Vânya Santos
Prontuário de cerca de 700 páginas de Rita Stefanny de Oliveira Ribeiro, 19 anos, fornecido pelo Hospital Universitário, indica sucessão de erros, que varia desde a forma de medicar a paciente até falha na conduta de profissionais, conforme a advogada Giovanna Trad, que representa a Associação das Vítimas de Erros Médicos. A jovem deu entrada no hospital em janeiro deste ano para retirar pedra no rim, mas teve infecção generalizada e parada cardíaca, que resultou na perda dos movimentos e a fala.
A advogada contou que profissionais analisaram o prontuário médico de Rita e constataram que ela havia desenvolvido uma infecção generalizada, que não teve tratamento adequado. Ela teria entrado no hospital com infecção urinária, que deveria ter sido tratada antes de procedimento cirúrgico. Giovanna explicou que o prontuário não deixa claro se o canal da urina da paciente estava obstruído pelo cálculo renal ou pela infecção. Também não há registro de que Rita, que chegou a ficar 20h sem tomar antibiótico prescrito para ser administrado de 12 em 12h, tenha sido acompanhada por um infectologista.
A defesa afirmou que são muitas as dúvidas sobre o caso e que na última semana ajuizou ação cautelar de exibição de documentos na Justiça Federal para que o Hospital Universitário forneça o livro de enfermagem. As informações do livro serão confrontadas com as do prontuário. A advogada afirmou ainda que pretende entrar com ação pedindo tratamento de saúde, pensão alimentícia e indenização por danos morais, já que a jovem e a mãe Inalécia de Oliveira, 36 anos, trabalhavam antes do episódio.
HU
Por meio de nota, o hospital explicou que Rita chegou com sintomas de infecção generalizada, foi tratada com antibiótico e submetida a drenagem do rim esquerdo. Após o procedimento, ela teve piora no padrão respiratório, foi levada para o CTI, onde o quadro evoluiu para choque séptico atingindo vários órgãos. Consta do documento que “apesar do diagnóstico e do tratamento efetivo prestado à paciente Rita Stefanny, infelizmente a medicina guarda perspectiva não vitoriosa aos profissionais da saúde, porque muitas das vezes o tratamento não resulta respondido pelo organismo da paciente”.