Clodoaldo Silva, de Brasília
Fernanda Brigatti, de Campo Grande
O PSB deve confirmar nos próximos dias aliança com o PT em Mato Grosso do Sul. O ex-governador José Orcírio dos Santos (PT), pré-candidato à sucessão estadual, esteve ontem em Brasília para acertar a parceria política com o senador Renato Casagrande, secretário-geral da Executiva Nacional do PSB.
A reunião ocorreu um dia após o PSB decidir que Ciro Gomes não será candidato a presidente da República e divulgar que o partido “está pronto para ampliar sua presença nos governos estaduais e no Senado, e duplicar sua representação na Câmara dos Deputados”.
Na reunião com Casagrande, Orcírio propôs a “discussão sobre o cargo de vice-governador” para o PSB. “A proposta é formar um governo de coalizão em Mato Grosso do Sul, com a participação do PCdoB também”, enfatizou o ex-governador.
Durante o encontro, o senador ligou para o presidente nacional do partido, Eduardo Campos, que também se mostrou favorável à aliança PT-PSB no Estado. “A resposta final será dada nos próximos dias, após conversa e decisão coletiva da Executiva Nacional, que deve manter diálogo com o PSB Regional para viabilizar a parceria política”, afirmou Casagrande, após a reunião.
De acordo com o deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT), que também participou do encontro, realizado pela manhã, no gabinete de Casagrande, o diálogo com o PSB teve início por causa da indefinição do PTB, que embora tenha sido convidado a ser vice na chapa de José Orcírio, ainda enfrenta problemas internos. A executiva do partido decidiu apoiar a reeleição do governador André Puccinelli (PMDB), mas petebistas dissidentes tentam reverter a definição. “O Zeca está mantendo diálogo com outras legendas porque o tempo urge e há necessidade em definir os parceiros senão pode comprometer a candidatura”, declarou Dagoberto. Segundo Orcírio, a reunião foi agendada pelo senador Delcídio do Amaral (PT), que não pode estar no encontro por participar de solenidade em Corumbá.
Resignado
O presidente regional do PSB, Sérgio Assis, que estava em Brasília mas não participou da reunião, disse que não aceitará a negociação do PT com a cúpula nacional do PSB. “Aliança até concordo, mas o certo é que conversasse com a Executiva Estadual, dessa forma não é possível. Se tratam de cima para baixo, vão a Brasília, compram a legenda, vai só a legenda”, afirmou Assis, explicando que não mobilizará os militantes para candidatura de Orcírio se o processo for desta maneira. Assis explicou que a “compra” não está relacionada com a questão monetária, mas sim “prometer cargos ou alguma coisa, cooptar de maneira leviana o PSB nacional”.
“Tem de me procurar no Estado, estou aberto ao diálogo, mas não aceito esta imposição de cima para baixo, tem de ser por aqui (executiva de Mato Grosso do Sul)”, disse o presidente regional do PSB, completando que conversou com Casagrande na tarde de ontem e recebeu o aval dele para negociar aliança no Estado.
Segundo Delcídio, o PT não conversou sobre aliança com Sérgio Assis devido a possibilidade de o senador Valter Pereira (PMDB) ingressar no partido. “Não foi conversado com o Sérgio Assis por uma razão: há um impasse aí para ver se o (senador) Valter Pereira vai para o PSB ou não. Então, a partir do momento que existe a possibilidade de um senador da República trocar de partido, sair do PMDB e ir para o PSB, fica até complicado a interlocução, por não saber efetivamente com quem você vai falar”, explicou o senador Delcídio.
O ex-governador deu ao deputado Dagoberto a missão de solucionar o impasse com Sérgio Assis. “Temos grande interesse em ter Assis conosco”, frisou o petista.
PCdoB
José Orcírio e Dagoberto também conversaram, no final da tarde de ontem, com o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que integra o Comitê Central do partido comunista, e com o líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA), sobre aliança partidária. “Vamos manter entendimentos no Estado, mas viemos buscar a anuência da Executiva Nacional”, destacou José Orcírio.