Grupo de lideranças indígenas do Estado se reuniu na manhã desta quinta-feira (28) em um protesto pacífico no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) para reclamar da situação da saúde nas comunidades indígenas. Uma das queixas do grupo é a suposta falta de informações sobre a vacinação contra a Covid-19.
Cerca de 100 indígenas requisitaram a presença do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, e do Secretário Especial de Saúde Indígena de Mato Grosso do Sul, Robson Santos da Silva. A Polícia Federal esteve no local para conversar com o grupo, mas alegou que não intervirá.
Na reunião, as lideranças pretendem pedir ao secretário Silva, a demissão do coordenador da Dsei, o coronel reserva Joe Saccenti Junior.
“É um coordenador autoritário, que não dialoga com as comunidades. Em plena pandemia, invés de reforçar o atendimento as comunidades indígenas, despediu funcionários nas aldeias no momento que mais precisávamos”, relatou o integrante da comunidade Terena e vereador de Dois Irmãos do Buriti, Eder Alcântara.
Ele explicou que além do difícil acesso às comunidades, os polos de saúde que atendem as aldeias estão em situações precárias e com falta de insumos. Segundo Alcântara, agentes de saúde foram demitidos sem justificativa.
“A vacina é uma ação a nível do governo do Estado e dos municípios. Em várias regiões invés de contribuir com a parceria, a Dsei deixou a desejar. Se não fosse os municípios que têm ligação nas aldeias, talvez ela não aconteceria. Então acreditamos que até agora essa coordenação não está conseguindo administrar, porque não conhece e não sabe lidar com o povo indígena”, disse.
O coronel da reserva foi nomeado em setembro de 2020 para ocupar o cargo estava vago desde agosto do mesmo ano, quando o então ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, havia demitido Eldo Elcído Moro.
Apesar do grupo de manifestantes terem informado que a Dsei tinha contatado os secretários para a reunião com os indígenas, Geraldo Resende alegou ao Correio do Estado que não foi informado sobre o protesto, e que dificuldades na Saúde das aldeias não foi repassada para a secretaria.
“Isso é responsabilidade de Dsei. Para nós, ele [Joe Saccenti] está falando que não está faltando nada. Nós nos colocamos a disposição da Dsei para podermos de fato trabalhar em conjunto, mas em nenhum momento foi discutido a falta de insumos”.
Resende ressaltou ainda que está a disposição para receber o grupo indígena. “Estou aqui na SES à disposição, atendendo todo mundo aqui a qualquer momento indistintamente. Se eles quiserem vir aqui, é só marcar horário”, finalizou.
Estão presentes na unidade três frentes indígenas, representantes das comunidades Terena, Guarani Kaiwa e Atyguasu.
“O coordenador fez agenda com ele [secretário Silva] em Dourados e Amambai, sendo que todas as lideranças de lá estão aqui para tentar falar com ele. Região norte e sul estão reunidos pela representação, nós temos dois de cada aldeia aqui, reivindicando nossos direitos”, alegou o terena Alcântara.
O grupo disse que enquanto o secretário não chegasse na Dsei para a reunião, eles não iriam embora. A reportagem entrou em contato com o coronel reserva Joe Saccenti, mas não obteve respostas.