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Contra Covid-19, vacina BCG começa a ser aplicada em voluntários em Campo Grande

Capital de Mato Grosso do Sul e cidade do Rio de Janeiro são as únicas a realizar pesquisa no Brasil

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Uma das principais vacinas do mundo, Bacillus Calmette-Guérin, conhecida como BCG, que tomamos ao nascer para prevenir a tuberculose, está sendo testada para uma possível prevenção ao coronavírus. Campo Grande foi uma das capitais escolhidas para aplicar o estudo clínico, chamado de Brace Trial Brasil (BTB), em profissionais da saúde. A aplicação da vacina começou nesta segunda-feira (19) na sede da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Ao todo, dois mil profissionais da saúde, que incluem não apenas os médicos e enfermeiros, mas motoristas de ambulância, recepcionistas de instituições, trabalhadores da limpeza e manutenção diária, poderão ser voluntários do estudo clínico. Segundo informações, todos passarão por uma entrevista e testagem sorológica antes de revacinarem a BCG e os voluntários serão acompanhados semanalmente por até 12 meses após a revacinação.

“É uma vacina antiga, ela tem atuação direta ao combate à infecção de vírus respiratório, tanto em crianças como idosos, estamos em estudo clínico para que ela possa garantir algum benefício no combate à Covid-19”, explicou o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Júlio Croda.

Ainda segundo o infectologista, o objetivo inicial do projeto que envolve diversos países como Austrália, Espanha, Reino Unido, Holanda e agora o Brasil, é testar diretamente nos profissionais que tem o maior risco de contágio do coronavírus, que são os profissionais da saúde. “A pesquisa irá recrutar mais de 10 mil trabalhadores do mundo todo para podermos acompanhar, neste um ano, reações e/ou sintomas de Covid-19 e possíveis evoluções com a vacina da BCG”, explicou.

Voluntário n.º 1

Enfermeiro há nove anos e professor substituto da UFMS há um ano, Everton Ferreira, 32 anos, que também acumula o título de doutor em Doenças Infecciosas foi o primeiro voluntário para tentar ajudar a encontrar uma possível vacina da doença que assolou o mundo. “Estou me sentindo um cidadão consciente porque a gente entende que é uma pesquisa importante para o fomento de políticas públicas conscientes, pautadas na ciência e como profissional da saúde, pesquisador me sinto orgulhoso em acreditar nesse estudo e em ter essa oportunidade de colaborar com a sociedade”, enfatizou o voluntário.

Quanto às expectativas positivas, obviamente, da possível vacina da BCG atuar diretamente ao combate do coronavírus, o primeiro voluntário diz: “vários estudos já tem sido publicado mostrando um impacto positivo em relação ao que a BCG traz, em termos de proteção de doenças respiratórias, então estamos com todas as expectativas positivas possíveis com esse estudo clínico”.

 

Efeito Colateral

Sobre os possíveis efeitos colaterais, o infectologista garante que, por ser uma vacina antiga e ter uma reação imunológica muito forte, a equipe de saúde tem um certo preparo a ela. “A gente conhece essa vacina desde 1921, ela é usada por mais de 120 milhões de crianças anualmente, portanto as reações dela são bastante específicas, diferente das reações da vacina da Covid-19, que é totalmente desconhecida e que estamos descobrindo”, argumentou.

Para a coordenadora da Fio Cruz em Mato Grosso do Sul, Gislaine Guilhermino, apesar de ainda não existirem evidências científicas que a BCG tenha um impacto na prevenção de casos de Covid-19, o estudo vem para avaliar essa testagem. “Além do resultado da pesquisa, o que esperamos é que seja positiva, penso que o estudo traz um legado para Mato Grosso do Sul e um destaque para nossa competência técnica e científica”, avalia.

Já sobre Mato Grosso do Sul acolher a pesquisa nos profissionais locais, a coordenadora diz que é um protagonismo importante para o Estado. “Reforça Mato Grosso do Sul como um centro de pesquisa clínica qualificado, dentro de critérios internacionais e faz com que a gente seja capaz de atrair novos estudos científicos”, finaliza.

Vale ressaltar que, além de Campo Grande, a pesquisa será feita também na cidade do Rio de Janeiro. Para ser um voluntário é necessário realizar um pré-cadastro no site da UFMS ou procurar a Faculdade de Medicina da entidade.

Saúde

Anvisa tem maioria para manter proibição de cigarros eletrônicos

Medida está em vigor desde 2009

19/04/2024 20h00

Sarahjohnson/ Pixabay

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A maioria dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votou nesta sexta-feira (19) por manter a proibição aos cigarros eletrônicos no Brasil. Com esse placar, continua proibida a comercialização, fabricação e importação, transporte, armazenamento, bem como de publicidade ou divulgação desses produtos por qualquer meio, em vigor desde 2009. 

Dos cinco diretores, três votaram a favor da proibição. Faltam os votos de dois diretores.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), conhecidos como cigarros eletrônicos, são chamados de vape, pod, e-cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar e heat not burn (tabaco aquecido). Dados do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel 2023) revelam que 4 milhões de pessoas já usaram cigarro eletrônico no Brasil, apesar de a venda não ser autorizada.

O diretor-presidente da Anvisa e relator da matéria, Antonio Barra Torres, votou favorável à manutenção da proibição desses dispositivos.

“O que estamos tratando, tanto é do impacto à saúde como sempre fazemos, e em relação às questões de produção, de comercialização, armazenamento, transporte, referem-se, então, à questão da produção de um produto que, por enquanto, pela votação, que vamos registrando aqui vai mantendo a proibição”.

Antonio Barra Torres leu por cerca de duas horas pareceres de 32 associações científicas brasileiras, os posicionamentos dos Ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Fazenda e saudou a participação popular na consulta pública realizada entre dezembro de 2023 e fevereiro deste ano, mesmo que os argumentos apresentados não tenham alterado as evidências já ratificadas pelos diretoras em 2022.
Em seu relatório, Barra Torres se baseou em documentos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da União Europeia, em decisões do governo da Bélgica de proibir a comercialização de todos os produtos de tabaco aquecido com aditivos que alteram o cheiro e sabor do produto. Ele citou que, nesta semana, o Reino Unido aprovou um projeto de lei que veda aos nascidos após 1º de janeiro de 2009, portanto, menores de 15 anos de idade, comprarem cigarros.

Ele mencionou ainda que a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (U.S Food and Drug Administration) aponta que, mesmo com a fiscalização, há comércio ilícito desses produtos.

O diretor ainda apresentou proposições de ações para fortalecimento do combate ao uso e circulação dos dispositivos eletrônicos de fumo no Brasil. 
 

Cidades

Justiça recusou 6 pedidos de tratamento para réu que morreu na prisão, diz advogado

José Roberto de Souza, acusado de matar o empresário Antônio Caetano de Carvalho durante audiência no Procon, morreu de complicações causadas por uma pneumonia

19/04/2024 18h30

Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Defesa do ex-policial militar reformado, José Roberto de Souza, que morreu nesta manhã em decorrência de complicações causadas pela Influenza tipo A, alega que a Justiça recusou seis pedidos de atendimento médico ao réu nos últimos oito meses.

O ex-pm está preso desde o dia 16 de fevereiro de 2023, três dias após o crime que resultou na morte do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, no Procon/MS.

A defesa foi informada da morte por volta das 11 horas da manhã desta sexta-feira (19). O último pedido para tratamento médico havia sido feito pouco antes da morte de José, às 8h.

"Este caso deixa tanto a mim quanto a minha equipe, em uma situação extremamente triste, até com uma sensação de impotência. Porque eu e o doutor Jackson, que foi quem manuseou grande parte dos pedidos desde que aconteceu aquele fatídico problema no Procon, temos informado ao juiz da segunda vara do tribunal do júri as complicações físicas da doença que o nosso cliente possuía", declarou o advogado de defesa, José Roberto da Rosa.

Segundo o advogado, além de problemas psiquiátricos, o réu possuía doença renal crônica e diabetes, além de complicações cardíacas. O primeiro pedido para atendimento médico de José foi feito em setembro do ano passado, mas recusado, já que o Ministério Público teria alegado que a defesa não teria conseguido provar que o cliente estava doente.

"Chegou em um ponto que nós interpusemos um habeas corpus junto ao tribunal, não obtivemos a prestação jurisdicional, e antes da saída para o final do ano [2023], nós ingressamos com outro habeas corpus, mais precisamente no dia 22 de dezembro, onde havíamos dito que o nosso cliente estava doente e precisava de tratamento", acrescentou Rosa.

A única medida tomada pela Justiça, segundo o advogado, foi retirar o réu do presídio militar, onde ele não estava recebendo os tratamentos adequados - por falta de escolta e por falta de médicos -, para transferí-lo a outra unidade penal "comum", onde ele poderia receber atendimento médico especializado.

"Ao invés de determinar que ele fosse tratado, o Tribunal de Justiça tirou a condição dele de policial militar e o direito de estar no presídio militar, e o mandou para um presídio comum. Aí ele ficou no Centro de Triagem, com o atendimento dos médicos", explicou o advogado. 

Na última semana, os advogados foram visitar José, que pediu por socorro. Ele teria pedido "doutor, eu preciso de atendimento médico".

"E todos os pedidos rechaçados pelo juiz da segunda vara do tribunal do júri. O habeas corpus, que nós entramos em dezembro do ano passado, até hoje não foi posto em mesa para julgamento. Então, é uma decepção enquanto advogado", afirmou Rosa.

Segundo o advogado, a morte de José pode ser colocada na conta do Poder Judiciário.

"A  conta sobre a morte desse homem é exclusivamente debitada ao Poder Judiciário. Talvez agora, com a certidão de óbito, a gente consiga provar que o nosso cliente estava doente, porque foram oito meses de peticionamento em que promotor disse que nós não conseguimos provar que o nosso cliente estava doente, onde todos os pedidos que foram encaminhados, o juiz de direito, que oficia perante a segunda vaga do Tribunal do Júri, disse que não ia liberar ele para tratamento. Então agora eu vou juntar a certidão de óbito para mostrar que nós tínhamos razão", disse o advogado.

O advogado quer que a família da vítima entre com um processo para culpabilizar o Estado.

"Infelizmente, agora não adianta mais autorizar o tratamento. Ele morreu hoje em decorrência do quadro agravado pelo problema renal crônico. Ele foi contaminado com influenza dentro do presídio, porque o sistema imunológico dele estava muito comprometido, o tratamento que ele precisava receber, ele não recebeu, e infelizmente hoje ele não aguentou", finalizou.

O Crime

No dia 13 de fevereiro deste ano, o empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, foi morto a tiros pelo policial militar reformado, José Roberto de Souza, durante audiência de conciliação realizada no Procon.

A vítima era proprietária da empresa Aliança Só Hilux, especializada em peças de Hilux e SW4, que havia realizado a troca do motor de uma SW4 para José Roberto.

Durante a primeira audiência de conciliação, realizada na sexta-feira anterior, dia 10 de fevereiro, José Roberto pediu que Caetano entregasse as notas fiscais referentes aos serviços prestados pela empresa para a troca do motor de seu veículo blindado, trabalho avaliado em quase R$ 30 mil.

Aproveitando as tratativas, Caetano cobrou do cliente R$ 630 reais devidos, referentes a uma troca de óleo realizada no ano anterior. Na segunda audiência, então, Caetano levaria as notas fiscais e José Roberto o dinheiro que devia.

No entanto, após uma desavença logo no início da audiência de conciliação, José Roberto efetuou três disparos contra Caetano, dois na cabeça e um na nuca. A vítima morreu no local.

Três dias após o crime, José Roberto de Souza se apresentou à polícia.

primeira audiência que investiga o caso foi realizada no dia 3 de julho do ano passado, e ouviu testemunhas de acusação e defesa. Oito pessoas prestaram depoimento, sendo duas delas funcionárias do Procon, uma advogada que presenciou o crime, um funcionário da vítima, o investigador da 1ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, responsável pelo caso, o filho da vítima e dois conhecidos de longa data do acusado.

Valéria Christina, a conciliadora que trabalhava com o caso, não compareceu para prestar depoimento. Segundo informado durante a audiência, a servidora foi transferida para outro órgão após o ocorrido, e segue afastada desde então por questões de saúde.

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