Os dois homens apresentados neste sábado pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Izaías de Souza e Charleston Souza de Lucena, afirmaram estar arrependidos de terem vendido uma das armas utilizadas pelo atirador Wellington Menezes de Oliveira no massacre da Escola Municipal Tasso da Silveira. "Fizemos um mal danado. Bate um arrependimento", disse Charleston, pai de três filhos pequenos.
"Passou pela cabeça o arrependimento, com certeza. Se soubesse que a arma era para isso jamais teria feito o negócio. Eu tenho filho também. Não sou negociante de armas. Sou trabalhador. Imagina se fossem as minhas filhas. Me veio lágrimas nos olhos pelas vítimas. Espero que a justiça faça o que tem para fazer. Eu tenho parte da culpa, mas culpa direta no assassinato das vítimas eu não tenho. Depois do acontecido a gente tem que se arrepender", disse Izaías.
Os dois disseram que não sabiam das intenções de Wellington ao adquirir a arma e, em depoimento, informaram que o atirador disse que precisava se defender, pois morava sozinho. Izaías e Charleston já tinham passagem pela polícia e, em prisão preventiva, foram autuados por comércio ilegal de arma de fogo. Se condenados, podem pegar de quatro a oito anos de prisão. Nenhum dos dois será indiciado por co-autoria nos assassinatos.
De acordo com a polícia, eles confessaram participação na venda de um revólver calibre 32 e de cinco projéteis para o atirador da escola de Realengo. Os policiais cariocas procuram agora uma terceira pessoa, identificada apenas como Robson, que teria recebido cerca de R$ 200 para vender a arma para os intermediários. Um outro revólver, de calibre 38, ainda não pode ser rastreado.
"Ambos participaram. Serão indiciados pelo comércio de arma de fogo e não como co-autores. Estamos procurando essa outra pessoa, chamada Robson, que também morava em Sepetiba para indiciarmos mais uma pessoa. É importante que encontremos o dono da arma para o caso ficar completo", disse o diretor da Divisão de Homicídios, Felipe Ettori.
Atentado
Um homem matou pelo menos 12 estudantes a tiros ao invadir a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, na manhã do dia 7 de abril. Wellington Menezes de Oliveira, 24 anos, era ex-aluno da instituição de ensino e, segundo a polícia, se suicidou logo após o atentado. O atirador portava duas armas e utilizava dispositivos para recarregar os revólveres rapidamente. As vítimas tinham entre 12 e 14 anos. Outras 18 ficaram feridas.
Wellington entrou no local alegando ser palestrante. Ele se dirigiu até uma sala de aula e passou a atirar na cabeça de alunos. A ação só foi interrompida com a chegada de um sargento da Polícia Militar, que estava a duas quadras da escola quando foi acionado. Ele conseguiu acertar o atirador, que se matou em seguida. Em uma carta, Wellington não deu razões para o ataque - apenas pediu perdão de Deus e que nenhuma pessoa "impura" tocasse em seu corpo.