Cidades

DEBATE NECESSÁRIO

Sob Riedel, letalidade policial em MS aumenta 115%

Morte mais recente ocorreu na tarde desta sexta-feira, na região norte de Campo Grande, quando um homem supostamente armado com faca foi morto a tiros dentro de casa

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Desde primeiro de janeiro do ano passado, quando Eduardo Riedel  (PSDB) assumiu o Governo do Estado, até este sábado (23), 204 pessoas morreram em Mato Grosso do Sul em decorrência da chamada “intervenção policial”. O número já supera as 200 mortes provocadas por policiais ao longo dos quatro anos da gestão anterior, do também tucano Reinaldo Azambuja.

O caso mais recente foi registrado na tarde desta sexta-feira (22), por volta das 17 horas e 20 minutos, na região norte de Campo Grande, no bairro Jardim dos Estados, quando um homem supostamente embriagado ou sob efeito de drogas e armado com uma faca desacatou policiais militares do Batalhão de Choque e foi morto com dois tiros porque teria tentado agredi-los dentro da casa onde morava. 

Com mais este caso, os dados oficiais mostram que uma pessoa foi morta por policiais civis e militares em Mato Grosso do Sul a cada 3,3 dias desde o começo do ano passado. Na gestão anterior, o intervalo médio entre uma morte e outra era de 7,3 dias, conforme os dados disponíveis no site da Secretaria de Justiça e Segurança Pública. 

Conforme o boletim de ocorrência registrado pelos policiais militares que participaram da abordagem que resultou na morte de Kleyton Scheres Ramos, de 38 anos, ele recebeu a equipe “no portão de sua residência, visivelmente sob efeitos de drogas, sendo que o portão estava semiaberto, e foi percebido que havia um volume na região da cintura, momento em que a EQUIPE deu voz de abordagem, o indivíduo muito alterado começou a gritar, "Se entrar aqui vai tomar, seus vermes, bando de filha da puta". 

Com a morte de Kleyton, subiu para 73 o número de registros em 2024, que já é o ano com a segunda maior letalidade policial na história de Mato Grosso do Sul. Em primeiro lugar está 2023, quando as forças policiais mataram 131 pessoas. Até então, 2019 era o ano com maior letalidade, com 70 registros. 

Depois de desafiar os policiais, continua o Boletim de Ocorrência, o homem que estava visivelmente transtornado, “correu para dentro da residência”. E, mesmo sem ordem judicial para entrar na casa, os policiais entenderam que havia “flagrante delito por desacato, a equipe entrou para realizar a abordagem atrás do indivíduo, dando voz de parada, o que não foi obedecido pelo autor. Sendo que o mesmo retirou a faca que estava portando em sua cintura e gritando "VAI TOMAR SEUS COMÉDIAS", relataram os policiais na delegacia.

Nos supostos confrontos que resultaram na morte de 204 pessoas desde o começo do ano passado, nenhum policial foi morto. Não existe registro nem mesmo de ferimento. Disparos ou danos contra viaturas foram menos de meia dúzia. 

E, como Kleyton tirou a faca da cintura e ele não atendia aos pedidos para que se rendesse,”foi feito um disparo pela EQUIPE, sendo que esse disparo não veio a surtir efeito, e não cessando a injusta agressão do autor, foi necessário mais um disparo, esse último, cessou a investida do autor”, descreveram os policiais na delegacia. 

Assim como ocorreu com a quase totalidade das outras 203 mortes desde o começo do ano passado, os policiais afirmam que se apressaram para garantir a sobrevivência do homem que acabara ser derrubado por dois tiros de pistola 9 milímetros. De acordo com o BO, “de imediato, após cessar a injusta agressão, prestou socorro ao autor, até a UPA Nova Bahia, na qual chegou ainda com vida, foi prestado o socorro pelo médico,(...) porém, as 18h20min, foi comunicado pela equipe médica seu óbito”. 

Fonte: SEJUSP

Para tentar conter o avanço da letalidade policial, tema que voltou ao centro das atenções nacionais depois que um estudante de medicina foi morto em São Paulo por ter dado um tabefe no retrovisor de uma viatura policial, o Governo Federal está propondo a adoção de câmeras corporais. Mato Grosso do Sul até aderiu à proposta, mas as 400 unidades previstas serão entregues basicamente a policiais que atuam na fiscalização de trânsito, polícia ambiental e em casos de violência doméstica. 

Na casa onde ocorreu o confronto fatal estavam somente os policiais e o homem que eles classificaram como autor.  Mas, durante a atuação da perícia, de acordo com os PMs, chegou no local uma testemunha, cujo nome não será citado pela reportagem, informando que conhecia Kleyton e que nesta sexta-feira (22) ele “estava muito alterado empunhando a faca em via pública, causando medo ou receio as pessoas que circulavam (...), e que o autor o havia ameaçado com faca”.

Diferentemente da repercussão que ocorreu após a morte do estudante paulista de medicina, cujos pais e dois irmãos são médicos, o caso de Kleyton possivelmente será somente mais um nas estatísticas. E estas estatísticas mostram que no governo passado a polícia matava uma pessoa a cada 175,2 horas no Estado. Desde o começo do ano passado, o intervalo é de 81,4 horas. Isso significa aumento de 115,2%. 

TRANSPORTE COLETIVO

Novo valor da tarifa de ônibus será anunciado "nos próximos dias", diz prefeita

Justiça deu prazo de 15 para prefeitura reajustar o valor do passe e Adriane Lopes disse que missão do novo diretor da Agência de Regulação é trabalhar nesta pauta

13/01/2025 11h45

Tarifa do transporte coletivo deve ser reajusta em 15 dias

Tarifa do transporte coletivo deve ser reajusta em 15 dias Foto: Gerson Oliveira / Correio do EStado

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A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, garantiu que o reajuste da tarifa do transporte coletivo será anunciado em breve, mas disse que valores e outras definições ainda estão sob análise do novo diretor-geral  da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), José Mário Antunes, que tomou posse nesta segunda-feira (13).

"O novo diretor da Agência de Regulação foi empossado hoje e vai estar trabalhando nesta pauta e, pelos próximos dias, vamos anunciar a população. A missão dele já é a partir de hoje trabalhar em cima dessa pauta que é tão importante para Campo Grande", disse a prefeita.

Questionada sobre o possível novo valor, a prefeita voltou a repetir que o assunto será trabalhado a partir de hoje.

Em decisão assinada na última quinta-feira (9), o juiz Marcelo Andrade Campos Silva, da 4ª Vara de Fazendas Públicas e de Registros Públicos deu o prazo de 15 dias para que a Prefeitura de Campo Grande reajuste a tarifa de ônibus.

O reajuste deveria ter ocorrido em outubro do ano passado e foi estipulada multa diária de R$ 50 mil até que o aumento seja efetivado.

O último reajuste do passe de ônibus ocorreu em março do ano passado, quando passou de R$ 4,65 para R$ 4,75.

Na última gestão, a Agereg, que é responsável pelo transporte coletivo da Capital, era chefiada por Odilon de Oliveira Júnior.

Decisão judicial 

A decisão que determina e dá prazo para o reajuste leva em consideração o contrato de concessão, assinado em 2012, que definiu outubro como data-base para os aumentos anuais.O reajuste deveria haver naquele mês em 2024, o que não foi feito.

Por isso, o Consórcio Guaicurus entrou com embargo de declaração na Justiça, por descumprimento, no qual o juiz deu o prazo para o reajuste.

“Intime-se o requerido [Prefeitura], pessoalmente para que,no prazo de 15 dias, comprove nos autos o efetivo reajuste da tarifa que deveria ter ocorrido no mês de outubro do ano passado, sob pena de aplicação de multa diária de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), até o efetivo reajuste”, diz a decisão.

O novo valor da tarifa deve ser definido através de novos cálculos, já que nem a tarifa técnica, valor que é usado como base para a tarifa pública, ainda não foi divulgado pela administração. A tarifa técnica, esta tarifa é de R$ 5,95.

A decisão do juiz, no entanto, não tem relação com o reequilíbrio do contrato de concessão do transporte público, já que este tema aguarda que uma perícia judicial nas contas da concessionária seja realizada. A análise começou em dezembro e ainda deve demorar para ser concluída.

Polícia

Envolvido em latrocínio de PM morre em confronto com o Choque

Ele é o segundo do trio que matou Valdir Antunes de Oliveira, em 2014, a ser morto pelo Batalhão de Choque da PM

13/01/2025 11h30

Divulgação: BPMChoque

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Bruno Allef Bibiano Cristaldo, de 31 anos, morreu em confronto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMChoque) na noite do último domingo (12), em Campo Grande.

Ele foi apontado como um dos envolvidos no latrocínio (roubo seguido de morte) do policial militar Valdir Antunes de Oliveira, de 37 anos, morto em 2014. Na ocasião, três homens invadiram a loja de materiais de construção do PM e fizeram reféns. Quando Valdir chegou, foi recebido a tiros no estabelecimento.

Em setembro do ano passado, um outro envolvido no assalto, Weslei Galvani, de 38 anos, também foi morto pelo Choque.

Ocorrência

Em nota, o Choque informou que policiais faziam patrulhamento no bairro Nova Lima quando avistaram um motociclista com capacete levantado e em alta velocidade. Diante disso, a guarnição deu ordem de parada por meio de sinais sonoros e luminosos, mas o condutor da motocicleta empreendeu fuga.

Em determinado momento, o motociclista diminuiu a velocidade, com intuito de manobrar e fazer o retorno na via para continuar a fugir, mas a equipe interviu e desembarcou para realizar a abordagem.

O homem, no entanto, não acatou às ordens do Choque, levou a mão à cintura e sacou um revólver.

No momento em que ele apontou a arma para a equipe, o comandante efetuou disparos para neutralizar a ação do agressor. Ele foi resgatado com sinais vitais e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento do bairro Nova Bahia, onde posteriormente foi constatado seu óbito.

Com ele foi encontrado um aparelho celular, uma carteira com seis trouxinhas de substância análoga a cocaína, além de um revólver com cinco munições intactas e uma deflagrada.

Segundo envolvido no crime morto

No dia 9 de setembro do ano passado, um outro envolvido na morte do PM Valdir Antunes de Oliveira, foi morto pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. Ele foi identificado como Weslei Galvani, e tinha 38 anos.

O caso aconteceu no fim da tarde, quando equipes realizavam rondas na BR-260, em Campo Grande, na altura do trevo da saída para Sidrolândia. A equipe de moto patrulhamento avistou dois homens em uma motocicleta, e notou que um deles tentava esconder algo na cintura, enquanto cobria o rosto para evitar identificação. A ação suspeita motivou a abordagem.

O piloto do veículo obedeceu a ordem e se deitou no chão. Já o garupa, tentou reagir e foi morto, como descreveu o BPMChoque em nota divulgada na época.

"O garupa, no entanto, demorou a obedecer às ordens e, ao se dirigir em direção a uma área de mata, tentou sacar uma arma. Foi ordenado que ele levantasse as mãos, mas ele desconsiderou a ordem e continuou tentando sacar a arma com a intenção de agredir a equipe policial. Diante da ameaça iminente e injusta, foi necessário disparar contra o garupa, atingindo-o", diz nota.

O homem foi desarmado, socorrido e encaminhado ao Hospital Regional de Campo Grande, onde foi atendido pelo médico de plantão, que constatou o óbito.

Foram apreendidos com ele uma arma taurus 9 milímetros e um carregador contendo 8 cartuchos intactos.

Envolvido em morte de PM

Segundo o Batalhão de Choque, os dois homens citados na reportagem integravam o trio envolvido no assalto que resultou na morte do soldado da Polícia Militar, Valdir Antunes de Oliveira, de 37 anos.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, Valdir foi baleado na manhã do dia 23 de julho de 2014, durante um assalto a uma loja de materiais de construção localizada no Jardim Oliveira, em Campo Grande.

Os três rapazes invadiram a loja, que pertencia à família do soldado, e renderam uma funcionária e a esposa do PM, que estava com uma criança de colo. Eles colocaram as vítimas dentro de um banheiro, enquanto pegavam o dinheiro do caixa.

O policial chegou ao local, e foi recebido com um tiro. Os criminosos fugiram, levando R$ 200 em dinheiro, a arma do policial e o celular de um cliente.

Valdir chegou a ser socorrido e foi encaminhado para o Hospital Regional, porém não resistiu aos ferimentos e morreu.

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