Cidades

EXIGÊNCIAS

Prevenção contra incêndio é cinco vezes mais cara em MS

Vistoria dos bombeiros vale por cinco anos em SP, RJ e MG; aqui, por um ano

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Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros com o menor prazo de validade das vistorias técnicas do Corpo de Bombeiros, que visam certificar que o local está fora do risco de sinistros, como incêndios. Os empresários do Estado, para ficarem em situação regular, têm a obrigação de submeter seus estabelecimentos à visita dos militares todos anos.

O processo para solicitar a vistoria exige um profissional cadastrado no Corpo de Bombeiros para fazer o projeto, outro profissional para fornecer a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de conformidade elétrica e manutenção dos preventivos, atestado de brigada de incêndio (curso oferecido aos funcionários e pagos pela empresa) – dependendo da área edificada. Tantas exigências propiciaram a criação de “indústria” de profissionais, gerando altos custos para as empresas.

Em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo, o comerciante têm acesso a certificados que duram até cinco anos, o que torna a operação mais simples e barata. O prazo curtíssimo, em Mato Grosso do Sul, gera reclamações por aumentar os custos de produção, e atingir empresas que oferecem baixo risco de acidentes. 

Este é o caso da indústria Vó Ermínia Alimentos, uma empresa familiar que produz temperos e farofas. Segundo o gerente do local, Gabriel Galvanini, todos os anos eles solicitam a visita dos bombeiros para a vistoria, porém, de um ano para outro não há alterações a serem feitas. “Essa vistoria é algo que poderia ter uma validade maior, de 2 a 3 anos, porque de um ano para o outro não fazemos mudanças significativas no projeto. Então não tem o que vistoriar”, afirmou.

Cada visita dos bombeiros custa R$ 362,73 à indústria (o valor varia de acordo com o tamanho do imóvel e pode chegar a mais de R$ 800). Entretanto este não é o único valor pago porque, além da corporação, um engenheiro elétrico precisa visitar o local anualmente para conceder um atestado de conformidade elétrica, exigido pelos bombeiros para que o certificado final seja emitido. 

“Este ano mesmo eu paguei R$ 1 mil para o engenheiro vir aqui e não fazer nenhum tipo de pedido de mudança. Então eu paguei só para ter um papel”, reclamou o empresário.

Ainda conforme Galvanini, a empresa funciona no local há sete anos e neste tempo apenas uma vez fez modificações elétricas consideráveis. “Eu sempre faço a mais do que exigem, por exemplo, tenho um número de extintores maior do que a legislação prevê, tenho alguém que me atende regularmente na parte elétrica”.

A reclamação é apoiada pelo contador e conselheiro da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Gilberto Félix. “Esse prazo de um ano é muito generalista, engloba todo tipo de empresa, das que apresentam risco até as que tem risco zero. Um escritório de advocacia, por exemplo, qual a necessidade de se fazer uma vistoria por ano? Não tem justificativa para um prazo tão curto se não houve uma mudança significativa”, opina.

O profissional vai alé, e diz que cada caso é um caso e deveria ser avaliado de forma individual. “Quando você faz uma construção, coloca-se uma fiação que deve durar, pelo menos, 20 anos, então qual a necessidade de um prazo tão curto? Acho que o Corpo de Bombeiros deveria entender a necessidade e avaliar a atividade de casa construção”, completou.

Além de elevado custo anual, a vistoria rouba tempo dos empresários e dos bombeiros. É necessário solicitar a vistoria - que demora de 30 a 40 dias para acontecer - com antecedência. “Demora um tempo para eles virem e acredito que seja também por conta da demanda e ajudaria até eles mesmos se esse tempo fosse estendido”, pede Galvanini.

A reclamação geral é que muitas vezes, a cada renovação, as exigências se ampliam exageradamente, mesmo que o proprietário não tenha efetuado nenhuma mudança física no imóvel.

LIBERDADE ECONÔMICA

Para Fé lix, o melhor seria que cada tipo de empreendimento tivesse o seu prazo de validade da vistoria, de acordo com a atividade-fim que o negócio exercesse. Neste sentido a lei da Liberdade Econômica, que foi sancionada pelo Governo Federal no mês passado pode ajudar na mudança.

Apesar de não deixar estabelecido oficialmente um prazo de validade do documento, a lei flexibiliza a burocracia e pede bom-senso aos órgãos para que não impeça os empresários de empreenderem. 

“A lei trouxe para a discussão esses pontos burocráticos, para que eles sejam justamente revistos. Essa é uma briga de longa data dos empresários, porque esse valor acaba repercutido no valor final do produto. Espero que os bombeiros revejam em que situações esse prazo possa ser estendido e haja uma mudança”, pede o representante da ACICG.

POSIÇÃO

Em contato com o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, a reportagem foi informada de que as mudanças referentes a lei da Liberdade Econômica estão em andamento e deverão acontecer até o final deste mês.

“Há vários meses que o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul trabalha nas novas diretrizes que a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica traria sobre os ‘Atos de liberação’ pelos Órgãos Públicos. Antes mesmo da sanção da MP-881, o Corpo de Bombeiros já havia realizado as devidas adequações nas normas técnicas que tratam da prevenção contra incêndio e emergência. No entanto, a publicação das atualizações normativas carece de trâmite burocrático e tem previsão para ocorrer até o final do mês de outubro”, diz a Corporação em nota.

O comandante dos bombeiros, coronel Joilson Alves do Amaral, afirmou no entanto, que as modificações deveriam ser entregues para que ele analisasse e aprovasse na semana passada semana e que depois disso o documento passaria para o secretário de Segurança (Sejusp), Antônio Carlos Videira, para ele confirmar e publicar em Diário Oficial.

D-Edge

Tradicional casa noturna de campo-grandense em SP abriga culto evangélico e vira alvo de polêmica

Espaço em São Paulo repercutiu após cantora e pastora Baby do Brasil discursar que mesmo em casos de abuso sexual, o perdão deve ser incondicional

14/03/2025 18h30

Em culto, cantora e pastora Baby do Brasil pediu para que vítimas de abuso sexual 'perdoem' seus agressores

Em culto, cantora e pastora Baby do Brasil pediu para que vítimas de abuso sexual 'perdoem' seus agressores Foto: Reprodução

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Uma casa noturna de São Paulo repercutiu nas redes sociais após a realização de um evento evangélico ocorrido na noite da última segunda-feira (10).

Durante o culto, a cantora e pastora Baby do Brasil discursou dizendo que, mesmo em casos de abuso sexual, se ocorrido dentro da família, o perdão deve ser incondicional.

Conforme a pastora, "Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi da família, perdoa", enfatizou. O comentário gerou várias críticas e debates.

Após a imediata repercussão negativa, o campograndense e dono do estabelecimento, Renato Ratier, publicou uma nota oficial nesta tarde de quarta-feira (12).

No texto, o empresário destacou que o discurso não representa seus valores e nem os da D-Edge, nome oficial da tradicional casa noturna.

"Infelizmente, algumas falas isoladas de convidados vão contra aquilo que acredito. Antes de mais nada, quero expressar meu profundo respeito a todas as pessoas que foram atingidas por declarações de terceiros durante o culto e reafirmar os valores que sempre guiaram minha trajetória. Jamais foi minha intenção ferir ou desrespeitar qualquer pessoa", disse Ratier.

O campograndense reforçou ainda que o evento foi um caso isolado e que a programação tradicional deve retornar.

"O evento do culto foi uma exceção isolada e não irá mais acontecer. A casa continua com suas atividades normais, oferecendo a cada noite um espaço de música eletrônica, como sempre fez", concluiu.

Influente na cena da música eletrônica, vale destacar que a D-Edge já foi palco de apresentações de artistas renomados do gênero, como Steve Aoki, Mark Farina e Gui Boratto. 

O culto "Frequência de Deus" foi marcado por louvores e testemunhos religiosos e reuniu aproximadamente 150 pessoas na casa noturna.

Confira a nota publicada por Renato Ratier:

 

 

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RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Concessionária que administra usina de MS é processada pelo MPF

A UHE Ilha Solteira, localizada no Rio Paraná e instalada entre o município paulista e Selvíria, está há mais de 50 anos sem cobertura florestal, segundo ação do órgão fiscalizador

14/03/2025 17h00

Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, com a concessionária processada pelo MPF

Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, com a concessionária processada pelo MPF Foto: Divulgação

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A concessionária Rio Paraná Energia S.A., que administra a Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira (SP), localizada no Rio Paraná e instalada entre o município paulista e Selvíria, está sendo processada pelo Ministério Público Federal (MPF) por “negligenciar” a cobertura florestal do reservatório.

Segundo ação civil pública, o órgão fiscalizador cobra que a concessionária realize a recuperação ambiental da faixa que contorna todo o lago da usina no prazo estabelecido na licença ambiental.

Ainda, o MPF reforça que desde 2016, quando a empresa “adquiriu” a administração da unidade, reflorestou apenas 3,66% do que deveria na área degradada: 235,5 hectares contra 6.427,91 hectares.

Diante disso, o órgão exige que a Justiça Federal ordene que a concessionária plante 671 mil mudas de árvores por ano, além de investir R$ 7,7 milhões anuais em medidas para a recomposição florestal. Tudo isso dentro de 16 anos, já que o limite previsto na licença de operação da usina é de 25, mas nove já passaram.

Também consta na ação que a Rio Paraná deve iniciar o plantio de uma faixa de árvores na divisa entre a área de preservação permanente da unidade e as propriedades vizinhas dentro de 90 dias, como se fosse um primeiro passo para o cumprimento da punição.

Esse mesmo prazo de três meses também vale para a empresa elaborar um projeto ambiental de reflorestamento da área, com cronograma detalhado, solicitado pelo MPF e já pedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) há quatro anos, mas sem resposta adequada da concessionária.

Como forma de comprovar que a empresa tem condições de realizar todas essas solicitações, o MPF afirmou que todo o investimento necessário para concluir o reflorestamento representa menos de 6% do lucro líquido da Rio Paraná, que chegou a R$ 2,2 bilhões em 2023.

Por fim, o órgão pede que haja punições para a empresa no caso de descumprimento das medidas, como, por exemplo, R$ 100 milhões para cada ano de atraso na conclusão do reflorestamento.

UHE Ilha Solteira

A Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira começou suas operações em julho de 1973. Hoje, ela é uma das dez maiores usinas do Brasil em capacidade instalada, com 3.444 MW.

Segundo dados da CTG Brasil, detentora da empresa Rio Paraná Energia S.A., gerou no ano passado cerca de 11.768.314 MWh, suficiente para abastecer uma cidade com cerca de 4 milhões habitantes.

O reservatório da UHE Ilha Solteira tem um volume de cerca de 21 bilhões de m³, o equivalente a seis vezes a Baía da Guanabara no Rio de Janeiro.

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