Enquanto muitos motoristas reclamam dos transtornos que os buracos causam, os borracheiros de Campo Grande estão aproveitando a situação precária das ruas da cidade para lucrar, e muito.
“Esse mês foi o melhor mês de venda de pneus novos", conta o borracheiro Junior do Pai, de 30 anos, que tem ponto na Avenida Ernesto Geisel, no bairro Cabreúva. Ele trabalha há 10 anos na área e chega a atender, em média, 30 pessoas por dia.
Ainda segundo Junior, os clientes chegam reclamando dos prejuízos devido às más condições do asfalto, principalmente nas avenidas Mato Grosso com Calógeras, Bandeirantes com 26 de Agosto, Ernesto Geisel e Tamandaré.
Enquanto a reportagem estava na borracharia, o motorista Paulo Willian de Souza, 33 anos, chegou pedindo a troca da roda e dos pneus do carro, que haviam amassado e furado em um buraco na avenida Euler de Azevedo.
“Campo Grande só tem buraco, está ficando difícil transitar na Capital”, comenta o proprietário do veículo.
Paulo Sérgio, 54 anos, há 30 anos borracheiro, atende na esquina da rua 15 de Novembro, e conta que geralmente recebe até 3 pessoas que chegam reclamando de problemas causados por buracos. "Quando chove e os buracos aumentam, o número sobe para 15 a 20 clientes por dia", ressalta Paulo.
Outra vítima da "buraqueira", Leonardo Carriço, transitava na Rua Mato Grosso com Pedro Celestino, na noite desta terça-feira (15), quando, ao passar por um buraco, teve os dois pneus direitos (dianteiro e traseiro) rasgados. Por pouco o transtorno não virou acidente, já que o motorista não podia desviar do buraco pois a via estava cheia de carros, no horário de pico.
“Pagamos impostos e mais impostos para ter asfalto de qualidade e segurança, mas em vez disso, só temos buraco. Não recebemos retorno da administração, fica o prejuízo material”, relata, indignado, Leonardo.
Na região, outro buraco, na rua Mascarenhas de Moraes, tem feito dezenas de vítimas por dia. Segundo comerciantes locais, em uma semana, cerca de 18 pessoas tiveram os pneus destruídos por conta deste buraco. A prefeitura foi acionada pelos lojistas da região, mas até o momento nada foi feito.
Ricardo Marcelo, 40 anos, trabalha como borracheiro há 22 anos e diz que a falta de qualidade do asfalto da Capital é o que causa esse transtorno: "Quando chove o asfalto cede e os buracos aumentam ainda mais, chego a atender uns 10 clientes por dia em época de chuva".
TAPA-BURACOS
Com a suspensão do pagamento a empresa e fornecedores da prefeitura pelo prazo de 90 dias, as empreiteiras que tapavam os buracos da cidade não executam mais o trabalho.
Para diminuir a "buraqueira" no asfalto, a prefeitura tem usado equipes próprias da Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação (Seintrha) para realizar o serviço. No entanto, em razão da quantidade reduzida de trabalhadores e caminhões, o trabalho é lento.