Empresas jovens, com propostas de educação híbrida ou a distância, injetam tecnologia e novas formas de ensinar na educação básica e universitária. O mercado cresce anualmente e já recebe mais de US$ 7 bilhões (R$ 21,9 bilhões) em investimento no mundo todo.
Segundo levantamento da Metaari, consultoria americana especializada em tecnologia educacional, empresas dessa área receberam 12% mais investimentos em 2016 em relação ao ano de 2015.
O Stoodi, de São Paulo, foi fundado em 2013 como uma plataforma de aulas em vídeo e exercícios. Os planos de estudo, personalizados de acordo com a agenda e os objetivos do estudante, são voltados para recuperação escolar, vestibulares e Enem.
Edenilson Sabino,18, morava em sua cidade natal, Itatira (CE), a 186 quilômetros de Fortaleza, na época em que se preparava para o vestibular, em 2016. A cidade, porém, não tem nenhum curso pré-vestibular e sua família não tinha condições de mantê-lo estudando em outro município.
Foi então que Sabino encontrou o Stoodi em pesquisas de internet e começou a estudar usando a plataforma.
"A educação básica na minha cidade era precária, sem professores com a formação adequada. Foi estudando on-line que me senti um aluno de verdade", diz ele, que cursa agora o primeiro semestre do curso de Engenharia Elétrica na UFC (Universidade Federal do Ceará).
Segundo Daniel Liebert, fundador do Stoodi, o site deve chegar ao mês de agosto com 800 mil cadastrados.
Para ter acesso completo às aulas é preciso pagar (R$ 49,90 é o preço mensal do curso preparatório para o vestibular), mas os cadastrados que não pagam têm acesso a uma parte do conteúdo.
Em 2013, Felipe Amaral de Mattos, gerente de inovação da Kroton Educacional, dona de universidades como Anhanguera e Unopar, participou da fundação da Studiare, uma plataforma de ensino adaptativo.
Nos primeiros anos, a empresa desenvolveu produtos em parceria com instituições de ensino até que, em 2015, foi comprada pela Kroton.
Hoje, ela é usada pelos cursos de universidades do grupo para nivelamento de conhecimentos do ensino médio e, após a metade da graduação, a estimulação de habilidades esquecidas, por meio de testes.
"Mas este é um mercado complexo. Para funcionar, o produto deve ter uma proposta clara e a empresa deve ter bons professores e conteúdo relevante", afirma Mattos.
No Colégio Visconde de Porto Seguro, na zona oeste São Paulo, os alunos do ensino fundamental e médio interagem com os professores através do Moodle, um ambiente virtual de aprendizagem gratuito.
Segundo Joice Lopes Leite, coordenadora de tecnologia educacional da escola, até parte da recuperação de notas é feita on-line, reduzindo o gasto de tempo e papel.
"Plataformas virtuais permitem um aprendizado mais autônomo, mas o papel da escola de checar o conteúdo e dar sentido para o conhecimento ainda é importante", diz Leite.
PREPARO
Voltado para professores de ensino básico que querem aprender a lidar com tecnologias educacionais, a EvoBooks, start-up incubada no Cietec (centro de inovação ligado à USP), lançou o Programa Inspira.
Segundo Gabriela Pimenta, gerente de projetos da EvoBooks, mais de 2.000 professores já fizeram o curso (a distância) que ensina, por exemplo, como incluir aplicativos educacionais nas aulas. Um dos primeiros clientes a adquirir o produto foi o governo do Estado do Amazonas, para capacitar professores da rede pública.
Para ter acesso aos conteúdos, disponíveis para todas as matérias obrigatórias no ensino básico, o professor paga mensalidades a partir de R$ 19,90.