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Parto pelo mundo

Três mulheres contam a experiência de dar à luz em países estrangeiros e confirmam

Três mulheres contam a experiência de dar à luz em países estrangeiros e confirmam

IG

09/03/2011 - 03h22
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Giovanna e a mãe, Andreia: 25 horas em trabalho de parto nos EUA
Se você pudesse optar entre o parto normal e a cesárea, qual escolheria? A esteticista Andreia Pellegrino, de 29 anos, preferia o parto normal para ter sua filha Giovanna, hoje com seis anos. No Brasil, recordista mundial em número de cesarianas, é difícil encontrar uma mulher com a mesma preferência de Andreia. Mas ela tinha uma razão a mais para tal: enquanto aqui no Brasil, na rede particular médica, a porcentagem de partos realizados por cesariana é de 84%, nos Estados Unidos esse número diminui para 32%. E Andreia vive na terra do Tio Sam há dez anos.

“Minha cabeça ficou muito ligada em deixar tudo acontecer naturalmente. Aqui todo mundo está mais acostumado a essa atitude”, conta a brasileira radicada nos Estados Unidos. Andreia manteve a determinação por toda a gestação – que acabou durando 42 semanas, quando a média normal é dar o bebê à luz na 38ª. “A Giovanna ficou no limite do limite dentro da minha barriga”, diz. E Andreia ficou no limite do limite da duração de um trabalho de parto: 25 horas.

“Os turnos das enfermeiras começavam e terminavam e eu continuava lá. Quando minha médica apareceu, eu disse a ela que não aguentava mais”, conta. Só aí o plano do parto normal foi por água abaixo e Andreia teve de fazer uma cesariana. Ela responsabiliza a falta de acompanhamento médico adequado: “segundo o pré-natal, minha filha estava com pouco mais de três quilos, quando na verdade ela tinha mais de quatro e eu sou muito pequena. Durante as duas últimas horas do trabalho de parto, ela nem se mexeu”. Com isso, Andreia passou a primeira semana pós-parto no hospital, sentindo muita dor na região do corte. “Não sei se meu bebê era muito grande ou se realmente os médicos de lá não tinham tanta experiência com a cirurgia como existe no Brasil”, questiona.

Implorando pela cesárea

A experiência de ter um filho na Itália deu à fisioterapeuta Renata Peres, de 39 anos, uma certeza: a experiência com cirurgia entre os obstetras de lá é bem escassa. Morando na província de Pordenone há três anos, ela engravidou em 2007. “Não era planejado, e eu não consegui voltar para o Brasil a tempo para dar Laura à luz aqui. Como em toda a Europa a tendência é passar pelo parto normal, eu queria voltar”, diz. Renata já havia passado pela primeira gravidez e teve dificuldades na hora do primeiro parto – cesárea, pois ela não teve nenhuma contração ou dilatação. E não queria de jeito nenhum ter o segundo bebê por parto normal.

“Lá eles são contra a cesárea e estimulam o parto normal por até dois dias. Eu tinha medo de correr o risco de perder o filho”, explica Renata. Com isso, ao saber da gravidez, procurou por um ginecologista particular para realizar o pré-natal. Como ele não poderia fazer o parto, escreveu uma carta aos médicos da saúde pública italiana explicando o histórico dela. Somente por esta razão a cesárea foi realizada. Mas eles tentaram convencê-la a encarar o parto normal até o dia do nascimento de Laura: “Eles achavam frescura fazer cesárea. Eu já estava entrando na 39ª semana e não dava mais para esperar. Só aí autorizaram”. Mas foi uma experiência traumática para a mãe.

Itália arcaica

“O protocolo seguido por lá foi de uma mentalidade arcaica”, diz Renata. A sonda foi colocada a sangue frio e se passaram intermináveis 40 minutos até ela ser levada à sala de parto. Laura nasceu em 25 minutos e chegou ao mundo muito bem. Mas, segundo ela, as preocupações com o bebê não são proporcionais ao cuidado com a mãe: “Depois de aplicar a anestesia, eles querem tirar o bebê o mais rápido possível da barriga. E eles não gostam de dar muita anestesia, então no final do parto eu tive que pedir por mais”.

Mesmo depois de dar à luz, Renata teve mais um pouco de sofrimento: “com a cesárea, você fica cinco dias de repouso no hospital. Eles só me deixaram comer depois do segundo dia. Até lá, só recebi soro”. A razão alegada era a possibilidade de sentir ânsia, vomitar e, com isso, estourar os pontos da cicatriz na barriga. “É totalmente fora da realidade, eu senti muita fome”, diz. Depois de voltar pra casa, os problemas continuavam. A cicatriz deixada pelo parto acabou inflamando e, além de muita dor, ela começou a ter febre. “Eu certamente havia pegado uma infecção. Mas quando voltei à maternidade, disseram que era reação dos pontos internos e não me deram antibiótico”, conta.

Após voltar ao hospital quatro vezes – e não receber nenhuma ajuda pela infecção –, Renata teve 41 graus de febre e recorreu novamente ao ginecologista particular. “Quando ele viu, confirmou: eu poderia ter tido uma infecção generalizada”, diz. Com a receita do antibiótico em mãos, em três dias ela já estava melhor. “Jamais teria filho na Itália novamente. Quando voltei ao Brasil, a minha ginecologista afirmou que esse protocolo era seguido quando ela se formou na universidade. E ela tem 60 anos”, explica.


Acolhimento francês

Já na França, a professora de francês Maria Cecília Meira Moreira, de 45 anos, teve uma experiência completamente diferente. Aos 32 anos, morava na cidade de Tours com seu marido e engravidou de Maria Theresa, hoje com 13 anos: “Eu fiquei um pouco aflita no começo, porque não sabia se me sentiria bem acolhida com o tratamento do médico, mas o sistema de seguro social francês dá muito apoio e me surpreendi”. Segundo ela, foi possível ficar de repouso por uma semana na clínica onde deu à luz pela primeira vez – caso bem raro para um parto normal sem dificuldades, como foi o seu.

Maria Theresa nasceu em três horas. A cesárea só seria realizada se fosse para assegurar a saúde da mãe ou do bebê. Como ela já preferia o parto normal, não teve problemas: “Eu acho uma loucura aqui termos a preferência pela cesárea. A mulher melhora com muito mais rapidez depois de um parto normal”, opina.

Embora não tenha tido filhos no Brasil, Cecília sabe da atmosfera de calor humano em torno de uma gravidez aqui. “Os médicos brasileiros ligados à ginecologia são muito mais afáveis, conversam, estão mais ao seu lado do que lá”, conta. Para ela, um tratamento caloroso sem dúvida é melhor. E não foi somente na França que a professora sentiu falta deste lado brasileiro de ser: quando engravidou pela segunda vez, agora nos Estados Unidos, ela sofreu com a impessoalidade médica. “No pré-natal, cada vez eu via um médico diferente. Na hora do parto, veio uma médica que eu nunca tinha visto”, diz. E a médica desconhecida fez o parto de Camila, hoje com nove anos.

Indiferença médica e atenção financeira

Andreia confirma a falta de atenção experimentada por Cecília nos Estados Unidos. “A minha médica nunca chegou a passar um número de celular e as enfermeiras ficam muito mais perto de você na hora do parto do que o médico mesmo”, conta. Ela tem um ginecologista na família no Brasil e define a diferença: “aqui, o médico não perde muito tempo com você”. Por outro lado, ela contou com um programa do governo para quem tem baixa renda e não pagou por nada durante a gravidez. “Pude escolher entre diferentes clínicas para o pré-parto, e o governo cuidava da parte financeira”, explica.

Na França, Cecília passou pelo mesmo e o seguro social do governo cobriu os gastos. Renata, na Itália, acabou pagando por um médico particular durante toda a gestação, mas na hora do parto foi para uma maternidade pública, para ter o filho com o médico de plantão – como nos Estados Unidos. “O hospital público da Itália parece o hospital particular daqui”, afirma. “Mas, segundo meu ginecologista de lá, os médicos italianos vêm ao Brasil para fazer curso de cesárea. Os ginecologistas e obstetras daqui são muito bem vistos lá fora”, completa.

Vinho X calor brasileiro

Renata não pôde contar com a presença do marido na sala de parto. O protocolo italiano não permitia acompanhantes. “Isso me deixou bem frustrada. Aqui, eles encorajam a presença do marido. Faz bem para a mãe”, compara. Já na França, a mãe de Cecília estava presente na clínica durante o parto e pôde ver a filha logo após o nascimento da neta. “Eles até ofereceram vinho para ela, em vez de água”, relembra.

Hoje, Cecília teria filhos novamente na França – mas não sairia do Brasil para isto: “Eu teria um ótimo atendimento aqui”. Andreia também não hesitaria em ter outro filho nos Estados Unidos. Mas já encontrou o equilíbrio perfeito entre o calor nacional e a estrutura estrangeira. “Hoje em dia eu conheço uma médica brasileira e a indico para todo mundo. Ela passa o telefone da casa dela, responde todas as perguntas e dá muito mais atenção que os médicos daqui”.

Cidades

Na Argentina, grande explosão em complexo industrial deixa ao menos 24 feridos

Ao menos cinco empresas foram atingidas pelas chamas

15/11/2025 16h00

Foto: Ministério de Segurança da Argentina

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Uma explosão em um complexo industrial na cidade de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, na noite da sexta-feira, 14, deixou pelo menos 24 pessoas feridas. Não havia confirmação de mortos até o fechamento deste texto.

Vídeos da tragédia mostram trabalhadores correndo do local que aconteceu a explosão, onde funcionaria uma fábrica de tintas e agrotóxicos.

Antes mesmo da explosão acontecer, um incêndio já tomava conta de uma parte do complexo industrial.

Ao menos cinco empresas foram atingidas pelas chamas; uma delas foi completamente reduzida a cinzas.

A explosão aconteceu em local próximo ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, o maior terminal internacional aéreo da Argentina.

Uma das rodovias que dão acesso ao local foi fechada por precaução, enquanto cerca de vinte equipes de bombeiros trabalham na área.

Segundo o portal Infobae, entre os feridos estão duas pessoas que moram próximo ao local do incidente: um homem que sofreu um ataque cardíaco e uma gestante apresenta problemas respiratórios causados pela inalação de fumaça.

Trabalhadores do complexo filmaram o momento em que uma grande explosão de luz acontece seguida de um grande estrondo.

O momento foi também captado por câmeras de segurança próximas ao local da explosão e é possível ouvir a onda de choque.

Quem passava de carro também registrou o momento.

Além da grande coluna de fumaça cinza e laranja, é possível ver nas filmagens um poeira brilhante caindo sobre o local.

Segundo a prefeitura do município, equipes de Bombeiros, Defesa Civil, Forças de Segurança e Profissionais de Saúde estavam "trabalhando diante da explosão ocorrida no Polo Industrial de Spegazzini".

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Reajuste

Sem reposição salarial, dentistas da rede municipal decretam estado de greve em Campo Grande

Caso prefeitura não reajuste salários, nova assembleia pode determinar paralisação em 15 dias

15/11/2025 15h00

Foto: Reprodução / Sioms

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Ao menos 265 cirurgiões-dentistas que atuam na rede pública de Campo Grande decidiram, por unanimidade, decretar estado de greve e alertam para a possibilidade de paralisação parcial dos atendimentos caso a Prefeitura não cumpra decisão judicial referente ao reposicionamento do plano de cargos e carreiras, provisionado desde 2022.

A deliberação ocorreu neste sábado (15), durante Assembleia Geral realizada pelo Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms). 

A categoria afirma que o movimento é consequência do descumprimento, por parte da gestão municipal, do prazo judicial para efetivar o reposicionamento salarial determinado pela Justiça, decisão já confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde maio deste ano, a categoria busca reaver ajustes salariais que ficam entre 15% e 68%. 

O descumprimento da liminar que garante a progressão vertical da carreira foi considerado o estopim para a organização da assembleia, uma vez que, segundo o sindicato, os profissionais estão há três anos sem atualização salarial e a não regulamentação do auxílio-alimentação. 

“São três anos sem atualização salarial, a gestão não cumpriu a decisão sobre a regulamentação do auxílio alimentação, mas o estopim de tudo é o descumprimento da decisão judicial sobre reposicionamento de plano de cargos e carreira. Estamos abertos ao diálogo, mas nesse caso do plano de cargos e carreira não há o que questionar, pois decisão judicial não se questiona, se cumpre, e é isso que buscamos”, destacou o presidente do Sioms David Chadid, em nota. 

Neste momento, passa a vigorar multa diária de R$ 1 mil à prefeitura pelo não cumprimento judicial.

Segundo Chadid, a situação é um flagrante desrespeito aos profissionais e destacou que o sindicato está seguindo todos os ritos legais para defender os direitos da categoria. Chadid lembrou que o direito ao reposicionamento exigiu investimento dos profissionais em cursos e especializações, acumulando ao menos cinco anos de estudos.

Durante a assembleia, cerca de 100 dentistas relataram condições precárias de trabalho nas unidades municipais de saúde, incluindo compressores quebrados, falta de insumos básicos, como luvas e rolinhos de algodão, além da pressão crescente sobre os profissionais, fatores que, segundo o sindicato, impactam diretamente a qualidade do atendimento à população.

"O risco de paralisação existe, o objetivo da categoria não é parar, queremos conquistar as demandas já vencidas na Justiça, entretanto, o estado de greve existe justamente para sinalizar uma eventual paralisação, caso a prefeitura não cumpra com os reajustes", destacou ao Correio do Estado.

Cabe destacar que, neste momento, a assembleia aprovou apenas o estado de greve, enquanto os demais pontos, como paralisação de um dia, deflagração de greve por tempo indeterminado e definição do calendário de mobilizações, permaneceram abertos para deliberação futura, seguindo a Lei de Greve e orientação jurídica.

Conforme apurou o Correio do Estado, caso a prefeitura não cumpra com as obrigações, em aproximadamente 15 dias, uma nova assembleia deve oficializar a paralisação dos profissionais nas unidades de saúde da Capital. 

O sindicato informou que comunicará oficialmente o estado de greve ao município e à população. Caso a prefeitura siga sem cumprir a decisão judicial, a categoria afirma que será obrigada a interromper parcialmente os atendimentos odontológicos na rede pública, mantendo apenas cerca de 30% do efetivo, como prevê a lei. 

A decisão vale apenas para os dentistas sindicalizados. Os profissionais interessados em aderir ao estado de greve devem procurar o Sioms, destacou o presidente. 

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