A Polícia Civil realizou na manhã de hoje a reprodução simulada do latrocínio que vitimou ex-vereador Cristóvão Silveira, 65 anos, e a esposa Fátima de Jesus Diniz Silveira, 56 anos, ocorrido no último dia 18, em um sítio na zona rural de Campo Grande.
O objetivo do procedimento foi o de colher evidências para melhor esclarecimento dos fatos, por meio do relato dos envolvidos. Além de policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras), participaram peritos e dois dos autores, no caso, Rivelino Mangelo, 45 anos, e o filho Rogério Nunes Mangelo, 19 anos.
De acordo com o delegado Fábio Peró Corrêa Paes, responsável pelas investigações, o outro filho de Rivelino, Alberto Nunes Mangelo, 20 anos, e que também está preso, não esteve presente na simulação porque será indiciado apenas por receptação e associação criminosa.
“Ele ficou com a TV roubada das vítimas e auxiliou recebendo os demais na fazenda onde reside [em Aquidauana]”, disse Peró. Além de Rogério, Rivelino também contou com apoio do sobrinho Diogo André dos Santos Almeida, 19, que morreu ao tentar atravessar a caminhonete L200 de Silveira na fronteira com a Bolívia.
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A simulação dos fatos teve início por volta das 9h30, em duas ocasiões no sítio Bem-Te-Vi, palco do roubo seguido de morte, localizado às margens da rodovia MS-080, entre a Capital e Rochedo. Primeiro, os policiais e peritos acompanharam a versão de Rogério sobre os fatos, partindo desde o momento em que ele chegou ao sítio, até quando, junto com o pai e o primo, atacou Silveira e depois a esposa. Ele mostrou como se deram os ataques no galpão e depois como foi o roubo dos objetos da sede do sítio, até o momento em que carregou a caminhonete e fugiu dentro dela com Diogo, para Anastácio e Aquidauana.
Em seguida, foi a vez de Rivelino. O delegado explicou que, entre os principais objetivos estava comparar os relatos e “aparar as arestas”, já que desde a prisão, pai e filho, têm divergido sobre alguns aspectos, entre eles, o estupro cometido contra Fátima. “Cada um tem falado uma coisa e buscamos a descrição mais próxima possível do que aconteceu”. Peró pontuou que, apesar de pairarem certas dúvidas sobre a dinâmica e circunstâncias, é fato que eles mataram o casal e que Rivelino estuprou a mulher. “Ele disse que apenas a tocou, mas isso por si só já é estupro. Aguardamos ainda laudo pericial para comprovarmos se houve conjunção carnal por parte dele ou do sobrinho Diogo, que está morto”, concluiu.
Buscas afrouxadas
Durante o procedimento, o delegado do Garras afirmou que as buscas pelo rapaz identificado apenas como Gabriel foram relaxadas. O suspeito seria o responsável por atravessar a caminhonete na fronteira com Diogo. Entretanto, como já noticiado, eles foram flagrados na região de Corumbá e houve troca tiros, oportunidade em que Diogo foi morto em confronto, enquanto que Gabriel fugiu para a região do Morro da Bocaína. “A informação é de que ele pode até ter voltado para Anastácio, onde mora, mas como sua participação é apenas no transporte da caminhonete roubada de Silveira, vamos concentrar nossos esforços em outras investigações”, concluiu.
O crime
Por volta das 14h30 do último dia 18, Silveira chegou em sua caminhonete L200 Triton juntamente com Fátima. Imediatamente, ele foi atraído pelo funcionário para o galpão de criação de pintinhos, enquanto a mulher foi na direção da casa. Ao entrar no galpão, Silveira foi surpreendido por Diogo e Rogério com golpes de facão. Ele tentou reagir, mas não resistiu e acabou caindo, oportunidade em que Rivelino lhe desferiu mais golpes na cabeça, desfigurando-o.
Ao perceber o que estava acontecendo, Fátima saiu da casa segurando um machado e tentou defender o marido, mas levou uma facada na barriga e outra no pescoço, dadas por Rivelino. Em depoimento, ele afirmou que “enfiou o facão no pescoço dela”. Por conta da grave lesão, a mulher perdeu a consciência e caiu. Conforme relatado pelos próprios autores, enquanto eles subtraíam objetos e colocavam na caminhonete, Rivelino ficou sozinho com ela no galpão e lhe abusou sexualmente.
Após o crime, Rivelino foi para o distrito pedir ajuda, alegando que a chácara tinha sido invadida por ladrões, enquanto que Diogo e Rogério foram para a casa do outro filho do caseiro, identificado como Alberto, morador em uma fazenda na zona rural de Aquidauana. Diogo não sabia dirigir e pediu apoio a Gabriel, e foram para a fronteira, onde o primeiro acabou morto em confronto e o segundo está foragido. Alberto foi preso porque, mesmo vendo o irmão e o primo ensanguentados, os auxiliou e ficou com a TV tomada das vítimas.