Cidades

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Surpresa desagradável

Surpresa desagradável

Redação

03/04/2010 - 23h45
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Indiscutivelmente, obras para pavimentação de ruas e criação de novas avenidas trazem inúmeros benefícios para a população. Os moradores das proximidades veem seus imóveis sendo valorizados, pois o acesso a outros bairros e ao centro torna-se mais fácil e rápido. Foi o que, inicialmente, esperavam as pessoas que residem nos bairros Jockey Club e Marcos Roberto com a implantação da Via Morena, que é uma das principais avenidas da Capital. No entanto, a "surpresa" tornou-se desagradável quando elas passaram a ter suas casas invadidas pela enxurrada. Há pelo menos quatro anos, as cenas se repetem, mas nenhuma providência foi tomada ainda.

    A chuva de quinta-feira, que somou 43 milímetros, transformou em rios algumas ruas de bairros da Capital e trouxe novos prejuízos para moradores. A cada enxurrada, os campo-grandenses assistem perplexos os estragos em diferentes pontos da cidade. Anteontem, foi a vez da população da região sul ser a mais prejudicada. A questão é que alagamentos só passaram a acontecer nos bairros citados depois da construção da Via Morena. Todos sabem da importância desta avenida, mas o poder público, obrigatoriamente, deveria ter feito sistema de drenagem eficiente para que a água não acabasse escoando para as outras vias.

    Os moradores do Jockey Club, de fato, foram surpreendidos pelos  alagamentos. Inclusive, há cerca de um ano, uma mulher morreu porque teve parada cardíaca após ver a residência tomada pela água. Em outras ocasiões, já haviam relatado que o problema começou depois da nova avenida e retirada dos trilhos. O secretário de Infraestrutura, João Antônio De Marco, confirmou que os trilhos serviam como barragem de contenção da enxurrada. Então, se isso já era de conhecimento das autoridades, por que nenhuma providência foi tomada? Ou será que para uma obra tão grandiosa não foi elaborado nenhum tipo de estudo com o objetivo de medir o impacto na região?

    Essas questões ainda precisam ser respondidas, mas a falta de planejamento já ficou evidente em várias obras executadas na Capital, como as de contenção de enchentes. E para piorar, não há data para as intervenções nas proximidades da Via Morena começarem. Ainda será necessário, conforme o secretário, aguardar recursos (ainda não garantidos) na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
    A situação exige alerta para que os mesmos erros não se repitam. E, com a obra do prolongamento da Via Morena na saída para Aquidauana, orçada em R$ 13,9 milhões, já observam-se sinais de problemas semelhantes em outra região da cidade. Durante as últimas chuvas, as avenidas Júlio de Castilhos (na esquina com a Presidente Vargas) e Duque de Caxias (em frente a Base Aérea) apresentaram pontos de alagamento. Lá os trilhos também foram retirados e as obras estão apenas começando. A população, certamente, comemora novos investimentos, mas espera que os próximos tragam apenas benefícios.     

ESTRAGOS

Número de feridos chega a 750 após passagem de tornado pelo Paraná

Rio Bonito do Iguaçu está praticamente destruída, diz prefeito

08/11/2025 21h00

Tornado destruiu diversos lares pela cidade paranaense

Tornado destruiu diversos lares pela cidade paranaense Foto: Ari Dias/AEN

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O governo do Paraná informou que, até o início da tarde deste sábado (8), 750 pessoas foram atendidas em unidades de Saúde do estado em decorrência da passagem de um tornado por cidades paranaenses. O fenômeno provocou a morte de seis pessoas.

O município mais atingido foi Rio Bonito do Iguaçu, que fica a cerca de 400 quilômetros de Curitiba. Dados da Defesa Civil paranaense estimam que até 90% da área urbana da cidade foram atingidos.

Segundo as informações oficiais, a maior parte dos feridos foi atendida em duas unidades hospitalares, uma unidade básica de saúde (UBS) e uma faculdade de Laranjeiras do Sul.

Casos mais graves estão sendo encaminhados para o Hospital Universitário de Cascavel e para o Hospital Regional de Guarapuava. Quatro pessoas precisaram passar por cirurgia.

Em Rio Bonito do Iguaçu, “as estruturas de saúde estão todas colapsadas”, disse o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto. Segundo o gestor, apenas um centro de saúde da cidade está aberto. “Um grande movimento das prefeituras do entorno somou uma força tarefa para manter funcionando”, acrescentou o secretário.

Tornado

O fenômeno climático atingiu a região Centro-Sul do Paraná na noite de sexta-feira e foi classificado como tornado de categoria F3, com ventos de até 250 quilômetros por hora, segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).

O governador do Paraná, Ratinho Jr., foi para a cidade de manhã cedo. Além dos esforços para o atendimento de desabrigados e feridos, ele anunciou uma parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) para agilizar o levantamento dos estragos e antecipar os esforços de reconstrução, principalmente, de casas.

O número total de desabrigados ainda não foi calculado pelas autoridades. Até o início da manhã, entretanto, a Defesa Civil estimava 10 mil pessoas impactadas pelos ventos, com 28 desabrigados e 1 mil desalojados.

“Agora vamos realizar esse levantamento para que possamos ajudá-las de alguma forma, seja com linhas de crédito, seja com apoio para reconstrução ou para cobrir prejuízos em diversos setores. A cidade está praticamente destruída, o que torna impossível fazer um levantamento detalhado neste momento”, disse o prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Sezar Augusto Bovino.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o envio imediato de equipes da Defesa Civil Nacional especializadas no trabalho de acolhimento das vítimas e de reconstrução. A comitiva federal é liderada pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que irá acompanhar os trabalhos no local. 

O Ministério da Saúde enviou uma equipe da Força Nacional do SUS ao município paranaense. A equipe é composta por cinco profissionais especializados, entre eles, um especialista em saúde mental em desastres, um médico sanitarista, um enfermeiro, um analista de recursos logísticos e um analista de incidentes e reconstrução assistencial. 

Os profissionais irão atuar na reativação dos serviços de saúde, no apoio à gestão local e na resposta assistencial e psicossocial imediata, garantindo a retomada segura e rápida do atendimento integral à população afetada.

A expectativa para os próximos dias é que uma massa de ar frio derrube as temperaturas no Paraná e em Santa Catarina. Em Rio Bonito do Iguaçu, epicentro do tornado, a temperatura deve oscilar entre 13 e 22 graus Celsius (°C) neste sábado (8), mas a medição mínima pode chegar a 11°C no domingo (9). 

ESTRAGOS

"Em 5 minutos eu não tinha mais nada" contam vítimas de Rio Bonito após passagem do tornado

Até a tarde deste sábado, 08, a Defesa Civil confirmou a morte de pelo menos seis pessoas, vitimadas pelo tornado de sexta-feira

08/11/2025 19h45

Tornado atingiu cidades do Paraná, principalmente Rio Bonito do Iguaçu

Tornado atingiu cidades do Paraná, principalmente Rio Bonito do Iguaçu Foto: Ari Dias/AEN

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A aposentada Luiza Velozo se preparava para ir à missa apesar da chuva forte que caía sobre Rio Bonito do Iguaçu (PR) na sexta-feira, 7. Mas em poucos minutos a chuva se tornou temporal, ventos de mais de 250 km/h atravessaram a cidade e a única coisa que sobrou da casa de Luiza foram ruínas. "Não deu tempo de nada. Deu cinco minutos e eu não tinha mais nada", lamenta.

A casa de Luiza e de seu marido, Jefferson, foi apenas uma no rastro da destruição do tornado desta sexta. Segundo a Defesa Civil, ao menos seis pessoas morreram, 773 ficaram feridas e cerca de quatro mil foram atingidas, direta ou indiretamente, pela ventania.

"Eu estava me preparando para ir para a igreja quando vi as telhas levantarem. Meu marido gritou 'corre', me empurrou e disse para eu entrar embaixo da cama. Na hora a casa desabou e eu ouvi meu marido gritando, perguntando se eu estava viva", lembra ela.

Luiza conta que um vizinho - completamente ensanguentado - os resgatou e então, sob a chuva torrencial, eles conseguiram resgatar outra vizinha, mais machucada, e a levaram para o hospital. Um terceiro vizinho não resistiu aos ferimentos.

'Meu marido me dizia para irmos embora'

A casa de Fabíola dos Santos, filha de Luiza, também foi atingida, mas não chegou a cair. "Foram só algumas telhas", conta ela. Mas, assim que os ventos pararam, ela saiu com os filhos e o marido para ver como a mãe estava.

"Eu cheguei e estava tudo desse jeito", conta ela, acenando para as ruínas que sobraram da casa. "Meu marido me dizia 'vamos embora', mas eu continuava gritando pela minha mãe."

Quando conseguiu parar, Fabíola foi procurar a família no posto de saúde. E as duas contam que a maior alegria possível, naquele momento de desespero, foi ver que estavam todos vivos e a salvo

Da casa, só sobraram as paredes do banheiro

A poucos metros da casa de Luiza morava o casal Gilmar e Lenir Salette Zanotto, com o filho, Eduardo Enrique. Os três estavam em casa quando os ventos começaram e correram para a porta para entender o que estava acontecendo.

"A gente começou a escutar muita chuva e um barulho que parecia um motor ligado, uma coisa muito forte. A gente foi até a porta de vidro, para ver o que era, então eu escutei minha mãe correr para o banheiro e vi que o vento estava arrancando o telhado de parte da cozinha", conta Eduardo.

O jovem conseguiu entrar no banheiro junto com a mãe, mas o pai ficou para trás e só conseguiu ficar embaixo de uma mesa. "Mas o vento jogou ele e a mesa para um canto da casa, naquela barulheira, e quando a gente viu, não havia mais nada."

Gilmar quebrou uma perna e teve um braço atravessado por um fragmento, mas já foi atendido no posto de saúde e está se recuperando. Lenir e Eduardo tiveram ferimentos leves. Da casa, as únicas coisas que restaram foram as paredes do banheiro e um punhado de eletrodomésticos.

"Passamos a noite na cidade vizinha, com familiares, e agora temos que ver como vai ser, como vamos seguir. Mas pelo menos estamos com vida", diz Eduardo.

Ao menos seis pessoas morreram

Até a tarde deste sábado, 08, a Defesa Civil confirmou a morte de pelo menos seis pessoas, vitimadas pelo tornado de sexta-feira:

Adriane Maria de Moura, 47 anos

Julia Kwapis, 14 anos

Claudino Paulino Risse, 57 anos

José Gieteski, 83 anos

José Neri Geremias, 53 anos

Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos

O governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias em razão das mortes dos moradores das cidades afetadas.

A Defesa Civil confirmou que 773 pessoas ficaram feridas, ao menos 19 perderam totalmente suas casas e ainda não há uma estimativa de pessoas desalojadas. Cerca de quatro mil foram atingidas pelos ventos na cidade.

Os governos estadual e federal estão agindo, junto à prefeitura local, para atender emergencialmente os moradores impactados e começar a reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu.

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