Moscou
O presidente da Polônia, Lech Kaczynski, sua esposa, Maria Kaczynska, e uma delegação de autoridades do alto escalão do governo do país morreram ontem em um trágico acidente de avião na Rússia. A aeronave de fabricação russa Tupolev caiu a cerca de um quilômetro do aeroporto militar Smolensk-Severnuy, após sua quarta tentativa de aterrissar em meio a um intenso nevoeiro.
Segundo o governador da região de Smolensk, Sergei Antufiev, o avião “esbarrou no topo de árvores, bateu e quebrou-se em pedaços”. A agência de notícias oficial da Rússia, RIA-Novosti, disse que as indicações preliminares são de que o acidente foi causado por erro dos pilotos.
O Ministério de Emergência da Rússia informou que 97 pessoas morreram no acidente aéreo, sendo que 88 delas eram membros da delegação polonesa. O Ministério de Relações Exteriores da Polônia disse que a lista de passageiros tinha 89 nomes, mas uma pessoa não apareceu para tomar o voo de quase uma hora, partindo do principal aeroporto de Varsóvia. O grupo participaria das cerimônias em Katyn em memória do massacre de 22 mil poloneses pelos agentes soviéticos há 70 anos.
Os corpos de todas as vítimas da queda do Tupolev chegaram ao aeroporto Domodedovo, em Moscou, no final da noite de ontem, segundo informou um correspondente da AFP.
Militares
Os militares poloneses sofreram as maiores perdas com este acidente. Entre os mortos estão o chefe do Estado-Maior do Exército, general Franciszek Gagor, o comandante-chefe da Marinha, vice-almirante Andrzej Karweta, e os chefes da Força Aérea, general Andrzej Blasik, e das Forças Terrestres, general Tadeusz Buk. Eles iam prestar homenagem aos oficiais poloneses assassinados pela polícia secreta soviética em 1940.
Alguns dos membros da comitiva eram parentes dos oficiais mortos no massacre de Katyn. Também entre as vítimas estava Anna Walentynowicz, cuja demissão em agosto de 1980, do estaleiro Lenin, em Gdansk, desencadeou uma greve de trabalhadores que levou à criação do movimento de liberdade Solidariedade.
“Esta é uma grande tragédia, um grande choque para todos nós”, disse o ex-presidente e líder do movimento Solidariedade Lech Walesa. Na capital da Polônia, dezenas de milhares de pessoas se dirigiram para o centro de Varsóvia ontem, cercando o palácio presidencial e ocupando uma praça ao lado para chorar pelo trágico acidente que matou o presidente Lech Kaczynski.
As televisões mostravam poloneses chorando, bandeiras a meio mastro e janelas com faixas pretas em sinal de luto.