Política é igual nuvem, muda o tempo todo. Apoio não se rejeita. É comum ouvir esses jargões, entre outros, como sendo algo natural no mundo político. E, com as coligações sendo fechadas, está cada vez mais explícito que os aliados de hoje são os adversários de amanhã, e vice-versa. Convicções ideológicas ou fidelidade a determinadas pessoas são o último critério para definir quem apoia quem. E, embora isto faça parte da realidade, não significa que deva ser aceita ou que esteja correta. Na vida em sociedade existe uma infinidade de situações que se tornaram “naturais, ou comuns” e que nem por isso podem ser toleradas passivamente.
Palavra de políticos vale cada vez menos, disto não restam dúvidas. Lutar pela vitória de alguém que dias antes te chamou de “animal de pelo curto” nem mesmo gera constrangimento. Candidato anunciando rompimento com algum cacique do seu grupo e dois dias depois vê-lo abraçado e vibrando sobre um palanque ao lado do “ex-desafeto” não causa qualquer espanto tanto para aquele que "bateu" quanto para quem foi atingido.
É mais do que natural e até necessário que as pessoas tenham direito de mudar de opinião ou de rumo na vida, pois somente Deus é absoluto e imutável. Porém, mudanças bruscas demais ou muito constantes necessariamente despertam desconfiança, pois, no mínimo, revelam falta de personalidade própria. E, tão preocupantes quanto as mudanças efetivas são as ameaças. Estas, normalmente, são utilizadas como moeda de troca, algo frequente nas últimas semanas, às vésperas da definição de alianças. As negociações, inclusive com ofertas explícitas de ajuda financeira, que antes eram realizadas entre quatro paredes, passaram a ser feitas à luz do dia, diante de quem quisesse ver e ouvir. Ou seja, foram transformadas em “algo normal”.
E, se os políticos não se preocupam mais em contradizer hoje aquilo que falaram ontem, quando tornam-se aliados daqueles que atacaram sua honra pessoal em campanhas passadas, quando colocam a leilão seu apoio (tempo no horário gratuito) e quando arrematam publicamente os partidos postos à venda é sinal de que a situação chegou ao fundo do poço, pois se agem assim às claras, sem qualquer tipo de escrúpulo, é simplesmente inimaginável aquilo que deve estar acontecendo entre quatro paredes.
Encontrar algum partido ou político que escape a estas “normalidades” está sendo praticamente impossível. Porém, quando os “representantes” de uma sociedade chegam a este ponto é porque a massa pensa e age de forma semelhante. Honestidade e retidão de caráter literalmente viraram exceção. Por isso, apesar de, em tese, a eleição de outubro ser a oportunidade de os eleitores renovarem e moralizarem o quadro político, as probabilidades são mínimas, pois, ao que tudo indica, faltarão opções. Vencerão aqueles que tiverem mai$ poder de convencimento e maior quantidade de argumento$.