A chegada de ventos Sul afastou a fumaça que incomodou moradores de Corumbá e Ladário por vários dias, onde está havendo queimadas em um raio de 6km a 12km do porto-geral do município.
Voos dos helicópteros e do Hércules C130, que estão dando suporte aéreo a força-tarefa que combate os focos de incêndio, também foram beneficiados com a nova direção dos ventos.
Mas ao Norte, no entanto, não se vê o horizonte e a planície pantaneira por conta da fumaça. Na região ocorrem focos em, pelo menos, cinco áreas.
Segundo o médico Rogério Leite, a região de Corumbá tem um aumento de 25% a 30% de doenças respiratórias, todos os anos neste período de seca e queimadas.
“A cidade fica coberta de uma nuvem de fuligem. Com dois eventos graves ao mesmo tempo [queimadas e pandemia da Covid-19], além da seca própria do período, a situação pode ficar complicada”, explicou Rogério.
Segundo a médica pneumologista, Eliana Setti Albuquerque Aguiar, a fumaça quando inalada provoca irritação das vias aéreas, principalmente porque ela contém materiais poluentes.
A população mais afetada são crianças e idosos, além de pessoas com problemas cardíacos. Mas isto, segundo a pneumologista, não significa que ela não agrida outras pessoas, mesmo estando saudáveis.
“Quanto mais perto da fuligem, maior é o perigo. Inclusive para os bombeiros e os agricultores que moram próximo aos locais dos incêndios”, apontou Eliana.
De acordo com a médica, a fuligem pode bloquear o sistema de filtragem do ar, que são os pelos das narinas. Este bloqueio, popularmente chamado de nariz entupido, leva as pessoas a respirar pela boca, que pode levar o ar poluído diretamente para os pulmões.
Não há como se prevenir contra as queimadas, mas existem formas de se proteger contra as doenças respiratórias.
A médica pneumologista recomenda o uso intermitente de umidificadores, principalmente onde há crianças. Beber bastante água e, se possível, se afastar de lugares afetados pelo calor do fogo.
Outras providências, de acordo com Eliana, é tomar cuidado para não colocar fogo em lixos e ficar atento às bitucas de cigarros.
“Mais do que nunca a população precisa ter consciência da situação que estamos enfrentando”, diz Eliana se referindo também a pandemia.
“É preciso ter o distanciamento social, usar máscaras e aguardar a vacina. São cuidados que podem salvar vidas, principalmente, das pessoas que moram nas regiões afetadas pelas queimadas”, concluiu a médica.