Uma mulher da Etiópia que sofreu estupro coletivo no Sudão não só foi impedida de fazer a acusação formal contra o crime, como também foi acusada de adultério, um crime que pode levar a pena de morte, segundo a ONG de defesa da mulher Strategic Initiative for Women in the Horn of Africa (SIHA).
Em 2013, quando estava grávida de três meses, a jovem foi estuprada por sete homens, ação que foi filmada por um deles e divulgada em janeiro deste ano.
Os homens e a vítima foram então identificados e presos inicialmente sob acusação de comportamento indecente, além de produção e distribuição de material indecente.
As acusações, no entanto, passaram a incluir também atos escandalosos, prostituição e adultério.
"A intenção de colocar a culpa na vítima é de grande preocupação e procura desviar e reduzir a responsabilização dos agressores, mas o mais preocupante é que a acusação de adultério traz consigo a sentença potencial de morte por apedrejamento", diz a SIHA em nota.
Além dos oito envolvidos, dois policiais também são acusados um por negligencia, por ter se recusado a abrir uma investigação do caso na época, e outro por ter compartilhado o vídeo.
O procurador-geral negou que a vítima abrisse uma acusação formal pelo estupro por estar sob investigação por outros crimes.
A jovem recorreu contra a decisão do procurador, que afirmou que ela deveria ter feito a acusação na época do estupro.
Mesmo no futuro, uma ação da jovem contra os estupradores teria poucas chances de ser efetiva, já que, no Sudão, é ilegal que pessoas sejam julgadas novamente com as mesmas provas de um julgamento anterior, ainda que a acusação seja diferente.
A mulher de 18 anos, grávida de 9 meses, está presa em condições precárias, segundo a SIHA.