O atraso em repasses da prefeitura de Campo Grande à Santa Casa coloca em risco a continuidade de atendimentos de urgência e emergência e o pagamento de funcionários. Os recursos a curto prazo que estão atrasados somam R$ 7,250 milhões e são referentes aos meses de junho a agosto. Há também valores do ano passado que se forem incluídos na conta, o total que o hospital informou que tem a receber ultrapassa os R$ 12 milhões.
A Secretaria Municipal de Saúde da Capital e a diretoria da unidade tem uma reunião marcada para esta quarta-feira (23) a fim de discutir a viabilização de verba atrasada. O horário do encontro ficou para ser confirmado também nesta quarta (23).
A falta de dinheiro já causou a não quitação de pagamento de fornecedores de próteses, que são utilizadas em cirurgias de vítimas de acidentes de trânsito, por exemplo. Há materiais em estoque, mas que não devem durar por muito tempo. Diversos medicamentos também podem acabar.
A diretoria do hospital não divulgou por mais quanto tempo seria possível realizar os diferentes atendimentos com os insumos existentes.
"Os fornecedores já começaram a protestar títulos e caso a Santa Casa não honre os compromissos, serviços serão suspensos. Estamos tentando conversar com esses fornecedores, mas fazemos negociações contundentes para garantir bom preço e se não conseguimos pagar, resta pouco a se fazer", reconheceu o diretor-presidente da Associação Beneficente Campo Grande (ABCG), mantenedora da Santa Casa, Wilson Teslenco.
"É preciso priorizar a saúde e a falta de assistência causa um dano irreversível, muitas vezes", alertou Teslenco.
O secretário municipal de saúde, Ivandro Correa Fonseca, disse em entrevista por telefone que foi instaurada uma sindicância para apurar o não repasse de recursos. De acordo com ele, há indícios de irregularidade no atraso. "(Na reunião) vamos falar disso (sindicância) e do Hospital do Trauma também", explicou. 19Não foi informado se haverá liberação imediata de verba para o hospital.
TESOURO MUNICIPAL
A Secretaria de Planejamento, Finanças e Controle divulgou na tarde desta terça-feira (22) que o caixa da prefeitura tinha apenas R$ 104 mil disponíveis. Em 14 de setembro, o prefeito Alcides Bernal (PP), informou aos vereadores que Campo Grande pode ter um deficit (gastos superando as receitas) em outubro de R$ 158,6 milhões.