O escritor André Alvez, 55 anos, sempre foi um apaixonado por contos. Mas, por algum motivo, percorreu diversos gêneros literários até que, enfim, decidiu reuni-los em uma única obra. Com o título de “O Olho Esquerdo” (Editora Patuá), Alvez traz 15 textos inéditos que abordam temas diversos, da liberdade a morte, em uma dinâmica que valoriza acima de tudo, o estado de espírito sul-mato-grossense do escritor. “Todos os textos são inéditos, eu tive a ideia de fazer esse livro após lançar ‘A Bruxa da Sapolândia’”, explica.
O livro lançado em 2018 é baseado no mito que se criou em cima de uma história real. Desta vez, os textos percorrem diversos temas. “Eu leio muitos contos e eu deveria ter feito isso antes. Eu comecei a escrever um conto, depois outro, levei cerca de um ano para escrever todos esses contos e quando eu passei esse
para o Eduardo Lacerda, da Editora Patuá, ele leu e gostou, e para mim foi gratificante, porque ele é uma pessoa muito seletiva, mas a editora dá chance para quem não é muito conhecido nacionalmente. E o livro está muito bom, as pessoas que começaram a ler gostaram”, frisa.
Esse é o quinto livro publicado pelo autor, que anteriormente se dedicou a dois livros de crônica e três de romance.
Escritor nato
Alvez relembra que as primeiras palavras escritas surgiram na juventude. “Sempre existiu esse desejo de escrever. Sou de um tempo antes do computador, então escrevi em caderno, em porta de banheiro, tinha aquela necessidade de escrever. Os textos me acompanham, uma cena que acontece na minha frente, transforma-se em texto na minha cabeça”, pontua.
Os livros surgiram com a popularização da internet. “Comecei a escrever em cadernos, diários, quando a internet ficou mais acessível, a primeira coisa que me veio foi que agora ficou bem mais tranquilo para lançar meus livros. Comecei a participar de grupos da internet, o pessoal gostava demais, um dia eu comecei a escrever para o Correio do Estado. O Correio do Estado foi muito importante para mim, porque me abriu portas”, frisa.
Agora, a proposta do escritor é romper as fronteiras do Estado e popularizar a escrita em outros pontos do País. “Ontem mesmo, um blog do Rio Grande do Sul fez uma matéria do livro. Eu estou em um momento muito bom. Sempre dizem que o melhor livro é aquele que a gente não escreveu. ‘O Olho Esquerdo’ é um livro que eu gostei bastante”, frisa.
Alvez explica que apesar do sentimento, mantém o carinho por todas as obras que já fez. “Quando eu escrevi a ‘Bruxa da Sapolândia’, eu tive muito trabalho para fazer, tinha pesquisa e envolvia algumas coisas sentimentais, porque eu fui criado na região, e eu criei toda uma história ficcional em cima dela. Tecnicamente, é o livro mais importante para mim. Mas esse de contos é um livro gostoso de ler”, pontua.
Dos 15 contos, 12 estão mais próximos do realismo fantástico. “É o que eu adoro escrever. Depois de ler muito, você acaba mergulhando no mundo do realismo fantástico. Isso acabou me levando a escrever muito sobre realismo fantástico. Aparece Belchior, Beatles, tantos outros assim, fantasmas aparecem. A morte narra um dos textos”, cita.
Além disso, o carinho por Campo Grande também aparece nos contos. “Eu sou muito campo-grandense raiz. Nasci aqui, vi a cidade crescer. Campo Grande está presente em meus contos, alguns dos textos se passa na Praça Ary Coelho, sempre deixo uma marca da terra registrada nos textos”, frisa.