Dois anos depois do anúncio de que o antigo albergue noturno na Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua Visconde de Taunay, seria retomado pela prefeitura para abrigar uma unidade de saúde, o prédio continua abandonado, atraindo bêbados, desocupados e drogados. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) desistiu de reformar e adaptar o imóvel para instalar o centro especializado na saúde do homem. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur), vetou a reforma do imóvel, enquanto o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Planurb) não emitir um laudo sobre sua importância cultural e se tem originalidade arquitetônica para um possível tombamento. A Sesau tinha reservado R$ 600 mil no orçamento deste ano para a primeira etapa da reforma. Diante da demora, o secretário Luiz Henrique Mandetta, optou por instalar, provisoriamente, no prédio antigo do Centro Regional de Saúde do Coronel Antonino, o atendimento especializado para a população masculina adulta, que vai começar na terça-feira. O antigo Albergue Noturno fica numa das Zonas de Especial Interesse Cultural (Zeic), definidas pelo Plano Diretor. Nestas regiões qualquer reforma, ampliação ou demolição, só pode ser feita depois de um laudo do Planurb de que o prédio não tem importância . Se tiver, a fachada tem que de ser preservada e fica descartada a possibilidade de demolição. Segundo o secretário de Saúde, o prédio está em situação precária. As instalações elétricas e hidráulicas, o telhado precisam ser trocados. “Provavelmente os R$ 600 mil que nós tínhamos disponibilizados não fossem suficientes para fazer tudo ”, admite. Ele acredita que vai ser preciso um laudo para atestar as condições de segurança da sua estrutura, antes de se pensar em qualquer reforma. A Câmara Municipal e a Secretaria de Saúde divergiram sobre o que fazer com o prédio do albergue. O viceprefeito Edil Albuquerque e o presidente do Legislativo, Paulo Siufi, pretendia instalar um pronto socorro infantil. Acabou prevalecendo a opinião da secretaria, com aval do Conselho Municipal de Saúde, favorável a criação do centro de especialidades médicas do homem. Processo Os problemas gerados com o abandono e a destinação que está sendo dada ao antigo albergue noturno, foram levados à Câmara Municipal em fevereiro de 2008, portanto, há mais de dois anos. Na época, o então presidente do Legislativo, Edil Albuquerque, defendeu que a prefeitura retomasse o prédio construído pelo município no final dos anos 50 e doado para a Associação das Abnegadas de Mato Grosso, entidade filantrópica. Foram levantadas dúvidas sobre a necessidade de desapropriação para que o imóvel voltasse a ser um patrimônio público. Só em março do ano passado a Procuradoria Jurídica do município terminou os levantamentos e concluiu que o prédio poderia ser retomado porque “desvio de finalidade”, ou seja, não estava tendo a destinação prevista no termo de doação: abrigar um albergue noturno.