo, de um aeroporto em uma propriedade rural, com destino a Juara (MT) e caiu há cerca de 10 km da pista, provocando a morte de Gilsimar Ferreira Freitas, de 41 anos.

O ano de 2019 foi o com maior número de vítimas, sendo cinco em dois acidentes.

O primeiro deles foi no dia 15 de janeiro, em Campo Grande, quando um avião de pequeno porte caiu na região do Aeroporto Santa Maria, na saída para Três Lagoas.

Conforme informações apuradas na época, o avião estava tentando pousar quando ocorreu uma explosão e duas pessoas morreram.

O segundo caso daquele ano foi no dia 8 de setembro e vitimou Igor Davi dos Santos Fernandes, 5 anos, e o delegado aposentado e vereador Messias Furtado de Souza, 55, em Ivinhema. Guilherme Santos Fernandes, 12 anos, também estava na aeronave e morreu dois depois no hospital.

O vereador pilotava um ultraleve quando a aeronave caiu em uma chácara e pegou fogo.

Em 2021, três pessoas morreram em dois acidentes aéreos.

No dia 13 de maio, avião de pequeno porte foi encontrado caída em uma plantação de milho em São Gabriel do Oeste, com duas pessoas mortas.

Em 20 de dezembro, Paulo Alberto Kern, de 57 anos, morreu após a queda de um avião agrícola em uma plantação de eucalipto em Santa Rita do Pardo. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital devido a queimaduras.

Já no ano passado, foram duas mortes em um acidente que ocorreu em Costa Rica, no dia 31 de agosto.

Um avião de pequeno porte caiu próximo a uma usina de açúcar e o piloto e copiloto morreram carbonizados. Testemunhas relataram que a aeronave tentou arremeter antes de cair e explodir.

** Colaborou Glaucea Vaccari

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Polícia procura homem que tentou matar a namorada atropelada em MS

Autoridades divulgaram foto do foragido suspeito de tentativa de feminicídio em Bonito

10/03/2025 19h30

Reprodução PCMS

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A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS) está pedindo auxílio à população para localizar Israel de Paula da Silva, de 36 anos, que tentou matar a namorada atropelada na rua Joana Sorta, na Vila Donária, em Bonito.

No domingo (9), o suspeito, identificado como Israel de Paula da Silva, jogou o veículo contra a vítima, que se escondeu atrás de um muro. Com o impacto, a estrutura caiu.

Segundo divulgação da polícia, apesar do choque, a jovem de 23 anos passa bem. No momento do ocorrido, pessoas que estavam próximas prestaram socorro.

Entenda o caso

Por volta das 5 horas da manhã de domingo, imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que a jovem se aproximava de uma esquina para conversar com um amigo.

Nesse instante, o veículo VW Gol, conduzido por Israel, se aproximou, e a jovem foi surpreendida, fugindo para se esconder atrás de um muro que, com o impacto da batida, acabou desmoronando.

A polícia acredita que a motivação do crime tenha sido ciúmes.

O Corpo de Bombeiros esteve no local, assim como a Polícia Militar. A jovem foi levada ao hospital do município e não corre risco de morte.

Após o crime, Israel abandonou o carro no local e fugiu a pé. Devido à gravidade da ocorrência, o delegado responsável pela investigação, Pedro Guimarães Ramalho, pediu a prisão preventiva do autor.

No entanto, embora a polícia tenha realizado diligências, ainda não conseguiu localizar Israel, que segue foragido. Denúncias anônimas podem ser encaminhadas para a Delegacia de Bonito pelo telefone: (67) 3255-1104.

Reprodução PCMS

Escalada de violência

O crime ocorreu no mesmo dia em que o feminicídio foi incorporado ao Código Penal como uma qualificadora de crime, com a sanção da Lei nº 13.104/15, de 9 de março de 2015.

Um dia após o Dia Internacional da Mulher, que foi marcado por protestos em diversas regiões do Estado.

Reprodução Redes Sociais

Em Campo Grande, no canteiro da Avenida Afonso Pena, cruzes com fotos de vítimas do feminicídio foram fixadas no gramado. Em outro ponto, no cruzamento, a vereadora Luiza Ribeiro (PT) distribuiu panfletos sobre o combate à violência contra a mulher.

Em Dourados, a deputada estadual Gleice Jane (PT) liderou uma marcha com carro de som e aproveitou a ocasião para repudiar a contratação do mandante do assassinato da ex-prefeita Dorcelina Folador, em Mundo Novo.

Nesta segunda-feira (10), a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), cobrou o repasse de verbas para a Casa da Mulher Brasileira e anunciou um conjunto de políticas públicas voltadas para as mulheres.

 

Entre os projetos estão:

  • Sorrindo pra Vida, Emprega Mulher
  • Escola de Capacitação para Mulheres (Scap Semu)
  • Mulheres Inclusivas
  • Mulheres Conectadas
  • Empreenda Bem Mulher
  • Sala da Mulher Empreendedora (em parceria com o Sebrae)
  • Dossiê Mulher e Ouvidoria da Mulher

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, por sua vez aprovou um pacote de medidas visando resguardar a integridade das mulheres  na semana anterior, entre tantas outras ações de órgãos distintos em uma tentativa de frear a escalada da violência de gênero no Mato Grosso do Sul.

Feminicídios

Feminicídios

O 1° feminicídio aconteceu no dia 4 de fevereiro, quando Karina Corin, de 29 anos, foi baleada na cabeça pelo ex-companheiro, Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos, no dia 1° de fevereiro; não resistiu aos ferimentos.

Karina estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Vida de Dourados. Aline Rodrigues, de 32 anos, também estava na loja de celular no momento do ataque e morreu após ser atingida por dois tiros.

Aline era amiga de Karina, e também foi levada para o Hospital da Vida de Dourados em estado grave. Contudo, não resistiu aos disparos, que atingiram a cabeça e o tórax.

O 2° feminicídio registrado foi o da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-noivo Caio Nascimento. 

Vanessa procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) no dia 13 de fevereiro para denunciar o companheiro por violência doméstica e solicitar uma medida protetiva contra ele, mas, ao retornar para casa, deu de cara com Caio na sua própria residência, momento em que começaram uma discussão e ele desferiu diversos golpes de faca contra o pescoço, peito e barriga.

Os vizinhos ouviram os gritos e acionaram a polícia.

Já o 3° caso, aconteceu em Dourados, quando Juliana Domingues, de 28 anos, foi assassinada com golpes de foice pelo marido, no último dia 18, na comunidade indígena Nhu Porã.

O esposo foi identificado como Wilson Garcia, de 28 anos. Ele cometeu o crime na frente do filho do casal, de 8 anos.

No 4° caso, Mirieli Santos, de 26 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro,Fausto Junior no último sábado, 22 de fevereiro. O casal estava discutindo quando o irmão da vítima ouviu os disparos, ela chegou a ser levada ao hospital por Fausto, mas não resistiu aos ferimentos.

O 5º caso aconteceu no dia 24 de fevereiro, o crime aconteceu no município de Juti, localizado a 310 km de distância de Campo Grande.

A vítima teria sido brutalmente atacada pelo seu ex-marido, que, após esgana-la, teria arrastado seu corpo até uma residência e colocado em cima de um colchão, a fim de simular uma eventual morte natural. 

Já a 6º vítima identificada como dentificada como Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos, foi morta no dia 1º de março, carbonizada em um poço no bairro Aero Rancho em Campo Grande.

** Colaborou Alicia Myiashiro

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