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CONCILIAÇÃO

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Frente a frente, prefeito, defensores e comerciantes discutirão bloqueio

Marcos Trad e comércio falam em não ceder; defensor público-geral não acredita em acordo para frear contágio

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O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), e o defensor público-geral de Mato Grosso do Sul, Fábio Rombi, ficarão frente a frente na tarde desta sexta-feira (7) para uma rodada de conciliação, convocada pelo Poder Judiciário, após o órgão comandado por Rombi ingressar com uma ação civil pública pedindo que a prefeitura da Capital fosse obrigada a implantar bloqueio de atividades comerciais e de serviços, semelhante ao de março, para frear o avanço da pandemia da Covid-19 na cidade.

Ontem à tarde, o prefeito Marcos Trad (PSD) afirmou que não pretende apresentar proposta alguma no encontro. Fábio Rombi, por sua vez, não acredita que um acordo possa ser costurado hoje.

Com isso, o “cabo de guerra” entre as instituições pode não ser resolvido na base da conversa, como foi orientado pelo juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande em decisão na quarta-feira. 

Também participam do encontro o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a Junta Comercial de Campo Grande, representantes de entidades, como Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (Acicg). 

A Federação das Indústrias (Fiems) também pediu para participar.

Propostas

De acordo com Rombi, a Defensoria vai para ouvir os dados que a prefeitura possa ter a apresentar e também para analisar uma possível contraproposta que a administração possa a ter. 

“Cabe à prefeitura duas alternativas, dizer que não tem porque oferecer proposta ou oferecer algo e que pode ser aceito caso atenda minimamente o interesse da Defensoria”.  

Entretanto, o prefeito de Campo Grande já adiantou que não pretende apresentar nenhuma proposta e que sua equipe vai com a intenção de defender o decreto em vigor, que reduziu o horário do toque de recolher e ampliou o tempo de funcionamento do comércio.

“A prefeitura entende que nesse momento não há necessidade de nenhuma das três medidas [lockdown – quarentena geral –, ampliar toque de recolher e aplicar a lei seca, estes dois últimos propostos pelo Ministério Público]. Nós vamos apresentar tecnicamente dados que demonstram que nossa cidade sempre esteve segura e muito distante de colapso”, garante Trad.

Além da Defensoria, o Ministério Público também defendeu, por meio de uma recomendação, que a prefeitura tomasse medidas para aumentar o isolamento social, como a implantação da lei seca e do toque de recolher às 17h.

Números

O prefeito diz que um desses dados técnicos a serem apresentados é que Campo Grande é a capital com mais de 500 mil habitantes com a menor taxa de letalidade da doença

Os números foram tirados da base de dados do Dataglass, que usa dados do Ministério da Saúde.

Conforme a ferramenta, a taxa de letalidade da Capital é de 1,3%, sendo que a menor do País é de Palmas (TO), com 0,8%. Porém, a cidade tem menos de 300 mil habitantes e Campo Grande tem quase 900 mil.

A prefeitura não levou em consideração outro dado que também consta no site: a incidência da doença por 100 mil habitantes. Conforme a Dataglass, a capital de Mato Grosso do Sul é apenas a quinta menor, perdendo para Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR), cidades com uma população maior que Campo Grande.

“Acredito que acordo será bastante difícil de ser costurado nesta reunião. É uma causa muito complexa, são muitos interesses envolvidos. Entendemos ser legítima a pretensão do setor comercial, entretanto, convencê-los de que tem outros direitos, como a vida, que também devem ser preservados é uma conversa difícil”, afirmou o defensor-geral.

Prosseguir

A Defensoria usa como base o avanço da doença em Campo Grande para pedir o fechamento das atividades que não são consideradas essenciais. 

Assim como número do programa Prosseguir, do governo do Estado, que mostra que o município está em grau extremo da pandemia.

A plataforma, que foi construída em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), estabelece regramentos para os municípios, a partir de notas aplicadas de acordo com o avanço da doença. 

Na atual situação da Capital, apenas as atividades essenciais são permitidas, entretanto, o programa não classifica isso como lockdown, já que 57 atividades comerciais (como autopeças, indústrias, serviços de manutenção, supermercados, postos e farmácias, entre outras) são permitidas e o ir e vir da população não fica restringido.

Em pouco mais de um mês, a cidade passou dos 2.612 casos confirmados da Covid-19 para 11.795. A cidade fechou junho com 8 mortes e hoje já são 158, alcançados em 37 dias. Neste período, o município se tornou o epicentro da doença em Mato Grosso do Sul e é responsável por 34% do total de óbitos pela doença no Estado.

Outro ponto usado como referência para o cerceamento de outras atividades é a ocupação de unidades de terapia intensiva (UTIs). 

De acordo com dados do governo do Estado, a taxa ontem era de 89%, e no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, a referência para o tratamento da doença na cidade, três leitos críticos estavam disponíveis.

O prefeito reafirma que a gestão tem “controle” sobre a pandemia e pretende mostrar isso no encontro. “Todas as reuniões que buscam o bem comum, elas são proveitosas. Tanto a Defensoria quanto o Ministério Público estão imbuídos do melhor propósito, cada um tem a sua interpretação, todavia todos querem ajudar”.

A reunião ocorre às 13h30min, no gabinete da Vara de Falência, Recuperação Judicial e Cartas Precatórias Cíveis.

Evolução da Covid-19 em Campo Grande

02/07
Casos em 24 horas: 121
Total de casos: 2.612
Óbitos: 13

09/07
Casos em 24 horas: 233
Total de casos: 3.812
Óbitos: 28

16/07
Casos em 24 horas: 316
Total de casos: 5.497
Óbitos: 49

23/07
Casos em 24 horas: 332
Total de casos: 7.680
Óbitos: 81

30/07
Casos em 24 horas: 353
Total de casos: 9.644
Óbitos: 119

06/08
Casos em 24 horas: 337
Total de casos: 11.795
Óbitos: 158

GOOGLE-NEGÓCIOS

CEO do Google destoa de Musk, defende obedecer STF e diz que na internet não vale qualquer coisa

Nas últimas semanas, o empresário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), ameaçou o descumprimento de ordens da Justiça brasileira

17/04/2024 22h00

Após a repercussão recente envolvendo o caso Musk, o projeto será rediscutido do zero pela Câmara dos Deputados Divulgação Redes Sociais

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O presidente do Google no Brasil, Fabio Coelho, disse que as decisões judiciais, especialmente as do STF (Supremo Federal Federal), devem ser cumpridas pelas plataformas que operam no país.

Nas últimas semanas, o empresário Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), ameaçou o descumprimento de ordens da Justiça brasileira quando "elas violarem a lei do país". A defesa da rede social, porém, afirmou ao Supremo que as determinações da corte "permanecem e continuarão a ser integralmente cumpridas".

Coelho afirmou que as plataformas possuem termos de uso, que estão sujeitos ao arcabouço legal do país, e que o respeito às ordens judiciais é uma das políticas de combate à desinformação praticadas pela plataforma.

"Decisões judiciais de primeira instância podem ser discutidas, pode haver recursos, mas quando [o processo] chega no Supremo Tribunal Federal ou no Tribunal Superior Eleitoral [TSE], essas decisões têm que ser cumpridas, não se discute. Acho muito importante colocar isso em perspectiva porque a internet não é um espaço onde vale qualquer coisa", afirmou em painel do Web Summit Rio.

"Algumas linhas não podem ser cruzadas não apenas pelas empresas, mas também pela sociedade. O exercício da cidadania pressupõe a liberdade de expressão, mas ela não inclui homofobia, racismo, crime de ódio e incitação à violência", disse Coelho.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, o Google lançou no ano passado uma ofensiva contra o PL das Fake News, cujo objetivo era regulamentar as redes sociais. A Polícia Federal concluiu que a atuação da companhia configurou "abuso de poder econômico, manipulação de informações" e uma possível violação contra a ordem de consumo.

Após a repercussão recente envolvendo o caso Musk, o projeto será rediscutido do zero pela Câmara dos Deputados.

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Colapso hospitalar

Sem leitos e vagas nos centros cirúrgicos, gestantes sofrem com superlotação em hospitais

Crise de superlotação em maternidades de Campo Grande coloca em risco gestantes e bebês. HU e Santa Casa pedem medidas emergenciais para normalizar o atendimento

17/04/2024 18h09

A superlotação é atribuída principalmente ao elevado número de partos prematuros, possivelmente resultado de um pré-natal irregular e insuficiente. Reprodução

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As maternidades dos hospitais referências em gestação de alto risco em Campo Grande enfrentam uma grave crise de superlotação, com todas as categorias de leitos atingindo sua capacidade máxima. A falta de espaço nos centros cirúrgicos coloca em risco a saúde das gestantes e bebês, comprometendo a qualidade do serviço oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No Hospital Universitário, a situação chegou a um ponto crítico, com gestantes sendo atendidas nos corredores da instituição e leitos improvisados para dar conta da demanda. Fotos e vídeos compartilhados por pacientes denunciaram a alarmante situação.

Em resposta às denúncias, o Hospital Universitário atualizou que a situação de sobrecarga na maternidade, centro obstétrico e sala de pré-parto passou de ‘muito grave’ para ‘moderada’. No entanto, ainda há recém-nascidos aguardando vaga em UTI neonatal ou Unidade de Cuidados Intermediários.

“Hoje estamos com 3 recém nascidos no centro obstétrico aguardando vaga de UTI neonatal ou de Unidade de Cuidados Intermediários. No alojamento conjunto (enfermaria da maternidade) temos 8 pacientes extras, alguns no corredor, mas já temos previsão de alta, o que já alivia um pouco. Essa melhora foi possível porque a Central de Regulação, através da Secretaria Municipal de Saúde, parou de encaminhar gestantes em "vaga zero" por vários dias e viabilizou algumas vagas para transferência de recém nascidos para outros hospitais”, diz a nota enviada ao Correio do Estado.

A superlotação é atribuída principalmente ao elevado número de partos prematuros, possivelmente resultado de um pré-natal irregular e insuficiente. Diante disso, o hospital solicitou à Central de Regulação Municipal e ao Ministério Público a interrupção do encaminhamento de novos pacientes até que a situação seja normalizada.

“Acreditamos que essa superlotação, tanto no Humap/UFMS, quanto nos outros hospitais de Campo Grande, se deve por número excessivo de partos prematuros que ocorrerem, muito provavelmente por um pré natal realizada de maneira irregular e insuficiente, entretanto, não temos dados mais objetivos sobre isso pois a maioria das pacientes que vem ao HU ter seu bebê, faz pré natal em outros serviços de Campo Grande ou municípios do interior”, acrescenta o Humap.

Foto: Santa Casa CG

Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) reconhece a gravidade da situação e afirma estar em contato com todas as instituições contratualizadas para reorganizar e redistribuir os pacientes de acordo com a capacidade de cada unidade.

“Campo Grande é referência no atendimento terciário de mais de 33 municípios no Estado, sendo comum a transferência de pacientes destas cidades, dando o suporte e atendimento adequado a essas pessoas. Neste momento a Sesau, através da Superintendência de Relações Institucionais em Saúde, está em contato com todas as instituições contratualizadas pela pasta e que possuem maternidade visando a reorganização e redistribuição dos pacientes conforme a capacidade de cada uma destas unidades.”.

Cabe destacar que além do Hospital Universitário, outros hospitais que atendem gestantes de alto risco, como o Hospital Regional e a Santa Casa de Campo Grande, também enfrentam superlotação e pedem intervenção das autoridades para resolver o problema.

“A superlotação é uma realidade em todos os grandes hospitais de Campo Grande. O HRMS é uma unidade referência em gestação de alto risco e a regulação de acesso desses pacientes é pelo CORE (SESAU). Além disso, por ser uma unidade credenciada como Hospital Amigo da Criança, também recebe pacientes por demanda espontânea. A disponibilidade de vagas varia de acordo com a complexidade e tempo dos atendimentos/tratamentos”, relata o Hospital Regional.

Foto: Santa Casa CG

Já a Santa Casa de Campo Grande revelou que até o final da manhã de hoje (17),  5 pacientes estavam internados na admissão, com todos os leitos da enfermaria ocupados. Além disso, uma gestante em isolamento ocupa um leito de sala de parto, uma vez que não o hospital está sem leitos específicos para isolamento devido à superlotação.

“No total, 16 gestantes estão internadas no serviço, e outras 5 aguardam vaga na enfermaria devido à indisponibilidade de leitos. Essa sobrecarga é uma realidade enfrentada por outras maternidades, especialmente aquelas que atendem gestações de alto risco. A superlotação é uma constante e a rede de saúde não está se redimensionando adequadamente em resposta ao crescimento populacional e à complexidade dos casos”, afirmam.

Por fim, a Santa Casa faz um apelo para que às autoridades competentes que considerem medidas emergenciais para ampliar a capacidade de atendimento e garantir a segurança das gestantes e recém-nascidos.

Nossa equipe de reportagem questionou o Ministério Público de Mato Grosso do Sul sobre o ofício enviado pelo Hospital Universitário pedindo intervenção. No entanto, até o fechamento desta matéria, não tivemos retorno.

Maternidade Cândido Mariano se dispõe a receber gestantes

Em resposta à crise, a Associação de Amparo à Maternidade e à Infância (AAMI) ofereceu-se para receber gestantes sem vagas do Hospital Universitário em sua maternidade Cândido Mariano, que atende gestantes de médio a baixo risco.

“A AAMI vem por intermédio da sua Diretora Técnica, tendo em vista a superlotação do Hospital Universitário, informar que está à disposição para receber gestantes de pré natal de baixo risco com gestação a termo para parto normal ou cesárea. Sem mais, aproveitamos a oportunidade e reiteramos nossos protestos de estima e consideração.”, diz a nota da maternidade Candido Mariano.


Novo pac saúde prevê mais duas maternidades em MS

Para resolver o problema de forma estrutural, o Novo PAC Saúde prevê a construção de mais duas maternidades em Mato Grosso do Sul, além de centros de parto normal em diversas cidades, visando melhorar o atendimento e reduzir o risco de desassistência e violência obstétrica enfrentados pelas mulheres do estado.

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