anahi zurutuza
Pelo menos 3 mil presos de Mato Grosso do Sul têm grandes chances de voltar a oferecer risco à sociedade quando ganharem a liberdade. O Estado tem, hoje, população carcerária de 9.616 detentos e, segundo a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciária (Agepen), destes, somente 4.739 estão exercendo algum tipo de trabalho de (remunerado ou não). Conforme estudos feitos pelo Ministério da Justiça, de 75% a 80% dos ex-presidiários que não passam por medidas de ressocialização, durante o período em que cumpriram pena, voltam a cometer crimes quando soltos.
Segundo o diretor-presidente da Agepen, coronel Deusdete Souza de Oliveira Filho, por conta do preconceito e a falta de informação do empresariado do Estado a oferta de vagas fica limitada. Para Deusdete, a ressocialização é o caminho mais seguro e eficaz para diminuir os índices de reincidência criminal. “A pessoa que fica anos presa sai sem qualquer perspectiva de vida e volta para o crime. O estudo e a profissionalização dentro dos presídios podem dar melhor condição para o ex-detento levar a vida dentro da lei”.
Nos presídios do Estado, a Agepen tem parceria com empresas privadas, artesanato, costura de bolas e roupas. Presos trabalham, também, no empacotamento de alho e embalam velas. Algumas das unidades ainda mantêm marcenaria, padaria, serralheria, cozinha industrial.
No Instituto Penal de Campo Grande (IPCG), 500 dos 846 presos trabalham e 268 estudam. “A gente tem que pensar que se não fizermos nada para mudar a realidade deles, nós mesmos vamos arcar com as consequências depois. Eu costumo dizer que o único preso que é muito difícil, para não dizer impossível, de se reabilitar é o que está envolvido com o crime organizado, porque lá fora ele não vai querer ganhar dois salário mínimos. Mas qualquer um, se quiser, pode viver com dignidade quando sair daqui”, afirma o diretor da unidade, Tarley Barbosa.
Benefícios
A Lei de Execuções Penais determina que empresas privadas que contratarem presidiários paguem aos funcionários, pelo menos, três quartos (3/4) do salário mínimo (R$ 510). Além disso, não existe vínculo empregatício entre detentos-trabalhadores e empresa, por isso, os empresários não têm de arcar com os encargos sociais. “São inúmeras vantagens para o empesariado e para a sociedade”, afirma Deusdete.
Segundo o diretor da Agepen, apesar de estar abaixo do esperado, Mato Grosso do Sul está acima da média nacional no que diz respeito a presos que trabalham. “Hoje, 51% dos nossos internos trabalham, enquanto a média do Brasil é de 30%” .
Serviço: Empresas que estiverem interessadas na mão de obra de presidiários podem procurar a Agepen pelo telefone 3901-1330.