Há pouco mais de uma semana para o Dia de Finados, no dia 2 de novembro, os três cemitérios da Capital - Santo Antônio, São Sebastião e Santo Amaro - têm sido alvo de ladrões e peças que decoram os túmulos dos entes queridos são levados e vendidos, geralmente em troca de drogas e entorpecentes.
De ontem (24) para hoje (25), o cemitério Santo Antônio, fundado em 1914, sofreu uma “arrastão” e diversos itens foram levados pelos bandidos. Vasos de cobre, ornamentos, e até fotos e lápides foram levados pelos bandidos. Nem Jesus Cristo e o túmulo da família Name foram poupados. Os suspeitos tentaram levar uma estátua de Jesus, mas falharam, possivelmente por conta do peso do objeto. Os roubos aconteceram nas 41 mil m² da área do local, que pode abrigar cerca de 14,5 mil sepulturas.

A zeladora Clarinda Corrêa da Silva, 54 anos, cuida de 20 túmulos no Cemitério Santo Antônio há seis anos. Ela afirma que os furtos no local são comuns e ocorrem com frequência. “Muitas vezes a gente chega de manhã e tem vaso, estátua, tudo no meio do caminho. É porque os ladrões arrancam e não conseguem carregar, é pesado. E aí vão deixando para trás. Fica tudo bagunçado quase todo dia”.
Os objetos de cobre e bronze menores são os mais visados. “Eles levam coisas pesadas, mas os itens pequenos também, é mais fácil pra tirar”, explicou a zeladora. Normalmente ela trabalha no cemitério três vezes por semana, contratada pelas famílias que são as responsáveis por manter as sepulturas. Mas por conta da proximidade do Dia de Finados vai todos os dias. “Sempre vem os guardas, aí prendem os ladrões. Dois ou três dias fica tudo calmo. Depois volta pior. Semana passada tiveram vários furtos”.
Em nota a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) informou que “faz manutenção periódica dos cemitérios e nesta semana que antecede o Dia de Finados estão mobilizados 50 trabalhadores no serviço de limpeza dos três cemitérios”.
Outra zeladora, que preferiu não ser identificada, trabalhava na limpeza de um dos túmulos enquanto a reportagem estava no local, confirmou os furtos e a falta de segurança do cemitério. “As capelas foram todas roubadas; tentaram levar um santa também que tá solta mas a gente colocou no lugar. [...] Não tem ninguém aqui a noite. As coisas estão aqui, quem quer leva”, disse ela.
A Guarda Civil Municipal (GCM), que é a responsável por cuidar dos três cemitérios públicos de Campo Grande - além do Santo Antônio também do São Sebastião (conhecido como Cruzeiro) e Santo Amaro - informou que mantém rondas periódicas. A assessoria de imprensa da GCM confirmou que os furtos são comuns e ocorrem com frequência nos três locais.
Além disso, não é possível manter uma equipe fixa nos cemitérios, para evitar os casos, isso porque nenhum deles - de acordo com a GCM - tem estrutura adequada para abrigar os agentes. Os suspeitos que cometeram o roubo e os itens levados ainda não foram encontrados.