Câncer no intestino. Este foi o diagnóstico recebido pela turismóloga Maria Lúcia Pires, de 51 anos, depois de vários mal-estares e de tomar uma série de medicamentos para as dores que sentia.
Em pouco tempo, ela passou por uma cirurgia e sessões de quimioterapia. Tudo isso durante a pandemia da Covid-19.
Isso porque a paciente foi diagnosticada com a doença há três meses, no auge da pandemia em Mato Grosso do Sul. Paulistana, mas moradora de Bonito, ela trabalhava em uma pousada na cidade turística do Estado.
Agora, vive reclusa em uma chácara na cidade e procura não receber visitas para evitar o contágio pelo vírus, já que ela seria uma paciente de risco para a Covid-19.
Durante esse tempo, Maria Lúcia, que faz as sessões de quimioterapia no Hospital do Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, já teve uma segunda notícia triste: depois da cirurgia e durante as sessões de quimioterapia, foi descoberta metástase no fígado.
A fé tem dado força neste período.
“Eu tive um período ruim, tive depressão, terminei um casamento de 19 anos e tudo isso me deixou muito mal. Procurei ajuda médica, fiz terapia e melhorei. Logo depois descobri o câncer, mas Deus me deu a oportunidade de estar aqui e vou aproveitar para evoluir”, declarou a paciente.
ROTINA
Segundo a turismóloga, depois da cirurgia, a irmã mais velha é quem cuida dela, já que passou dias bem debilitada.
“Estou morando com ela, porque depois da cirurgia fiquei dependendo de alguém para me ajudar e cuidar de mim. Agora, depois de algum tempo do procedimento, ela ainda me ajuda, principalmente quando tenho quimioterapia”, contou.
Como mora no interior, a paciente vem em uma van para receber atendimento. Segundo ela, tudo com muito cuidado para evitar o contágio por Covid-19. “Eles tomam todo o cuidado, sempre higienizam o assento e as portas, e mantemos o distanciamento”.
“Logo no começo [da pandemia] não tinha muita preocupação, mas depois que vieram as mortes, a evolução dos casos, tendo pessoas que você conhece que pegaram, tive mais medo e tomei muito cuidado, mesmo antes de descobrir o câncer. Usava máscara, mantinha o distanciamento”, declarou.
Para Maria Lúcia, a pandemia veio para que as pessoas “evoluíssem”. “Para que a gente se cuide e cuide de quem mais precisa. Veio para que nós enxergássemos o próximo”.
ATENDIMENTOS
De acordo com o Hospital do Câncer, no início da pandemia da Covid-19, as consultas e os exames diminuíram 30%. No caso das consultas, elas passaram de uma média mensal de 2.500 para 1.750, com o reagendamento das consultas de seguimento, que são aquelas em que o paciente já terminou seu tratamento e vem ao hospital de 3 a 6 meses depois para verificação.
Os outros tipos de consultas foram mantidos.
“O HCAA hoje é referência em tratamento de Câncer em Mato Grosso do Sul. O atendimento é feito 98% pelo SUS e atende pacientes vindos de várias partes do Estado e países vizinhos, como Paraguai e Bolívia”, declarou o hospital em nota.
Ainda segundo o hospital, as cirurgias oncológicas seguiram normalmente durante a pandemia, apenas as eletivas não oncológicas foram reagendadas, mas a partir de outubro serão retomadas.
“Os exames tiveram número reduzido no início da pandemia, mas agora estão voltando ao número de atendimento padrão. Os setores de radioterapia e quimioterapia não pararam, tratamentos seguiram normalmente, inclusive com novos tratamentos nesse período. Por mês são atendidos, em média, 800 pacientes”, explicou.