Relatórios da Concessionária CG Solurb revelaram uma distância abissal entre os bairros que mais e os que menos separam lixo para reciclagem em Campo Grande.
A região central da Capital possui apenas 1,43% de locais que realizam a separação de resíduos sólidos, enquanto na Vila Santo Amaro e bairros da região, 58,83% das pessoas aderiram à coleta seletiva.
Os bairros com maior adesão são Santo Amaro, Vila Manoel Taveira e Coophatrabalho, com 58,83%, seguidos pelo Jardim dos Estados, com 47,64%.
Os locais com menor taxa de coleta seletiva são o Centro, com 1,43%, e Vila Sobrinho, Vila Alba, Vila Duque de Caxias e Bairro Lar do Trabalhador, com 9,23%.
O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), abriu no mês passado, inquérito civil para investigar se o plano de coleta seletiva está sendo cumprido pela Solurb.
CENTRO
O gerente da loja Limão Rosa (localizada no Centro), Rodrigo Barbosa, explica que não faz a separação do lixo produzido no comércio, pois na região não há uma coleta adequada dos resíduos.
“Aqui próximo não tem nenhum local para colocar. A coleta do Centro não é específica. Tinha antigamente lixeiras específicas para cada material, mas removeram e ficou só lixeiras duplas”, disse.
Barbosa relata que as lixeiras disponíveis ficam muito longe do estabelecimento e por isso não tem condições de descartar o lixo separadamente. Além disso, elas podem ser usadas por qualquer pessoa.
“A lixeira maior que tem e mais próxima é uma caçamba que colocam na esquina da praça [Ary Coelho] que todo mundo vai e coloca qualquer lixo, e acaba misturando tudo. A gente não faz porque não tem onde descartar aqui perto”, afirmou.
Já o morador do Bairro Jardim dos Estados Luiz Fernando Milani relata que faz a separação todos os dias e percebe que os vizinhos também fazem o procedimento. Para ele, a coleta seletiva é muito importante para cuidar do meio ambiente.
“É importante para a conscientização, para o desenvolvimento. Eles fazer algo com o produto; isso gera renda, gera novos produtos e trabalho”, declarou Milani.
Milani relata que, muitas vezes antes da coleta seletiva recolher o lixo, catadores pegam o que foi colocado nas lixeiras. Segundo ele, isso não atrapalha, pois o catador também recicla o material com o lixo.
De acordo com a Solurb, de julho de 2018 para julho de 2020, 13 setores registraram queda na adesão da coleta de resíduos sólidos. Na comparação entre janeiro e julho de 2020, a queda das porcentagens é maior, quando 31 setores tiveram baixa na separação seletiva.
Um dos motivos dessa falta de adesão é a pandemia do novo coronavírus, que resultou na suspensão de 40 dias da coleta seletiva. Mesmo com a volta, muitos moradores não estão cientes e deixaram de separar o lixo.
A atual concessão para coleta de resíduos sólidos em Campo Grande foi instaurada em 2012. A coleta é realizado por meio de duas modalidades, a Porta a Porta (PaP) e em Locais de Entrega Voluntária (LEV).
Os resíduos recolhidos pela Solurb são encaminhados para a Usina de Triagem de Resíduos (UTR), organizada pela Associação Atmaras, e pelas cooperativas Coopermaras, Cata MS e Novo Horizonte. No local, são realizados os seguintes procedimentos: pesagem, recepção, triagem, armazenamento, enfardamento e expedição dos materiais recicláveis.
De acordo com a Solurb, a coleta seletiva é um instrumento importante para diminuir a remoção de matérias-primas nos recursos naturais, valorizar recicláveis, gerar renda para catadores de materiais e aumentar a vida útil dos aterros sanitários.