Apesar das especulações políticas, o prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), garante cumprir o mandato e o compromisso firmado com a população. Sua principal meta nos próximos três anos à frente da administração municipal – conforme relatado em entrevista concedida ao Correio do Estado – é concluir obras que vão proporcionar qualidade de vida à população. Ele detalha alguns dos principais empreendimentos, como a nova rodoviária (que será inaugurada amanhã), a terceira etapa da Via Morena, o Centro de Belas Artes, o Centro de Referência de Atendimento ao Homem, aterro sanitário, Paço Municipal, além de escolas e novas unidades de saúde. No entanto, Nelsinho também trata de problemas que ainda terá de enfrentar para conseguir atingir sua meta de qualidade de vida. Uma das principais é o atendimento nos postos de saúde. Nesta semana, foi discutido o problema de alguns casos de violência nas unidades. Como médico, ele garantiu que não atenderia nos postos sem ter segurança. Veja os principais trechos da entrevista abaixo:
O senhor vai concluir o mandato como prefeito? Vou concluir o mandato, até porque foi resultado qualitativo e quantitativo de pesquisa realizada recentemente para avaliar esta questão. O próprio governador André Puccinelli sempre orientou que, atendendo as pesquisas, as chances de errar são menores porque daí nós vamos estar ouvindo o povo. Já está confirmada sua participação na coordenação da campanha da ministra Dilma Rousseff à presidência da República? Como deve ser feita sua atuação? Primeiro que esta questão vai estar impreterivelmente vinculada à posição do meu partido, o PMDB, nas eleições presidenciais de 2010. Então, seria prematuro qualquer tipo de especulação num momento em que não temos essa definição. O que posso lhe dizer é que muito me honrou esse convite que foi feito do Palácio do Planalto. O senhor já tem definido seu voto para candidato a Presidente da República? É para Dilma Rousseff ou José Serra? Já tenho definido, mas o voto é secreto. O fato da viabilização de verbas com recursos federais para investimentos em Mato Grosso do Sul foi um fator preponderante para que o senhor manifestasse a intenção de apoio a Dilma como candidata? Não necessariamente a questão do que Campo Grande mereceu durante o mandato do presidente Lula, mas por acreditar num programa voltado ao municipalismo, como foi feito nestes anos em que muito se investiu nas prefeituras em razão das ações do governo federal. Qual é seu projeto político após conclusão do mandato? Primeiro, quero concluir bem meu mandato e terminar as quatro obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que estamos desenvolvendo na cidade. Concretizar os investimentos que conseguimos para mais 300 casas e, com isso, terminar com a última favela existente no nosso município. Concluir as obras de investimentos próprios que também representam monta considerável de recursos. Com tudo isso, acreditar que a população vai saber reconhecer que fizemos um bom mandato e isso vai nos credenciar a voos futuros. Essa é minha missão até o momento. Esses voos futuros seriam a candidatura ao Governo do Estado? É uma possibilidade que tenho como muito forte dentro daquilo que pretendo realizar no meu futuro. Quais são as principais obras que devem ser feitas neste ano pela administração municipal, inclusive naquele pacote que o senhor pretende lançar? São obras de infraestrutura que vão garantir a mobilidade urbana dentro do município. Vamos avançar no percentual de linhas de ônibus asfaltadas. Hoje temos 87% e pretendemos encerrar 2010 com 100%. Vamos resolver a questão da rodoviária inacabada (no Bairro Cabreúva) – atendendo a Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) – com assinatura da ordem de serviço para iniciar as obras do Centro Municipal de Belas Artes. No campo da saúde, vamos inaugurar unidades básicas de saúde da família, que são muito importantes para ações preventivas. Na área da educação, vamos inaugurar uma escola nova na Moreninha 4. Também há obras na área do esporte e lazer que se refletem diretamente na qualidade de vida e saúde da população, onde vamos disponibilizar 14 academias ao ar livre para as pessoas se exercitarem, principalmente aquelas da melhor idade, numa parceria que estamos fazendo com a Unimed de Campo Grande. Há ainda investimentos na área de drenagem para acabarmos com os problemas das enchentes, que causam transtornos a algumas regiões do nosso município. É um pacote para mostrarmos o quanto é importante o dinheiro do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), que reverte na sua totalidade para benefício da cidade e da população. O total do pacote é de R$ 76 milhões. Quando fica pronta a terceira etapa da Via Morena? Infelizmente neste período as obras não têm a agilidade que a gente queria que tivesse. As frentes que podem ser feitas e cumpridas dentro do período de chuva estão sendo organizadas. Mas, para outras, temos que esperar diminuir as chuvas para trabalhar. Em função disso, estamos esperando a chegada de março para acelerar e concluir estas obras ainda em 2010. Além de dotar a região de infraestrutura de mobilidade urbana, nós agregamos o conceito moderno de qualidade de vida com ciclovia e pista de caminhada. Isso é muito importante porque gera na cidade o aspecto moderno que a gente está querendo para a Capital. Nesta semana, foi discutida a questão da segurança nos postos de saúde de Campo Grande depois que cerca de 20 pessoas invadiram a unidade da Vila Almeida incomodadas com a demora no atendimento. Hoje, há dificuldade para que os profissionais aceitem trabalhar nas unidades? Essa é a questão. Alguns oportunistas que fazem p r o g r ama d e televisão começaram a criticar o fato de nós colocarmos policiais dentro dos postos de saúde e não médicos. Essa pergunta é a chave. Não conseguimos nenhum profissional para trabalhar em um local que não lhe ofereça segurança. Além de dar conforto, comodidade e segurança, temos que dotar o espaço de condições adequadas para que os profissionais possam produzir. Eu não estou conseguindo, em função deste problema, contratar mais médicos para suprir a demanda. Enquanto essa solução não for resolvida, nós vamos ter essa dificuldade. Estamos buscando a parceria com o governo estadual para que a gente possa definitivamente dar tranquilidade aos trabalhadores dentro dos postos. O senhor, como médico, trabalharia em um posto de saúde? Se não tivesse segurança, não. Um dos problemas que a população também enfrenta é a falta de pediatras para atender nos postos. O que a prefeitura estuda para resolver isso? Com o passar dos anos, essa demanda reprimida de profissionais da pediatria tende a diminuir porque hoje nós temos Medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), na Uniderp/Anhanguera e na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Com isso, nós reduzimos um pouco a demanda de pediatras nos postos com os profissionais que vão sair dessas turmas agora. Além dos seis anos da faculdade, o formando que decide fazer a pediatria tem mais quatro anos de estudo, sendo dois de clínica médica e dois de pediatria. Agora que estão surgindo os primeiros pediatras destas universidades. Isso vai cair no mercado e nós vamos com certeza fazer a contratação destes profissionais. Campo Grande está enfrentando novamente uma epidemia de dengue. Qual recado o senhor deixa para a população, que está preocupada com o aumento dos casos? A dengue se resume em combate todos os dias. O que falta à população é ter atitude. Os moradores sabem o que é a dengue, qual remédio que pode tomar, quais são os sintomas, quais exames precisam ser feitos e o que deve se fazer para não ter dengue na sua residência ou terreno. O que falta é realmente fazer, é atitude. Cada um fazendo sua parte para resolvermos esta questão. Porém, desta vez, a dengue não nos pegou de surpresa. Nós já prevíamos esta epidemia em meados do ano passado até por uma questão de circulação dos vírus dos tipo 1, 2 e 3 que estão no nosso município. Tenho certeza de que, com a contribuição da população, vamos vencer mais essa situação desfavorável. Quais ações a prefeitura já está realizando para combate à dengue? A prefeitura está mapeando os locais onde o índice de infestação é maior e fazendo uma ação de varredura destes pontos, que estão restritos a alguns bairros da cidade. Estamos fazendo exatamente ação intensa para combater o mosquito (Aedes
aegypti) e as larvas nestes respectivos
locais. Quando a população de Campo Grande poderá contar com o Centro de Saúde do Homem, que vai funcionar no antigo Albergue, na Avenida Afonso Pena? O projeto está em fase final pela Secretaria de Obras. Está sendo elaborada planilha de custos. Vamos fazer ainda esse ano o Centro de Referência de Atendimento ao Homem para começar a funcionar ainda em 2011. O local contará com atendimento desde o nascer do menino até a melhor idade. Essa é uma meta do Ministério da Saúde. Temos visto propaganda na imprensa mostrando que os homens se cuidam menos que as mulheres. Já está resolvida a questão da posse do Albergue? Estamos terminando a efetivação da matrícula no nome do município para poder resolver esse impasse. A área é do município. Como está a expectativa com relação à inauguração da nova rodoviária? Estamos com expectativa muito grande. A gente sente por onde anda, levando convite da inauguração – e eu tenho feito isso pessoalmente –, a alegria das pessoas em poder participar. Vai ser um marco histórico na nossa cidade. A partir do primeiro minuto de fevereiro, o nosso município vai estar dotado da rodoviária mais bonita do Brasil. Campo Grande merecia essa obra e, graças a uma parceria público-privada, desenvolvida com a empresa responsável pela concessão, nós iremos concluir esse sonho. Com isso, depois de muitas décadas o campo-grandense vai ter a alma lavada na questão da rodoviária. Como será feita a obra do novo Paço Municipal? Estamos em um estudo preliminar até para conhecer melhor as condições e não vamos dar nenhum passo maior que as nossas pernas no sentido de ver se é viável a construção do novo Paço Municipal e de um centro administrativo. O local adequado para se construir esse complexo é na área escolhida em função da proximidade com os Poderes constituídos e com a modernidade que o projeto se impõe no sentido de eficiência e agilidade. Já está definido que a empresa Arbeit Desenvolvimento Imobiliário Ltda. irá realizar a obra? Há apenas um início de tratativa. Essa empresa já está atuando em algumas cidades do ABC Paulista. Vamos entrar em contato com os prefeitos daquela região para poder ver como ela está se portando naquelas cidades. Além disso, há um estudo financeiro detalhado para ver se é viável a implantação. Até porque a sede do Paço já está acanhada e não é condizente com a cidade que nós temos. Não há possibilidade de abrir uma licitação e dar oportunidade para que todas as empresas participem da disputa pela obra até para obter um preço mais vantajoso? Logo depois que isso veio colocado na imprensa, alguns e m p r e s á r i o s locais manifestaram interesse em conversar com a prefeitura e tentar viabilizar isso. Estamos abertos para esse diálogo e pode ter certeza que a prefeitura fará tudo dentro da lei. A obra do aterro sanitário ainda está parada. Qual solução deve ser dada para a destinação do lixo em Campo Grande? A solução do aterro e a modelagem do seu funcionamento, incluindo os catadores que são uma questão social que não poderia ser desprezada, vai seguramente se concretizar em 2011. Já estamos no processo de licitação e, tão logo termine, iremos dar sequência a nossas ações para, numa ação conjunta, terminar o aterro sanitário, organizar uma grande modelagem para que se abriguem os catadores e implantar a coleta seletiva de lixo. Algumas empresas apresentaram novas tecnologias para destinação e tratamento do lixo. A prefeitura estuda alguma maneira de utilizar estes meios para economizar com os serviços ? Estamos participando do credenciamento para captação do crédito de carbono para que possamos ter algum lucro em função do lixo que vale luxo, que vale dinheiro, que não fique apenas num passado sombrio como é o lixão da nossa cidade. Isso vai nos render euros. Toda solução inteligente que venha diminuir custo e seja benéfica para o município nós iremos implementar.