Vânya santos
A Polícia de São Paulo prendeu dois integrantes de uma quadrilha que movimentava até uma tonelada de cocaína por mês. Com os traficantes foram apreendidas três aeronaves que eram utilizadas para o transporte da droga em regiões que fazem fronteira seca com países vizinhos. Boa parte da cocaína distribuída em São Paulo, Minas Gerais e Paraná era adquirida, principalmente, em Ponta Porã e Corumbá.
De acordo com o diretor do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), delegado Marco Antônio de Paula Santos, os acusados João Marcos Rolim, 38 anos, e o piloto Marcos Júlio Knorre, de 42 anos, foram presos na tarde da última quarta-feira, num condomínio fazenda na Vila Eldorado, em Atibaia, a 67 quilômetros de São Paulo.
No local havia um hangar, de propriedade do traficante Mário Sérgio Arias, o Panelão, que servia de base para a distribuição de cocaína. No local foram apreendidos três aviões – um Baron A56, um Baron A58 e um EXP Cessna. As aeronaves são de uma companhia de táxi aéreo, que segundo a polícia, é de propriedade da quadrilha, que usa um nome falso na titularidade da empresa.
Ainda no hangar foram apreendidos cinco veículos, sendo um caminhão guincho, duas caminhonetes, um Fox e uma picape, além de 44 quilos de cocaína.
Logística
Segundo o delegado, as aeronaves eram utilizadas na logística de distribuição da droga para todo o Estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná. O entorpecente era adquirido em locais como Ponta Porã, Corumbá, Cáceres (MT) e nas proximidades do Equador.
Após a apreensão, os carros foram levados para o pátio do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) daquele Estado e as aeronaves levadas para Itu, no interior paulista. João Marcos e Marcos Júlio responderão por tráfico de drogas, associação para o tráfico e formação de quadrilha.
Chefe do grupo
Conforme Marco Antônio de Paula, a quadrilha estava sendo monitorada desde o início do ano e em maio foi preso um dos maiores traficantes de São Paulo, Mário Sérgio Arias, o Panelão, de 53 anos. Contra ele havia um mandado de prisão, que foi cumprido durante fiscalização da Polícia Rodoviária Estadual, em Florínea, interior paulista. Na ocasião, ele estava acompanhado de uma filha menor de idade e portava maconha e crack para o próprio consumo.
Mesmo depois de preso, Panelão passou a comandar o tráfico de drogas de dentro do Presídio de Martinópolis, também em São Paulo. O comércio de entorpecente passou a ser feito pela filha, Jaqueline Arias, de 23 anos, e o genro, João Marcos Rolim. Jaqueline continua foragida.
“O Panelão é traficante há muito tempo, mas até 1999 ele tinha um patamar e desde então começou a crescer muito”, garantiu o delegado, explicando que sua prisão em maio retardou a investigação, que ficou em compasso de espera. “O ideal era que ele ficasse em liberdade para que nós pudéssemos acompanhá-lo”, esclareceu.
O traficante tem passagem pela polícia desde 1977 e já esteve preso em 1999.
Investigação
A Polícia Civil de São Paulo não descarta a possibilidade de pessoas de Mato Grosso do Sul estarem envolvidas com a quadrilha de traficantes. Sem revelar detalhes, o delegado Marco Antônio disse apenas que mais quatro mandados de prisão já foram expedidos e devem ser cumpridos nos próximos dias. “O trabalho de investigação não terminou. Tem muita coisa para ser feita”, afirmou o diretor do departamento.
A partir de agora as investigações contarão com apoio das polícias de Mato Grosso, Minas Gerais e Paraná.