Cícero Faria, Dourados
O professor e entomologista Paulo Degrande, do Departamento de Agronomia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), participa do grupo de estudos que está mapeando a ocorrência da “soja louca 2”, por enquanto, restrita a algumas regiões agrícolas de Mato Grosso, mas que pode se espalhar por outros Estados. Em Goiás também houve registro da doença.
Degrande disse que está sendo discutida a suspeita de que um tipo de ácaro, habitante em abundância nos solos brasileiros, pode ser um dos causadores do distúrbio.
Pesquisadores da Embrapa Soja, de Londrina, e agrônomos da Aprosoja/MT vão mapear as ocorrências desta anomalia, de causa desconhecida, que atacou lavouras mato-grossenses.
O distúrbio, que impede o amadurecimento da planta da soja e causa altos índices de abortamento de flores e vagens, já provocou perdas de até 15%, em média, nas áreas atingidas.
Por ter sintomas parecidos com os da soja louca, doença causada pelo percevejo verde, a anomalia vem sendo chamada de “soja louca 2”. O levantamento das ocorrências será apenas o primeiro passo para compreender e tentar combater o problema. “Já se percebeu que a anomalia atingiu tanto cultivares transgênicos quanto convencionais”, disse o pesquisador Maurício Meier, da Embrapa Soja, durante reunião em Cuiabá.
O gerente técnico da Aprosoja, Luiz Nery Ribas, disse à imprensa que a soja louca 2 se manifesta em “manchas”, e não em áreas contínuas. “Já vínhamos acompanhando o surgimento dessa situação há uns dois anos, mas eram casos isolados e que não causavam perdas significativas”, acrescentou.
Em Sorriso – maior produtor de soja do País, a anomalia atingiu uma área de 1.200 hectares de um produtor, causando perdas de 15%. Em safras passadas, o problema foi observado, mas as perdas não chegavam a 1%.
Segundo o chefe de pesquisa da Embrapa Soja, de Londrina, José Renato Farias, a soja louca é uma anomalia complexa que pode estar associada a vários fatores. Os sintomas observados são o afilamento das folhas do alto das plantas e o engrossamento das suas nervuras.
As folhas apresentam uma tonalidade mais escura em relação às sadias. As hastes exibem deformações e engrossamento dos nós. As vagens também apresentam deformações, redução do número e apodrecimento de grãos.