O PT e o PSDB esquentam o debate eleitoral sobre a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocando acusações pela mídia. O estopim foi aceso pela ministra chefe da Casa Civil e précandidata governista, Dilma Roussef, que acusou a oposição de planejar extinguir o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o mais ambicioso projeto do Palácio do Planalto, que prevê obras em todo o Brasil. Os tucanos reagiram em nota no site do PSDB assinada pela vice-presidente nacional do partido, senadora Marisa Serrano (MS), afirmando que Dilma usa as mesmas “artimanhas do PT” que, afirmou, em 2006 já investia na “fantasia sobre o fim dos programas sociais e a privatização de empresas estatais”. O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, rebateu as declarações de Marisa em outra nota, acusando o PSDB de “descontrolado”. O bate-boca aconteceu na terça-feira. Ao inaugurar a barragem do Rio Setúbal, obra do PAC no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, Estado governado pelo PSDB, Dilma afirmou: “Muitas pessoas têm dito nos últimos dias, aliás o próprio presidente do part ido de oposição (senador tucano Sérgio Guerra, PE) disse que acabaria com o PAC porque o PAC não existe e ele acabaria com essa história do PAC”, afirmou a ministra. “É muito grave”, reforçou. A ministra disse ainda que “vira e mexe querem acabar com algum programa do Governo Lula. Em 2006, foi a época que eles queriam acabar com o Bolsa Família. Agora o objetivo é acabar com obras como essa que estamos inaugurando.” Embora atacasse os tucanos, a ministra poupou Aécio Neves (PSDB-MG), que não compareceu ao evento, chamando o governador e os prefeitos mineiros de “parceiros exemplares e republicanos do Governo federal”. A barragem custou R$ 204 milhões – R$ 184 milhões da União e R$ 20 milhões do Governo estadual. Reação tucana A reação do PSDB não se fez esperar. Poucas horas depois, em nota no site do partido, Marisa Serrano chegou a acusar a ministra de mentirosa. “Diante de sua reconhecida falta de experiência política, a ministra Dilma Rousseff adota as conhecidas artimanhas do PT que, historicamente, aprimorou de maneira nunca vista a retórica do medo e da mentira”, escreveu. “Foi assim em 2006, quando criou a fantasia sobre o fim dos programas sociais e da privatização de empresas estatais”, reforçou. Afirmando que o PSDB deseja “o aperfeiçoamento das estatais e a continuidade do Bolsa Família, assim como de todos os programas sociais criados quando estava na Presidência da República”, a senadora sul-mato-grossense contraatacou afirmando que “o PAC não é um programa de obras e sim um slogan publicitário” e que “as raras inaugurações têm servido, apenas, para o treinamento intensivo do uso de palanques eleitorais para a ministra”. À noite o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, rebateu as declarações de Marisa Serrano. Também em nota no site da sigla, sob o título de “PSDB perde a oportunidade de ficar calado”, o petista acusou o partido de oposição de estar “descontrolado”. “A nota assinada pela senadora reflete o dilema tucano: quer se opor às legítimas manifestações de nossa pré-candidata, a ministra Dilma Rousseff, mas escorrega na aprovação do Governo que Lula lidera, Dilma coordena e o povo brasileiro aprova”, afirmou Berzoini. “O PSDB demonstra que está descontrolado para a legítima disputa de projetos que ocorrerá neste ano de 2010”, alfinetou. Acusando os tucanos de usarem “discurso derrotista”, Berzoini afirmou ainda “torcer” para que o PSDB “se encontre”, para que possa haver “debate de alto nível neste ano eleitoral”. “Esperamos que a oposição não se esconda, nem se acovarde de defender a herança de FHC (Fernando Henrique Cardoso), da privatização, do desemprego e da paralisia nacional.”