Dois operários da usina nuclear de Fukushima foram hospitalizados nesta quinta-feira por terem sido expostos à radiação excessiva enquanto trabalhavam para levar cabos elétricos ao reator número 3, informou a emissora de televisão NHK.
Os dois funcionários, junto com um terceiro trabalhador que não precisou ser levado ao hospital, receberam radiação entre 170 e 180 milisievert, segundo a NHK, que cita fontes da Agência de Segurança Nuclear do Japão.
Os feridos eram terceirizados da Tokyo Electric Power Company (Tepco), a empresa operadora da central, e trabalhavam para estender o cabo elétrico ao edifício de turbinas que se encontra em frente ao reator 3.
Os dois foram levados ao hospital da cidade de Fukushima, e de lá devem ser transferidos para um instituto especial de radioatividade na cidade de Chiba, no leste do Japão.
No reator 3, que na quarta-feira foi temporariamente evacuado depois que uma fumaça escura foi obsersava saindo da unidade, foi retomado hoje o lançamento de água para resfriar sua piscina de combustível.
Em seis horas, as equipes militares e de bombeiros injetaram entre quatro e cinco toneladas de água na piscina, segundo a Agência de Segurança Nuclear.
O reator 3, que desde a terça-feira voltou a ter luz na sala de controle, é o único dos seis da central que usa como combustível uma mistura de urânio e plutônio (MOX).
Os operários da Tepco também lutam para controlar a situação nos reatores 1, 2 e 4, embora este último estivesse em manutenção no momento do terremoto seguido de tsunami do último dia 11.
RADIOATIVIDADE
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse na quarta-feira ter sido informada pelas autoridades japonesas de que as taxas de radiação na usina de Fukushima Daiichi estão caindo, mas que a contaminação por iodo e césio em áreas próximas aumentou.
A posição atualizada da agência da ONU (Organização das Nações Unidas) foi anunciada no mesmo dia em que o próprio governo japonês pediu que crianças com menos de um ano não consumam água da torneira em Tóquio.
Em seu informe, o especialista Graham Andrew, ligado à agência, disse que um dos trabalhadores empenhados em evitar um desastre na usina nuclear no Japão foi exposto a uma alta dose de radiação que pode elevar o risco de câncer.
Marcelo Correa/Arte/Folhapress | ||
Autoridades japonesas também disseram à AIEA que duas municipalidades próximas da usina danificada --as de Chiba e Ibaraki-- foram alertadas para monitorar produtos de origem marinha.
Altos níveis de iodo e césio radioativo foram identificados perto de pontos de escoamento de água da usina elétrica de Fukushima, "antes de diluição pelo oceano", afirmou Andrew.
Autoridades japonesas fizeram na terça-feira testes de radiação na água do mar perto do local da usina, mas enfatizaram que os níveis elevados então detectados não eram motivo para preocupação.