lidiane kober
O senador Valter Pereira (PMDB) deve coordenar pelo PMDB a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT), em Mato Grosso do Sul. A indicação ganhou força depois de o governador André Puccinelli (PMDB) confirmar apoio ao tucano José Serra na corrida pela sucessão presidencial. Preocupado com o fortalecimento de Valter, o governador vem ligando, quase que diariamente, para o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, para tentar barrar a indicação.
A atitude de Puccinelli leva em consideração a crise política instalada com Valter, que, por se sentir prejudicado nas prévias que escolheram o deputado federal Waldemir Moka como candidato do PMDB ao Senado, rompeu sua relação política com o governador. Inclusive, Valter chegou a criticar, na tribuna do Senado, o uso da máquina pública do Governo do Estado para favorecer Moka nas prévias do seu partido.
Em resposta, o parlamentar decidiu fazer campanha contra o correligionário e em favor de Dagoberto Nogueira (PDT) e Delcídio do Amaral (PT), candidatos ao Senado na chapa do ex-governador José Orcírio dos Santos (PT), — principal adversário de Puccinelli.
Além disso, Valter promete marcar presença no palanque de Dilma em Mato Grosso do Sul, reproduzindo aliança nacional, contrariando atitude do Diretório Regional do PMDB. Sem o apoio de Puccinelli na corrida presidencial, Temer, que será vice na chapa da petista, recorreu ao senador para atuar na campanha da ex-ministra. “O Michel me convidou para coordenador a campanha pelo PMDB da Dilma, no Estado”, revelou Valter.
Daí a preocupação de Puccinelli porque, além de perder prestígio com a cúpula nacional do partido, na eventualidade de Dilma vencer a corrida eleitoral, precisará recorrer a Valter, ou ao prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad, para conseguir reabrir as portas do Palácio do Planalto. Nelsinho também deverá participar da coordenação da campanha da petista, integrando comitê suprapartidário dos prefeitos da região Centro-Oeste.
No entanto, o senador ainda não “bateu o martelo” em relação ao convite de Temer. “Preciso conversar com os outros atores do processo eleitoral”, ponderou, evidenciando o interesse de ouvir a opinião de lideranças que compõem o arco de aliança de Dilma. Do PMDB, Nelsinho e seu vice Edil Albuquerque já confirmaram apoio à ex-ministra. Além disso, Valter precisará falar com os petistas. “Quero ouvir a opinião de todos”, ressaltou.
Relação amistosa
Independentemente de coordenar ou não a campanha de Dilma no Estado, o senador defendeu uma relação amistosa com o PT. “Se vamos apoiar a mesma candidata a presidente, não podemos deixar a sucessão estadual provocar disputa entre os aliados de Dilma”, opinou. “A convivência precisa ser amistosa na eleição”, completou.
Indagado se subirá ao palanque de Orcírio para apoiar a ex-ministra, Valter, sem dar detalhes, destacou que a prioridade é a eleição de Dilma.