A eleição para a escolha dos 25 novos conselheiros tutelares de Campo Grande superou as expectativas dos organizadores, deixou eleitores sem votar, e desde a noite do último domingo, quando a votação foi encerrada, passou a gerar apreensão nos candidatos e em seus eleitores. Foram confeccionadas 27 mil cédulas, mas a distribuição fez com que faltasse o documento de votação em alguns dos 60 locais de votação, e sobrasse em outros. Se no dia das eleições houve filas e um certo tumulto em algumas das escolas habilitadas, o processo de apuração, sem informações de boletins parciais, e com acesso restrito aos interessados, gera ainda mais apreensão.
Até às 16h40min, um total de 36 das 60 urnas haviam sido apuradas. Nem a comissão eleitoral, nem o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, tampouco o Conselho Municipal da Criança e Adolescente (CMDCA) ofereceram informações que vão além destes números. A apuração ocorre no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS). Na manhã desta terça-feira, a equipe do Correio do Estado tentou fotografar o processo de contagem dos votos, mas teve sua entrada no local negada. Ao todo, são trinta pessoas trabalhando na apuração.
“O andamento do processo seletivo está péssimo. Pessoas que reprovaram em algumas fases do processo seletivo para escolha de candidatos, entraram com recurso, conseguiram participar, e até onde estamos sabendo, estão com uma quantidade absurda de votos”, informou uma candidata, que pediu para que sua identidade fosse preservada, por temor de represálias.
Pelo menos dois pedidos de impugnação do processo eleitoral já foram protocolados. Enquanto eles não são julgados, o Conselho Municipal da Criança e Adolescência (CMDCA) segue contando os votos, a portas fechadas, e sem os boletins parciais, típicos de eleições manuais (que o brasileiro já está desacostumado).
Depois de eleito, cada conselheiro tutelar terá direito a um salário de aproximadamente R$ 5 mil, por um período de dois anos. Em Campo Grande, são cinco conselhos tutelares, com cinco integrantes cada um.
Neste ano, igrejas (católica e evangélicas), grupos ligados a minorias, e partidos políticos, fizeram amplas campanhas por seus candidatos, o que explica a grande adesão do último domingo.