Após a Santa Casa registrar ocupação de leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de 113% entre a noite de domingo (26) e madrugada de segunda-feira (27), o hospital teve um 'alívio' no total de internados em UTI, conforme os dados da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau). Porém, outros dois hospitais chegaram ao limite.
Três vezes ao dia a Sesau recebe um censo hospitalar com o indicativo de vagas ocupadas e existentes na cidade. O censo recebe os números com dados nominais dos pacientes e serve como parâmetro de planejamento da prefeitura.
Além das duas unidades com 100% de ocupação, foi registrado no fim da tarde de segunda outras duas perto da capacidade máxima.
Conforme a Sesau, o dia terminou com 93% das vagas de UTI adulto para qualquer doença, inclusive covid-19, ocupados nos hospitais públicos. São 218 leitos para 203 pacientes.
Já o índice somando os leitos privados contratados pela prefeitura fazem o total subir para 260, com 214 internados ao todo - taxa de ocupação na casa dos 82%.
Na Santa Casa, o índice tinha caído para 89%, enquanto no Hospital Regional o número ficou em 98% - de 87 leitos, 85 estavam ocupados. No Hospital do Câncer, das 28 vagas, 25 tinham pacientes internados, o que representa 89% de ocupação.
Já no Hospital Universitário, onde há 16 leitos de UTI adulto, e no Hospital do Pênfigo, que é privado, as vagas estavam todas ocupadas. No Pênfigo, há cinco UTIs disponíveis para a prefeitura. O contraponto são outros hospitais particulares.
Clínica Campo Grande, El Kadri e Proncor oferecem, respectivamente, sete, 10 e 20 leitos de UTI para a prefeitura, que ocupava até então apenas duas em cada um deles - o que gerou taxas de ocupação na casa dos 10%, 20% e 29% para os hospitais.
Ontem, o prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), ao comentar a superlotação da Santa Casa, citou justamente esses leitos ainda ociosos e a ocupação global entre leitos públicos e privados contratualizados, na casa dos 80%, para justificar que a situação não é de desespero.
"Existem vagas na UTI, se não tem na Santa Casa, tem no El Kadri, no Hospital Regional, no HU, na Clínica Campo Grande. Entregamos mais 10 leitos no HU, agora são 274 contratualizados, com mais esses 10 são 53 leitos vazios", comentou o prefeito.
Santa Casa
Uma coletiva de imprensa foi realizada pela Santa Casa na tarde de segunda-feira (27) após o hospital chegar a uma situação critica. Referência no atendimento de politraumatizados e demais pacientes sem covid-19 durante a crise sanitária causada pela pandemia, o hospital afirma que desde o dia 8 de julho enfrenta dificuldades na ocupação dos leitos.
Por causa dessa superlotação, foi preciso atender de lá para cá 38 pacientes que necessitavam de cuidados em UTI, com respirador, de forma improvisada na ala de emergência do hospitais, com uso de ambu - equipamento manual para ventilação respiratória que precisa ser comprimido com as mãos de forma contínua. A troca do responsável pelo ambu acontece a cada duas horas.
O auge da superlotação aconteceu entre domingo e segunda, quando cinco pacientes tiveram que ficar no ambu, e outros seis ficaram nos ventiladores da área de transição da ala vermelha. Além da oxigenação considerada inadequada e com possíveis danos aos pacientes, a permanência no local deixa os pacientes mais sucetíveis a outras infecções.